sexta-feira, novembro 25, 2011

25 de Novembro - Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher



25 de Novembro é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

O Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia das Nações Unidas convida à todas e todos a participarem da Campanha #DigaNão à Violência Contra as Mulheres e Meninas nas Redes Sociais.

Esta iniciativa deve ser entendida como uma ação de toda a sociedade brasileira, comprometida com os valores e princípios dos direitos humanos e com o enfrentamento à violência contra a mulher.

Dados sobre a violência contra a mulher

Entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres morreram vítimas de homicídio – índice de 4,2 assassinadas por 100 mil habitantes. Isso corresponde ao assassinato de 10 mulheres por dia no Brasil. Elas morrem em número e proporção bem mais baixos do que os homens (92% das vítimas), mas o nível de assassinato feminino no Brasil fica acima do padrão internacional. As taxas de assassinatos femininos no Brasil são mais altas do que as da maioria dos países europeus, conforme o Mapa da Violência 2010, cujos índices não ultrapassam 0,5 caso por 100 mil habitantes, mas ficam abaixo de nações que lideram a lista, como África do Sul (25 por 100 mil habitantes) e Colômbia (7,8 por 100 mil).

Una-se pelo Fim da Violência contra as Mulheres

A campanha do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, UNA-SE pelo fim da violência contra as mulheres, convoca os governos, a sociedade civil, as organizações de mulheres, os jovens, o setor privado, a mídia e todo o Sistema ONU para unir forças na erradicação do fenômeno global da violência contra as mulheres e meninas. Saiba mais em www.onu.org.br/unase.


O Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia é uma parceria entre seis agências do Sistema ONU e o governo federal brasileiro, com apoio do Fundo para o Alcance dos Objetivos do Milênio, criado pelo governo espanhol. Sua missão é contribuir para a incorporação dos princípios da equidade de gênero, raça e etnia, transparência e inovação na gestão pública e para o fortalecimento da participação social nas políticas de desenvolvimento humano.

segunda-feira, outubro 31, 2011

Pausa musical

Na linha do 'a vida necessita de pausas', mudamos a rotina para irmos ao show 'Elas cantam Chico', em que Elba Ramalho, Daniela Mercury, Paula Lima e Margareth Menezes interpretam o grande compositor. A noite não parecia propícia para saída, despencou um temporal e o terminal do BB negou-se a entregar as notas que pedi, mas como brasileiro não desiste nunca, enfrentamos o temporal e, após trecho de carro, trecho de táxi, trecho sob a água, trecho de acotovelamentos entre o povo tentando entrar e os cambistas tentando vender desesperados seus ingressos, conseguimos chegar. E então tivemos a oportunidade, compartilhada com alguns milhares de pessoas, de assistir a um show inesquecível e de ouvir de Margareth as duas interpretações mais belas e profundas de Cálice e Geni e o Zeppelin. Incrível!!

terça-feira, outubro 11, 2011

Nota sobre quadro do programa Zorra Total da TV Globo

Tenho lido em vários meios e ouvido nos vários espaços que frequento comentários discordantes, geralmente cínicos, irônicos e maliciosos, sobre críticas feitas a propagandas e programas que exploram a imagem feminina, que a vulgarizam, que contribuem para a manutenção de estereótipos como o da mulher-objeto, da mulher-burra, da mulher-submissa, da mulher-feita-para-servir-ao-homem. Muitas vezes as críticas baseiam-se em argumentos falaciosos como o de que há coisas mais importantes com que se preocupar.

Fosse assim, imagino que enquanto houvesse fome no mundo ninguém deveria pensar em comprar roupas ou fazer viagens; que enquanto não se resolver o problema da educação no Brasil não poderíamos falar em desenvolver o esporte. Mas, felizmente, não é assim que as coisas funcionam. Ou não é assim que devem funcionar. Há gente suficiente para se cuidar de cada questão que mereça ser pensada, melhorada, corrigida... Basta se transformar em um querer, uma prioridade.

