sábado, novembro 14, 2009

Sábado de sol e de luto

Tempo, tempo, tempo mano velho
Vai, vai, vai, vai, vai
Fique comigo, seja legal!
Eu conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final
*

Tempo, tempo, tempo, mano velho,
Por que derruba tantos antes do final?...
Restavam tantas madrugadas!!!

Ainda ecoa no ouvido a frase fatídica: "Morreu!!"

Como?? O nosso amigo?? Nosso irmão?? Estávamos juntos ontem! Rimos juntos ontem! Falamos do natal, fizemos planos...

Por quê??

Mas não há respostas.
Nem consolo.
Era hora... Vá entender os desígnios do mistério...

Partiu num sábado estupendo, depois de uma semana de chuva e de frio. Céu azul, sol radiante. Não podia ser diferente. Estava sempre sorrindo, fazendo amigos, espalhando riso e alegria. Tinha uma graça autêntica. E agora tinha ido fazer festa no céu.

Nos olhávamos brancos, incrédulos. Ainda nos olhamos assim, pasmos. Esperamos ouvir seu riso a qualquer hora. Esperamos encontrá-lo na próxima sexta. Sabemos que está aqui, que agora está onde quiser, mesmo assim sentimos sua falta. Sua risada barulhenta é ouvida em nossa memória, mas agora faz doer o coração. Sofremos juntos com sua mulher amada e amiga que sente e sentirá dor ainda mais profunda, sabemos. E não podemos fazer nada... Não podemos fazer nada para ajudar nossa amiga. Como somos pequenos e impotentes diante da morte, diante da veemência crua e incontestável da nossa finitude! Como ajudar?? O máximo possível é tão pouco, tão pequeno!

Nada pode preencher o vazio. Só o tempo... Não preeche o vazio, mas ensina como conviver com ele.

De novo você, né?
Tempo, tempo, mano velho...

Falta um tanto ainda eu sei
Para você correr macio...
*

Amigo querido, onde quer que você esteja, saiba que morará para sempre em nossos corações. Uma amiga comentou "tem gente que tem a vida longa, outros têm a vida larga". Achei que tinha tudo a ver com você. Você viveu muito, aproveitou muito, curtiu muito. Somos felizes por termos tido você conosco parte de nossas vidas e termos curtido um bocado juntos...

Vai, vai, vai...
Um dia nos encontramos por aí...

Escuta essa (Gláucia Nasser, com piano de Christiano Caldas).

* Sobre o tempo, John (Pato Fu).

segunda-feira, novembro 09, 2009

Sobre bebida e elegância

Uma amiga confessava em seu blog seu gosto por cerveja e chopp e como isso é considerado 'deselegante' e indevido para mulheres, que deveriam apreciar no máximo um taça de vinho, de champagne ou um licor fino.

Uma outra amiga dia desses disse que ia pintar as unhas do pé de vermelho, mas que as pessoas consideram brega, deselegante e, portanto, optou por um esmalte transparente mesmo.

Discordei de ambas, acho que a mulher pode ser elegante bebendo chope ou com esmalte vermelho nos pés, desde que isso faça parte de sua natureza, desde que isso combine com ela, não seja uma forçação de barra, uma tentativa de chamar a atenção ou de impressionar alguém.

Fiquei pensando sobre essa questão da elegância. E acho que ela tem a ver com uma certa discrição e mistério. Porre me parece sempre deselegante, qualquer que seja sua fonte, cachaça 51, velho barreiro, champagne importanda ou whisky 18 anos. Gente que bebe para se sentir diferente do que é e fazer coisas que sóbrio não faria, para se sentir mais divertido, mais solto, é sempre deselegante. Mas alguém que degusta e aprecia cada gole, que bebe porque está calmamente apreciando, satisfazendo um gosto, um desejo pessoal, pode ser muito elegante.

Talvez por isso, em geral, o whisky tenha essa fama. Há um ritual, o barulho do gelo, o dedo que balança as pedras e depois é levado aos lábios de uma maneira tão sensual... O gesto lento, o gole profundo, o olhar no outro. Acho particularmente charmoso assistir à degustação de um copo de whisky, a pessoa saída do banho, ainda enrolada na toalha ou dentro de um roupão bem felpudo, ao som de uma música boa, como a da Nana Caymmi que escuto agora. Visualizo um homem, claro, o meu, particularmente. Mas pensando sob a perspectiva do outro genero, também uma mulher ficaria bem nessa cena.

Já a cerveja e o chope tem a ver com companhia, com festa, com barulho, com bagunça, com algazarra e alegria, e isso nem sempre se associa à elegância em sua concepção aristocrática. Embora seja válido ressaltar que nem só de elegância vive o ser humano. E cada coisa, cada boa sensação e prazer tem sua hora. Quem quer ser elegante o tempo todo? Que chatice!



Por outro lado, há as mulheres que são chiques mesmo tomando cerveja ou curtindo um choppinho estupidamente gelado. Temos uma amiga que não dispensa seu copo, taça, lata ou caneca sempre que saímos. Seu marido vai de água ou refri, enquanto ela curte muito na dela sua bebida predileta.

Nada mais elegante do que ser autêntico e natural, obedecer a seus gostos, seguir seus princípios, estabelecer suas regras e limites e segui-los conforme melhor convier a si, ao ambiente e aos outros.

Crianças sabidas

A filhotinha de 8 anos precisava fazer uma pesquisa para a escola. Em minha época recorreríamos a Delta Junior, Barsa ou Mirador, mas hoje existe o Saint Google. Como não permito que navegue na Net sozinha, fui junto com ela, digitei o tema da pesquisa e logo apareceu aquela listagem de milhares de endereços.

Já ia clicar no primeiro da lista, quando ela me adverte:
- Não, mãe, esse não!
E eu, ainda me recuperando do susto, pensando qual era o problema, pergunto curiosa:
- Por que não??
Ela suspira, como se tomasse ar e uma dose de paciencia, e me explica:
- Mãe, voce nao está vendo que ao lado de alguns endereços tem esse tracinho verde? (obviamente que eu nunca tinha reparado nisso) Isso significa que o site é seguro. Esses dois primeiros aí não tem o tracinho verde, tem um ponto de interrogação, que significa que o site não foi testado e a gente não sabe se e seguro!

Santas crianças tecnológicas, como sabem dessas coisas??

Essa é do sobrinho de 6 anos que foi com a mãe visitar um amigo que tinha 3 filhos. Após a visita, ele comenta:
- Mãe adorei conhecer esses novos amigos, especialmente o Vitor Hugo!
- É filho? Que bom, então depois a gente combina de ir lá mais vezes!
Ele emenda, como se abrisse um parenteses:
- Mãe, voce sabia que Victor Hugo foi um escritor muito famoso?
- É filho?! Responde, surpresa com a associação. Mas ele continua:
- É! Foi ele que escreveu 'Os Miseráveis' e o 'Corcunda de Notredame'.
Houve um breve silencio na sala. Mãe e avós pensavam onde esse menino aprendia essas coisas. O avo nao suporta o suspense:
- Onde foi que voce aprendeu isso? E ele, responde com muita naturalidade:
- No Mundo da Leitura, ora!

O Mundo da Leitura é um programa da TV Futura. Viva a TV educativa! Parabéns a TV Futura. A TV tem suas coisas boas, é só sabermos utilizá-la a nosso favor.