domingo, dezembro 27, 2009

Conversando a gente pode se entender



Estava de bobeira, relaxando num riacho de águas rasas e cristalinas, que a alguns metros a frente, após seu caminho deliciosamente sinuoso, chegaria ao seu destino final, uma linda praia. Meu momento mágico de contemplação da paisagem e reflexão sobre a delícia do instante é subitamente interrompido pela voz alterada de uma avó que reclama com a netinha, de cerca de 2 anos, que acabara de bater na irmã mais velha por algum motivo bobo.

A avó, uma jovem senhora, que até poderia passar por mãe dela, gritava com a bebê, que ria em desdém da bronca. O tom da conversa me fazia pensar que ambas tinham a mesma idade. O fato é que a atitude da menininha estava deixando a avó cada vez mais irritada. Seus dedos em riste movimentavam-se mais intensamente, até que veio a previsível, barulhenta e desnecessária palmada. Seguiu-se das palavras raivosas: 'você não pode bater na sua irmã, está ouvindo?!".

Em seguida, choro e mágoa. Do lado de cá, angústia e suspiros.


Pergunto: como ensinar a não bater, batendo? Como ensinar a não-violência, violentamente?

Parece que alguma coisa não faz sentido.



quinta-feira, dezembro 24, 2009

Carta para Papai Noel



Papai Noel,

Esse ano, assim como dizia a peça que eu não assisti, foi denso, tenso, intenso. Muitas alegrias, muitas tristezas. Muita dor, muito amor. Muitas viagens, também. Para longe, e para dentro. Não fosse a ausência que lateja sofrida, o saldo seria totalmente positivo.

Ainda assim, como é de praxe, e porque quem não chora não mama, quero listar aqui meus desejos para este Natal. Se não der para entregar tudo em uma única e tumultuada noite, pode ir mandando aos poucos, ao longo do ano. Compreenderei e ainda me sentirei muito grata.

Para começar, queria que me desse lentes especiais. Daquele tipo que me permitam enxergar-me tão claramente quanto enxergo os outros, seus defeitos, seus problemas e, especialmente, as respectivas soluções.

Quero também que meus olhos e ouvidos ávidos e curiosos sejam olhos e ouvidos amorosos e atentos, capazes de compreender profundamente e solidarizar-se com a dor e a limitação alheia.

Que meus passos sejam firmes, mas flexíveis, entendam a hora de seguir e de retroceder e que minhas pernas me conduzam a caminhos de amor e sabedoria.

Que minhas mãos teçam redes e laços de afeto e amizade que eu saiba manter e manejar.

Que meus braços sejam suficientemente fortes, para erguer os pesos necessários, e macios, para acolher no colo aqueles que necessitarem de meu amparo.

Que minha conduta seja íntegra e honrada para que não necessite envergonhar-me de minhas escolhas ou desperdiçar desculpas preveníveis.

Quero também, caro Noel, se não for pedir demais, que traga daquelas pílulas de bom senso e coragem, para que eu exerça com correção minha liberdade de falar e de calar e saiba distinguir a hora certa de cada um.

Bem, meu bom velhinho, por hoje era isso. Se eu lembrar de qualquer outra coisa, mando um torpedo ou um SMS, tá?

Abraços, Juliana.


terça-feira, dezembro 22, 2009

Viajar de férias

Que delícia é viajar de férias. Praia, sol, descanso, novidades. Sorriso farto, sorvete fora de hora, relógio na gaveta, canto de pássaros. Passeio de barco, TV sem culpa, tatuagem de henna. Café da manhã de hotel, havaianas nos pés, pele bronzeada.

Viajar de férias é voltar no tempo e ser criança novamente. Mas criança com discernimento, dinheiro no bolso e poder de escolher o que fazer e aonde ir.

Às vezes, queria que essas semanas durassem o ano todo.

Só às vezes.




Retirei a imagem de: http://www.acalontech.com/relax.jpg

Gosto de finais de ano

Gosto de finais de ano. Tempo de a gente se encontrar com a gente mesmo, confraternizar com os amigos, festejar com a família. Celebrar o milagre e a alegria de estarmos vivos. Para os cristãos, celebrar também a vinda e a vida daquele que dedicou sua existência terrena para nos salvar.

Gosto desse tempo de ‘res’. Refletir sobre o que passou, sobre o que fizemos e deixamos de fazer. Repensar nossas decisões, o que deve ser mantido o que precisa ser mudado. Reorganizar os armários, descartar o que já não serve, arrumar as gavetas. Reciclar o que pode ter novos usos. Revisar os planos e verificar se estamos no caminho certo para chegar aonde pretendemos. Rever as estratégias e adequá-las ao momento, aos novos desejos e necessidades. Restaurar as emoções, as energias, para que haja disposição para recomeçar. Renovar os votos de amizade, aliança, amor, lealdade, quando for o caso. Relembrar o que nos faz feliz, o que traz sentido e significado aos nossos dias, para que possamos priorizar adequadamente. Renunciar às coisas, pessoas, idéias que nos são obstáculos em vez de trampolins, peso em vez de presença, dor em vez de frescor. Recriar novos sentidos quando isso for preciso.

Tudo isso nem sempre é trivial. Às vezes levamos uma vida inteira para terminar esse serviço. Nem sempre conseguimos.



Fonte: http://casa.abril.com.br/materias/moveis/imagem/cc569-90-ideias-organizar-armarios_08.jpg