Filha mais velha chega em casa com uma tosse de cachorro, vias nasais congestionadas e queixando-se de dor na garganta e no ouvido. Marco uma consulta com o médico e vou providenciando os primeiros cuidados, após uma análise inicial e a verificação que não há nada grave que exija uma visita à emergência. No entanto, logo acende-se a luz amarela: e a filhotinha?? Imediatamente surge uma imagem mental: o quarto inteiro invadido por um exército de vírus, plainando em uma nuvem visível apenas aos atentos e perspicazes olhos maternos, vai se enveredando por cada recanto do berço, criado mudo, enfeites, poltrona...
Que filhote de gente poderia escapar são de tais condições??
Resolvo que é melhor privá-la de dormir no quarto junto com a irmã foco de contágio. No início da noite, acomodo-a na minha cama. Lá está a bonitinha repousando no meio daquela imensidão. Que fofura!
Mas logo é hora de irmos deitar. Penso em sugerir ao maridão de 1,93m que durma no sofá de dois lugares da sala, para não desalojar a criaturinha de menos de 60cm e tirá-la do meu lado e do alcance do meu olhar. Na verdade, confesso que cheguei a dar essa ideia, mas infelizmente ela não foi levada a sério pela outra parte, então resolvi que meu rebento deveria dormir no carrinho o restante da noite. Chateou-me o fato de o carrinho não entrar no meu quarto e ter que ficar estacionado no pequeno corredor entre um quarto e outro. Como deixaremos nossa filha no meio do corredor?? Lembrei-me da imagem de pacientes moribundos ao longo dos corredores daqueles hospitais superlotados. Maridão prático argumentou de que tudo são convenções e o corredor também é um cômodo habitável da casa, como qualquer outro. Na falta de outra alternativa, resolvi deixar-me convencer.
Ao deitá-la no moisesinho, que eu cobriria com uma fraldinha para livrá-la de qualquer possível mosquito assassino, outra imagem: um bebezinho claustrofóbico em profundo sofrimento, que ao tentar manifestar-se com um choro quase inaudível asfixia-se com a fronha e o lençol, sem que haja a menor chance de ser socorrido. Após isso, a mãe, devastada por uma tristeza profunda, culpa-se irremediavelmente pelo ocorrido e jamais volta a ter uma vida normal.
Quando já estava sentindo na pele as dores desse drama, um clique me traz de volta à real e decido que, definitivamente, o carrinho é muuiito perigoso e decido colocá-la no berço mesmo, no mesmo quarto da irmã.
Ao olhar as duas dormindo como anjos, a outra apenas com o nariz um pouco congestionado, resolvo relaxar e também ir dormir o meu sono reparador pensando no ditado - o que não mata, fortalece... Ou algo assim...
P.S: Hoje acordei e ambas continuam bem vivas. A mais velha segue entupida, mas leva uma vida normal entre um xarope e outro. A pequena não parece ter sido afetada pela patologia alheia.
A idéia é refletir, meditar, discutir, desabafar... histórias, sentimentos, experiências, vivências... o cotidiano dessa vida urbana louca de uma mulher - mãe, profissional, esposa, dona-de-casa - em busca de viver e de ser feliz.
sexta-feira, novembro 26, 2010
quarta-feira, novembro 24, 2010
52 dias
Minha filhinha já completou mais de 50 dias e parece que foi ontem que ela se esticava dentro de mim, em busca de algum ângulo mais confortável.
Temos vivido uma espécie de simbiose. Meus dias praticamente são para ela. E estão sendo ótimos. Não tenho tido nem tempo nem interesse em qualquer outra coisa. Havia separado alguns livros e filmes, para desfrutar na licença-maternidade quando tivesse alguma folguinha. Até parece! Além do tempo exíguo, entre uma mamada, um colo, uma troca de fraldas e outra, só tenho paciência para os meus seriados policiais e programas da Discovery Home and Healthy, bons para ver durante a amamentação. Não quero nada que me faça pensar. Meus pensamentos já têm destino.
Passada a fase inicial de transtornos e dificuldades com a amamentação (que quase conseguem acabar com a alegria materna), agora tudo é festa. E muito, muito amor e contemplação. Não me canso de olhar para ela e paquerar essa criaturinha tão pequena, mas que já preencheu a nossa casa, a nossa vida e nossos corações.
O que dizer mais? Só tenho a agradecer o meu pequeno milagre e tentar aproveitar muito cada dia, pois eles passam mais rápido do que eu gostaria. Aos poucos ela vai se tornando uma pessoinha, com suas particularidades, gostos e desejos, ocupando seu lugar no mundo, de uma forma única e maravilhosa.
Temos vivido uma espécie de simbiose. Meus dias praticamente são para ela. E estão sendo ótimos. Não tenho tido nem tempo nem interesse em qualquer outra coisa. Havia separado alguns livros e filmes, para desfrutar na licença-maternidade quando tivesse alguma folguinha. Até parece! Além do tempo exíguo, entre uma mamada, um colo, uma troca de fraldas e outra, só tenho paciência para os meus seriados policiais e programas da Discovery Home and Healthy, bons para ver durante a amamentação. Não quero nada que me faça pensar. Meus pensamentos já têm destino.
Passada a fase inicial de transtornos e dificuldades com a amamentação (que quase conseguem acabar com a alegria materna), agora tudo é festa. E muito, muito amor e contemplação. Não me canso de olhar para ela e paquerar essa criaturinha tão pequena, mas que já preencheu a nossa casa, a nossa vida e nossos corações.
O que dizer mais? Só tenho a agradecer o meu pequeno milagre e tentar aproveitar muito cada dia, pois eles passam mais rápido do que eu gostaria. Aos poucos ela vai se tornando uma pessoinha, com suas particularidades, gostos e desejos, ocupando seu lugar no mundo, de uma forma única e maravilhosa.
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