Estava de bobeira, relaxando num riacho de águas rasas e cristalinas, que a alguns metros a frente, após seu caminho deliciosamente sinuoso, chegaria ao seu destino final, uma linda praia. Meu momento mágico de contemplação da paisagem e reflexão sobre a delícia do instante é subitamente interrompido pela voz alterada de uma avó que reclama com a netinha, de cerca de 2 anos, que acabara de bater na irmã mais velha por algum motivo bobo.
A avó, uma jovem senhora, que até poderia passar por mãe dela, gritava com a bebê, que ria em desdém da bronca. O tom da conversa me fazia pensar que ambas tinham a mesma idade. O fato é que a atitude da menininha estava deixando a avó cada vez mais irritada. Seus dedos em riste movimentavam-se mais intensamente, até que veio a previsível, barulhenta e desnecessária palmada. Seguiu-se das palavras raivosas: 'você não pode bater na sua irmã, está ouvindo?!".
Em seguida, choro e mágoa. Do lado de cá, angústia e suspiros.
Pergunto: como ensinar a não bater, batendo? Como ensinar a não-violência, violentamente?
Parece que alguma coisa não faz sentido.
Parece que alguma coisa não faz sentido.