Quanto ao combate ao sexismo, ao racismo, a qualquer tipo de desigualdade, não deveria ser uma luta feminina, de negros, e sim um esforço compartilhado, pois uma sociedade justa é uma sociedade melhor para todos.


Segue abaixo nota disponível no site da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do governo federal, a fim de esclarecer o episódio em relação ao Zorra Total (que por sua exploração repugnante do corpo feminino, já faz tempo aboli de minha lista de programas, assim como Pânico na TV e outras que me soam ultrajantes)


Noticias divulgadas nesta quinta-feira, 6, por vários veículos nacionais de comunicação, informam sobre um hipotético pedido desta Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SPM), dirigido à Rede Globo de Televisão, para que retire do ar um dos quadros de humor do programa Zorra Total.

A Secretaria esclarece que em nenhum momento dirigiu qualquer solicitação desta natureza para a emissora de televisão.

No dia 29 de setembro, a sub-secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Aparecida Gonçalves, enviou uma nota de apoio à Secretaria de Assuntos das Mulheres do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que protestavam contra o referido quadro do programa.

Em Carta Aberta à População de São Paulo, as trabalhadoras do Metrô afirmaram que o quadro, que apresenta as personagens chamadas Valéria e Janete, banaliza o assédio sexual, problema enfrentado com frequência por mulheres que utilizam o transporte público coletivo.

Na nota, a secretária afirma: “Parabenizamos a iniciativa e endossamos a necessidade de debater e ações como esta, que visam desconstruir discursos de uma cultura que, até mesmo camuflada de humor, perpetua a violência simbólica contra as mulheres”.

É prática da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, desde a sua implantação, se solidarizar com manifestações que contestem todas as formas de banalização da condição da mulher.

A Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres reafirma a importância deste debate, e de forma especial nos meios de comunicação de massa, pois eles são importantes instrumentos de formação da sociedade.

Brasília, 06 de outubro de 2011
Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres


Site: www.sepm.gov.br
Link para a matéria: http://www.sepm.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2011/10/nota-sobre-quadro-do-programa-zorra-total-da-tv-globo

sexta-feira, setembro 09, 2011

Vivendo e aprendendo

Coisas que a filhotinha tão precoce já aprendeu nesses 11 meses de vida:

- Impenetrabilidade, uma das propriedades gerais da matéria - ou seja, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço - se vê algo apetitoso já tira imediatamente a chupeta da boca.

- Lei de Avogadro - Um aumento do número de partículas implica o aumento do número de colisões - substitua-se partículas por amiguinhos na creche e imagine o resultado: bracinhos mordidos, cabelinhos puxados, tombos, empurrões e quedas.

- Na creche, também aprendeu acerca dos fundamentos da Terceira Lei de Newton, a Lei da Ação e Reação: A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade. Também já notou inconsistências nessa Lei, que deveriam ser levadas aos Congressos Internacionais, pois são capazes de alterar seu próprio status de lei: foram encontradas exceções!! Pasmem!! Nem sempre a intensidade da reação é a mesma da ação inicial!!

- A natureza é econômica em todas as suas ações (Malpertuis, 1744, suas ideias contribuíram para a posterior formulação do Princípio da Mínima Ação ou do Menor Esforço) - se o desejo é ir de um lugar para o outro e há alguém por perto, por que engatinhar? Basta reclamar com uma cara pidona que logo se consegue um transporte gratuito, no aconchego do colo, para qualquer lugar da casa. Aliás, isso contribuiu para o MEU aprendizado acerca da Primeira Lei de Newton, o Princípio da Inércia - Um objeto que está em repouso ficará em repouso a não ser que uma força resultante aja sobre ele ou, por outro lado, um objeto que está em movimento não mudará a sua velocidade a não ser que uma força resultante aja sobre ele. No caso, EU tenho que fazer a força!!



