quarta-feira, janeiro 11, 2012

Filhotinha pré-adolescente



Filhotinha tem 11 anos e começa a apresentar alguns males da idade: irritabilidade fácil, mania de querer ficar trancafiada no quarto, aversão a regras, dever de casa e aula de história, crença de que tudo é mico, principalmente os comportamentos paternos e revelia a qualquer demonstração de afeto em público, inclusive e sobretudo a revelação de apelidos fofos e carinhosos.

Nisso, ela se parece com as típicas meninas de sua idade, mas em outros aspectos é bem diferente. Como assim?

Não gosta de rosa, de ti-ti-ti de meninas, princesas nunca e nem pensar (já avisou sobre a irmã mais nova: 'mãe, se a Marina gostar de princesas, eu vou vomitar!') e não é chegada a roupas (nem que sejam novas), compras e acessórios. Recentemente, encontrei uma sacola com roupas que eu havia comprado para ela e deixado para que experimentasse (a rotina tem que ser essa uma vez que não suporta ir a lojas e mais ainda ter o trabalho de tirar uma peça de roupa ou um pé de sapato para colocar outro). Quando fui conferir a etiqueta: maio de 2011!!!

Ontem estávamos na papelaria vendo os últimos detalhes de material escolar. Avistei uma fila de bolsas e sacolas em promoção. Quase enlouqueci! 'Filha, olhe que lindas, vamos comprar?' E aí a pergunta inesperada: "Para quê?" Como assim, para quê? Precisa uma razão para ter uma linda bolsa nova em seu guarda roupa e a possibilidade de usá-la a qualquer momento nas próximas semanas ou meses? "Ué, filha, para usar no dia-a-dia, colocar suas roupas quando você for dormir na casa de sua prima, qualquer coisa..." "Hmmm, (se virando para os vendedores) tem alguma com caveira?" O rapaz da loja gentilmente vai verificar e nos leva para o estoque que ficava na sala ao lado. Achamos algumas fofas com pequenas caveirinhas. Toda preta com caveirinhas rosas. Vem a exclamação: "Rosa?! Hmmm, mãe, acho melhor não, vou acabar não usando." Pelo menos não posso reclamar de falta de consciência e de excesso de consumismo.

A última da semana foi o comentário espontâneo enquanto estávamos em algum silêncio: "mãe, não gosto mais de ir ao dentista!" Tadinha, pensei. Deve estar cansada dessa história de aparelho desde que tem 5/6 anos. E agora, aparelho fixo, visitas mensais ao consultório, aquele incômodo chato durante três dias após apertar os arames... "É, filha? Por quê?, pergunto em tom de compaixão, o coração apertado de solidariedade e dó. E a resposta vem objetiva e imediata: "Ah, não aguento mais essa coisa de ter que escovar os dentes toda vez!"

terça-feira, janeiro 10, 2012

Tchau, natal!

No último sábado fomos desmontar toda a decoração de natal. Árvore, com seus laços dourados e tons de vermelho bordô, papais noéis, bonequinhos de biscoitos, corações e, claro, luzinhas e luzinhas; panos de mesa decorados; vasos de flores; enfeites artesanais criativos e até uma vestimenta típica para o vaso sanitário do lavabo.

De repente estava tomada por uma profunda nostalgia.

Era o natal e tudo o que ele representa indo embora - as cores, luzes, o espírito solidário, a fraternidade, o clima de festa, o encontro, o perdão, a esperança...

O ano novo estava irremediavelmente começando. O cotidiano, a rotina, o trabalho, o trânsito, as notícias de enchentes, o descaso do poder público, o descompasso familiar, o vai-e-vem caótico de passos, pessoas, pensamentos e vidas apressadas. Vidas tantas vezes desprovidas de poesia. De sentido, de amor, de paz, de paixão. Vidas sem vida.

Que saudade do natal! Do amor de Cristo, do nascimento, dos presépios, das manjedouras, da comilança, da família reunida... Queria fazer tudo de novo! Queria um ano inteiro de dezembros!