segunda-feira, maio 17, 2010

Tarde de janeiro

Na cidade de asfalto e grama e gente que anda rápido é uma tarde qualquer de um janeiro cinza e chuvoso. Saio do consultório médico, onde esperei meia hora para conseguir um papel e uma assinatura, deixando para trás uma atendente falastrona, com seus modos inapropriados e sua incompetência indiscreta. Uma mulher saía com face pálida, dois frascos com material para análise e um marido abatido.

Paro numa lanchonete. Um rapaz e uma moça pedem duas cervejas e uma dose de cachaça. São 4 da tarde. Antes de recriminá-los em silêncio, aproveito para repor minha dose diária de cafeína - 'Um café e uma coca, por favor."

O trânsito segue seu ritmo. Dirijo distraída mascando um chiclete de hortelã e remoendo minhas angústias e incertezas. Uma mulher atravessa a rua com um jovem aleijado em seu passo esquisito. À frente, um rapaz segue com uma coroa de flores em direção ao cemitério. Tenho uma sensação egoísta de felicidade por não serem para mim. Lembro que em casa há um cesto de roupas para serem passadas. Esqueço do resto.

Brasília, 22/01/08.

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