- Quem não chora não mama – lei universal amplamente conhecida desde os primórdios da humanidade, prescinde de comentários adicionais

terça-feira, agosto 23, 2011

10 anos e 10 meses


Esse é um mês especial. Tenho uma filha de 10 anos. E outra com 10 meses.
A situação é desafiadora e igualmente mágica e nunca mais irá se repetir. Não posso prescindir de fazer o registro histórico das muitas coisas que aconteceram nessas primeiras semanas de agosto.

A de 10 anos começou a fazer aulas de inglês. A de 10 meses comeu uma minhoca.
A de 10 anos ganhou um cachorro e está aprendendo a cuidar dele. A de 10 meses entrou na creche e passou bem o período de adaptação.
A de 10 anos está gostando de um menino da escola. A de 10 meses está sofrendo com o nascimento de seu quarto dentinho.
A de 10 anos colocou aparelho. A de 10 meses perdeu a chupeta preferida.
A de 10 anos foi a festas todos os últimos fins de semana. A de 10 meses acordou de três em três horas todas as últimas noites.
A de 10 anos começou a usar meus sapatos. A de 10 meses comeu um de meus sapatos.
A de 10 anos quer dormir e acordar tarde. A de 10 meses quer dormir e acordar cedo.
A de 10 anos não quer desgrudar de seu Nintendo DS, está preocupada com seus Puffs e com a decoração de seu iglu no Club Penguin. A de 10 meses faz uma dancinha quando nos entrega alguma coisa em mãos e gosta de ouvir (e dramatizar) Meu Pintinho Amarelinho.
A de 10 anos curte Justin Bieber, Selena Gomez, Drake and Josh e I-Carly. A de 10 meses se amarra na Dona Aranha.
A de 10 anos não gosta de ser contrariada. A de 10 meses também não.
A de 10 anos acha que tudo é pagar mico. A de 10 meses lambe a parede do restaurante.
A de 10 anos está fazendo operações com frações. A de 10 meses se diverte atirando objetos diversos no chão.
A de 10 anos fez um lindo cartão no dia dos pais e assinou pelas duas. A de 10 meses descobriu como fazer bocas e bicos divertidos.
A de 10 anos dá boa noite e diz que nos ama. A de 10 meses sorri seu sorriso quase banguela, dá seus gritinhos e estende seus bracinhos.
As duas gostam de abraços!


segunda-feira, agosto 01, 2011

Não há silêncio que não termine


Acabei de ler nesse fim de férias o livro-relato de Ingrid Betancourt sobre os seus seis anos e meio de cativeiro na selva amazônica, como refém das FARC. A leitura levou meses. Quando comecei minha filha acabara de nascer, terminei às vésperas de seus 10 meses. Isso porque não me foi possível fazer uma leitura contínua e regular, precisava de pausas, que duravam semanas ou meses, pois não era todo dia que eu tinha a coragem de conhecer e compartilhar dos detalhes sombrios dessa história real e cruel.

Pessoas que de repente foram privadas de suas vidas, apartadas bruscamente de suas famílias, seus trabalhos, suas casas e desprovidas de qualquer conforto e, pior, submetidas a tratamento desumano e degradante, sob todos os aspectos físicos, psíquicos, sociais e morais. E o pior sob a desculpa de ser um movimento revolucionáro, de libertação do povo. Pura balela!! Me surpreende e me enoja saber que há gente que ainda defenda um movimento com essas características, que se chama de social, mas que é puro terrorismo.

