Você chegou! E agora, dormindo tranquilo em meu colo, aconchegado como se ainda fosse parte de mim, nem parece que foi capaz de causar tanta consternação.
Há quem não entenda, que apegado ao mistério e à beleza da vida, não consiga compreender os dilemas da mulher (ou do homem) frente à uma gravidez indesejada, não planejada, ou fora de hora. Postura essa que não apenas não ajuda, mas acentua a angústia e a culpa comuns numa cena dessas.
Gestar, parir, educar não são ações triviais. Transformam a vida e a existência. Abandona-se um estar no mundo para um outro, bem diferente. Que pressupõe uma nova forma de ser, de agir, de situar-se, de viver. Por isso é tão recomendado que sejam escolhas. Escolhas de coração e mente. Pois um filho necessita de todo amor e razão que um pai seja capaz de fornecer.
Verdade é também que, uma vez o fato consumado, por assim dizer, restam poucas alternativas. Uma delas, a escolhida, é assumir a não escolha e tomá-la como sua. Identificar sentimentos e resistências, compreendê-los e ressignificá-los. Lidar passo-a-passo com cada desafio que a novidade apresenta, buscar o melhor, esperar o melhor.
E foi assim, no meio dessa busca pelo melhor, que você nasceu. Tinha apenas 37 semanas, mas achou que não devia mais esperar. E numa manhã de sexta-feira, após a explêndida lua azul, iniciou seu processo de partida (e chegada), intencionalmente abreviado pela cesariana. Às 14h15 você chorou. Que alívio saber que tudo estava bem. Que delícia ver suas bochechinhas e seu cabelinho preto e farto, como os meus!
Sim, você é meu filho, meu novo amor e, com todo o carinho e dedicação cuidaremos de você! Para que se torne uma pessoa íntegra, feliz, capaz de contribuir positivamente para um mundo melhor e que saiba viver plena e intensamente a vida que escolher. Estou convicta que foi para isso que veio.
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