Nessa semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (e que eu lamento a existência ou a necessidade da existência dele) me lembro de alguns inocentes comentários masculinos que demonstram o grau de machismo existente em nossa sociedade, que vai muito além do considerar a mulher frágil, puro objeto de desejo ou, de outro lado, saco de pancadas. Aliás, eu nem sei aonde vai, só sei que não é um bom lugar.
- No posto de gasolina:
Posto cheio, fila em todas as bombas, a do meio esvazia. Eu que, modéstia à parte, dirijo bastante bem, faço uma baliza rápida e perfeita para entrar e parar bem ao lado da mangueira. O frentista, impressionado, elogia: "nossa, tem muito homem que não consegue fazer uma baliza assim!"
- Na cafeteria:
Após uma ampla pesquisa em sites e revistas, escolhemos conhecer uma cafeteria nova, recém-inaugurada, bastante transadinha, decoração moderna etc e tal. Chegamos ao local, há uma estante com as últimas edições de diversos periódicos e vários jornais do dia. Eu e maridão adoramos. Vamos direto escolher uma. O garçom solícito vem nos ajudar: "Bem, para você, que é mulher, tem a Ti Ti Ti, a Contigo, a Caras... Mulher adora essas coisas, né?", comenta olhando em direção ao marido esperando a confirmação. O outro, por sua vez, conhecedor da clientela que tem, apenas dá uma olhada meio tensa para mim que, num momento de alta compreensão à simplicidade do estereótipo feminino do rapaz, apenas comento "bem, na verdade, eu prefiro outros gêneros."
- No trabalho:
Havia surgido uma oportunidade única do meu diretor indicar um servidor de meu nível hierárquico para fazer um curso de alto nível em uma vaga surgida da desistência, na véspera, de um outro diretor. Ele decidiu por indicar um outro colega e depois veio me explicar "eu até pensei em mandar você, mas como você é mulher, tem filho, casa para cuidar, imaginei que não fosse topar, então já falei com o Fulano de Tal". Mas, puxa, nem para me perguntar antes??
- Na saída do trabalho:
Encontro um colega na porta e vamos conversando em direção ao estacionamento. Como é usual em pessoas ansiosas ou impacientes, ando em ritmo acelerado, a despeito dos sapatos de salto. Ele comenta surpreso: 'nossa! Você anda rápido para uma mulher!'
A pergunta é: o que eles sinceramente pensam de nós ou do que somos capazes???
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