Dormindo em abrigos improvisados, muitas vezes sob chuva, nem sempre protegidos, numa mata inóspita em que não faltavam mosquitos, carrapatos, formigas, aranhas, que invadiam seus espaços e aumentavam sua tortura. Mal alimentados, não raramente adoeciam e nem sempre tinham o adequado e necessário tratamento. Obrigados a fazer caminhadas que duravam semanas e até meses para mudar de acampamento e restringir o risco de serem descobertos pelo exército colombiano, viam seus corpos sofrer em feridas, bolhas e pústulas e seguidamente definharem. Muitas vezes amarrados por correntes, presos pelos pescoços como animais, observando impotentes seus pertences serem subtraídos pela guerrilha, impedidos de conversar uns com os outros, vestindo farrapos, obrigados a fazer suas necessidades em lugares inóspitos, muitas vezes em frente uns dos outros, ameaçados de morte.... enfim, uma infindável lista de horrores impossível de resumir e que simplesmente me impede compreender como esses homens e mulheres conseguiram manter-se fortes para continuar lutando pela vida, como venceram o desejo de entregar-se e deixar-se levar...



É um livro lindo, muito bem escrito, que contém não apenas uma história, mas várias histórias de vidas que se cruzaram em um momento peculiar e penoso e inacreditavelmente tão perto de nós. Um livro que fala do sofrimento, da angústia, da dor, do medo e da fome, mas também da fé, da esperança, do amor, da família, do que é essencial e do que é supérfluo ao humano. Faz a gente repensar nossa vida, nossos valores, nossas prioridades. Certamente vale a pena ser lido.

domingo, julho 31, 2011

Primeiras palavras

Primeira vez é sempre uma emoção. Seja o que for. Ouvir as primeiras palavrinhas de um filho... põe emoção nisso!!

Esse nono mês foi de muitas realizações. Começou a engatinhar, firmar-se melhor de pé, aprendeu a abaixar para pegar objetos e também falou suas três primeiras palavrinhas, exatamente nessa ordem:

1) au-au. Palavra que designa os cachorros, como já devem ter presumido, mas também todo e qualquer outro animal que tenha quatro patas, de ovelhas a dinossauros, passando por camelos e girafas.

2) Abb. A pronúncia é seguida por um bico, que dura uns 2 a 3 segundos, simplesmente hilário. Aprender essa palavrinha, que se refere à 'água' é simplesmente uma questão de sobrevivência aos bebês brasilienses. Nesse início de seca, em que a umidade já começa a baixar dos 30% não dá para ficar confiando na memória dos pais!

3) Por fim, a tão esperada: 'ma-ma'!! Que depois percebi significa tanto 'mamãe', quanto 'mamar', o que me deixou na dúvida se ela entende a diferença entre um e outro, ou se para ela ainda são sinônimos, o que de qualquer forma não deixa de ser bom.

Amanhã a queridinha vai começar sua vida escolar. Com a saída da babá, vai ser institucionalizada em um berçário. Tadinha! Confesso que esse não é exatamente o meu ideal de vida para um bebezinho, gostaria muito que ela pudesse ficar em sua casa, no seu cantinho, com suas coisinhas. Entretanto não vivemos mesmo em um mundo ideal, então dentre as possibilidades que nos apresentavam, consideramos que era a menos pior. Felizmente pudemos escolher uma creche muito legal, que está há muitos anos em funcionamento na cidade e parece contar com bons profissionais. Agora só nos resta esperar que ela seja muito bem cuidada e viva bons momentos por lá.

Boa sorte, fofuchinha!!!

quinta-feira, julho 14, 2011

Infância e paz

"A infância é o chão sobre o qual caminhamos o resto de nossos dias".
Lya Luft


Estava em cartaz na Câmara dos Deputados, e eu tive a oportunidade de visitá-la por três vezes, a exposição Infância & Paz, que nesta edição de 2010 abordou o terma "A importância dos Primeiros Laços entre o Bebê e os cuidadores".

Promovida pelo Senado Federal, que instituiu a Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura de Paz, e com o apoio da Rede Primeira Infância, instituições da sociedade civil e o patrocínio da Petrobrás, a exposição era um convite explícito e emocionado à reflexão sobre a importância do vínculo, do afeto e do amor na constituição neurológica, psíquica e social do ser humano e sobre a situação, tantas vezes vulnerável, das crianças brasileiras.

Não preciso dizer que, nas três vezes que por lá, chorei.

Passei e viajei por cada fotografia, por cada pintura reproduzida em grandes pedaços de pano, que pendiam por pregadores, como num cotidiano e conhecido varal de histórias, pensamentos, fatos, reflexões, rostos, corpos e poemas.

Sim, chorei todas as vezes, porque não tinha como evitar. Pensava na minha filha, em todo o amor que tínhamos para oferecer a ela, no como era gostoso ficarmos juntas, rosto com rosto, coração com coração e não conseguia entender porque não poderia ser assim, sempre. Com cada criança que nascesse nesse mundo.

Segue um pouco do que vi:












"A importância do carinho é evidente desde o nascimento. Depois que o bebê passa nove meses no aconchego do ventre, com casa, comida e calor, o sistema que informa ao seu cérebro sobre carícias na pele funciona como um poderoso "detector de mãe"

Não receber carinho, portanto, é sinal para a criança de que ela não tem por perto nem mãe, nem outra pessoa que ofereça cuidados e segurança.

Se os 'detectores de mãe' não são ativados logo após o nascimento, o cérebro interpreta a situação como um risco à vida e dispara o alarme, dando início a uma resposta generalizada ao estresse.
(Suzana Herculano Houzel)





















O Laço e o Abraço
(Maria Beatriz Marinho dos Anjos)

Vamos falar de laços e abraços?
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira,circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando...
Devargazinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo o que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode-se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, iguais meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

quarta-feira, junho 29, 2011

Correria

Os dias passam, as horas voam. O tempo é um bicho arredio que não me deixa domá-lo. A vida na cidade grande que tanto me encanta de repente me sufoca. Perdemos tempo no trânsito, procurando insanamente uma vaga, em filas variadas - na padaria, no supermercado, na entrada do elevador, na videolocadora, na lavanderia. Estou cansada. Sinto falta de encontros, de ócio, de ver a vida passar. Saudade de algo que não vivi. De tricotar sentada numa cadeira na varanda da frente da casa. De uma casa sem muro, num lugar qualquer que dispense muros. E grades. Onde só haja janelas e portas. Onde as pessoas cumprimentem-se sorridentes e se chamem pelos nomes, ou pelos apelidos. E façam comida em casa e presenteiem-se com bolos e quindins.

sexta-feira, maio 27, 2011

Sua

Você chegou em nossas vidas, que já pareciam completas, mostrando que não há limites para amor, nem para carinho, nem para família.
Seu olhar vívido, luminoso, tão atento a cada ponto ou movimento nos fez voltar a ver as infinitas belezas escondidas no óbvio - a tampa colorida do pote de café, o laço de fita do embrulho de presente, a mosca que pousa na mesa, o filete de água que escorre na vidraça.
Suas mãozinhas macias e tão pequenas transformam em teatro encantado cada gesto inocente de pegar, carinhar, bater na mesa ou apontar.
Sua vozinha aveludada, sem medida nem vergonha, permite brincar de silabar e gritar sem cerimônia.
Seus ouvidos rigorosos não deixam despercebido nenhum som ao seu redor. Tudo é música, tudo merece atenção. Torneira, chuveiro, pegadas, rangido de porta, farfalhar de folhas no jardim.
Seu sorriso espontâneo, aberto, sincero, acompanhado de mãos estendidas e gritinhos de alegria transforma o dia em tesouro, eterniza o instante, ilumina a nossa alma, rejuvenesce o espírito.
Filha minha, você foi querida e amada desde muito antes de existir, quando era somente uma ideia, um sonho, um desejo.
Hoje você é real, já não é mais minha, mas eu sou sua.

quarta-feira, abril 13, 2011

Rapidinhas 3

- Quem nunca desejou estrangular ninguém, que faça a primeira obra.

- Quem acha que homem fala pouco eh porque nunca morou perto de uma construção.

- Horarios da pirulitinha nas ultimas madrugadas: 0h, 1h15, 2h15, 4h, 6h22.

- Matematica da casa nova:

- 5 dias para a mudança
- 200 caixas para desembalar
- 400 m2 de chão para limpar
- 36(3x + 3000) reais para pagar. Melhor não pensar nisso.

- Que vontade de estar no show do U2!

- Que vontade de dormir uma noite inteira e só acordar às 10 horas da manhã seguinte.

- Que vontade de viajar para a Polinesia.

sábado, março 12, 2011

Vejo que ainda temos muito a evoluir como sociedade quando encontro algumas placas de aviso aqui na capital federal, cidade que deveria ser exemplo de civismo, educação e cidadania:

- Na porta de uma escola particular:

* Ao estacionar, favor ocupar apenas uma vaga.

- No banheiro de alguns shoppings e repartições:

* Dê descarga após o uso;
* Não coloque os pés no vaso sanitário;
* Não jogue absorventes e outros objetos no vaso...

- Nos gramados das quadras residenciais:

* Ajude a manter a quadra limpa, recolha as fezes de seu animal.

Na quadra onde morávamos, a prefeitura instalou várias lixeirinhas com pás e sacos plásticos para auxiliar o trabalho dos moradores. Precisa dizer que algum tempo depois não havia mais nenhuma pá para contar a história?


Eta povinho!!

terça-feira, março 08, 2011

Confabulações de fim de noite

Nossa, quanto tempo sem escrever por aqui! Minha rotina de mãe em tempo integral tem sido meio incompativel com atividades extracurriculares por assim dizer. Filhotinha é brava e não aceita compartilhar sua recém-descoberta mãe. Quer ficar o tempo todo grudada e não pretende desperdiçar tempo de convivência nem dormindo. Quando chega a noite, a pequenina até que se dedica ao repouso, bem como sua mãe, já totalmente desenergizada.

Nessa semana que passou ela completou 5 meses e comecei a introdução de novos alimentos em sua dieta. Já comeu algumas frutinhas e gostou. Hoje foi apresentada aos legumes. O entusiasmo não foi o mesmo, mas depois de alguma insistência aceitou comer metade do pratinho. Dormiu no meio da refeiçao. Quase no meio da colherada para ser mais exata.

Criança é assim - autêntica. Quando quer, dorme, quando quer, chora, quando quer, grita. Não está preocupada se vai incomodar o vizinho, a mãe, o irmão. Não está interessada em saber o que estarão pensando e como ficará sua imagem. Simplesmente age conforme seus desejos e vontades, que sabe exatamente quais são.

Às vezes, confesso invejar um pouco dessa atitude. Naqueles momentos em que me vejo perdida em meus pudores e constrangimentos e me sinto tão guiada pelas circunstâncias e fatos que nem consigo reconhecer quais meus verdadeiros desejos.

Sim, as crianças nos ensinam muitas coisas. Não apenas a ser pais. Mas também a ser gente. A ser adultos mais maduros e a resgatar a nossa infância escondida ou não vivida. Ao olhar por elas a gente acaba olhando para a gente e fazendo um esforço, conseguimos nos enxergar e, algumas vezes, até melhorar.

sábado, janeiro 22, 2011

Doce deleite

Minha filhinha completou três meses e meio e estou bastante interessada em perder os últimos e abominaveis quilinhos remanescentes da gravidez desregrada. Não preciso dizer que eles se encontram concentrados onde não deveriam, né? Subentende-se.

Notem que estar interessada nem de longe significa estar disposta. Ainda não sei se tenho realmente a expectativa de que essas gorduras - que definitivamente não pertencem ao meu corpo - simplesmente desapareçam, a despeito da quantidade irracional que como de doce a cada tarde. Tolice! Claro que tenho! Os preferidos são o doce de leite Viçosa (felizmente a ´ultima lata acabou) e nhá benta da Kopenhagen. Nao passo uma tarde sem um ou outro.

Nessa tarde de sexta-feira eu estava decidida a tomar vergonha na cara e controlar meus impulsos dulciferos. A cada vez que lembrava da vontade de comer doce bebia água. Estava enganando bem. Eram quase 18 horas e eu estava orgulhosa de mim mesma, da minha serenidade e autocontrole. Viu, não é tão difícil assim, dizia em pensamento para mim mesma enquanto amamentava meu bebê.

Comecei a ler a última edição da Vida Simples, revista deliciosa (tanto quanto um brigadeiro da Maria Amélia), e me deparei com a reportagem 'Doce deleite', na seção 'Guia'. Para minha surpresa, o subtitulo inicial era 'Brasil melífluo', logo seguido pela citação de Gilberto Freyre, grande sociólogo brasileiro, autor de Casa Grande e Senzala e Açúcar – Uma Sociologia do Doce, que, eu, pasmem, nunca ouvira falar!!!! Voltando a citação. Dizia ele assim: “o açúcar adoçou tantos aspectos da vida brasileira que não se pode separar dele a civilização nacional.” Construída na confluência das três culturas formadoras do país – portuguesa, indígena e africana -, nossa arte do doce floresceu à sombra dos engenhos de cana. Com tanto açúcar disponível, foi natural que a arte do doce se desenvolvesse por aqui. Nossos quitutes sempre foram mais doces que os dos europeus. O que parece enjoativo para quem é de fora, para o paladar brasileiro é normal, afirmava a reportagem. Ainda segundo Freyre, “pode-se falar de um paladar brasileiro histórico (...), ao que parece, predisposto a estimar o doce e até o abuso do doce”.

Difícil descrever como essas palavras soaram doces em meus olhos. De repente parecia que eu tinha sido absolvida de meu pecado original. Sim, meu desejo por doce era ancestral. Quem seria eu para lutar contra tamanha força histórica??? Certamente, ao longo desses quinhentos anos, a compulsão por doce já deixara de ter raízes históricas e culturais e tornara-se fisiológica, quiçá até genética. Poderia sentir-me completamente tranqüila. Estava livre de toda culpa. Meu corpo brasileiro pedia doce.

Fui até a cozinha, servi-me e deletei-me com algumas fatias de bolo de chocolate com bastante cobertura. Acompanhadas de um bom café, bem brasileiro.

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Obrando

Em breve completará quatro meses que estamos fora de casa, por conta de uma reforma que resolvemos fazer. Não era a primeira vez que enfrentaríamos esse desafio, pensei que seria tranquilo. Mas não se compara uma reforma em um pequeno apartamento com a reconstrução total de uma casa.

A ideia inicial era fazer uns armários e estantes planejados, incorporar uma varanda à sala, arrumar algumas coisinhas no quadro elétrico e construir uma área de serviço. Como isso virou uma completa reforma não me perguntem. Viagem do arquiteto, viagem nossa. Queria estar em casa antes de o bebê nascer, queríamos estar em casa para o natal, agora já nem sabemos se estaremos no carnaval.

Uma prima comentou "ainda bem que vocês têm um casamento sólido, pois já vi muita gente se separar durante ou após uma obra". Não me surpreende. É uma constante fonte de conflitos, que envolve diferenças de desejos, sonhos, necessidades, visões de mundo e, claro, dinheiro. Muito dinheiro. Todos os sólidos podem estremecer ou serem derrubados em uma obra grande, não apenas os muros, paredes, vigas e os mais forte dos pilares.

É preciso que pelo menos um tenha a cabeça mais fria e o coração mais sensato e saiba compreender e estender a mão, o ombro e os ouvidos carinhosos ao outro, quando a angústia, a desesperança e agonia tomam conta do pedaço. Parece dramático? Sim, mas quem pensa que não é que faça a primeira grande reforma em sua casa.