"A infância é o chão sobre o qual caminhamos o resto de nossos dias".
Lya Luft
Estava em cartaz na Câmara dos Deputados, e eu tive a oportunidade de visitá-la por três vezes, a exposição Infância & Paz, que nesta edição de 2010 abordou o terma "A importância dos Primeiros Laços entre o Bebê e os cuidadores".
Promovida pelo Senado Federal, que instituiu a Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura de Paz, e com o apoio da Rede Primeira Infância, instituições da sociedade civil e o patrocínio da Petrobrás, a exposição era um convite explícito e emocionado à reflexão sobre a importância do vínculo, do afeto e do amor na constituição neurológica, psíquica e social do ser humano e sobre a situação, tantas vezes vulnerável, das crianças brasileiras.
Não preciso dizer que, nas três vezes que por lá, chorei.
Passei e viajei por cada fotografia, por cada pintura reproduzida em grandes pedaços de pano, que pendiam por pregadores, como num cotidiano e conhecido varal de histórias, pensamentos, fatos, reflexões, rostos, corpos e poemas.
Sim, chorei todas as vezes, porque não tinha como evitar. Pensava na minha filha, em todo o amor que tínhamos para oferecer a ela, no como era gostoso ficarmos juntas, rosto com rosto, coração com coração e não conseguia entender porque não poderia ser assim, sempre. Com cada criança que nascesse nesse mundo.
Segue um pouco do que vi:
"A importância do carinho é evidente desde o nascimento. Depois que o bebê passa nove meses no aconchego do ventre, com casa, comida e calor, o sistema que informa ao seu cérebro sobre carícias na pele funciona como um poderoso "detector de mãe"
Não receber carinho, portanto, é sinal para a criança de que ela não tem por perto nem mãe, nem outra pessoa que ofereça cuidados e segurança.
Se os 'detectores de mãe' não são ativados logo após o nascimento, o cérebro interpreta a situação como um risco à vida e dispara o alarme, dando início a uma resposta generalizada ao estresse.
(Suzana Herculano Houzel)
O Laço e o Abraço
(Maria Beatriz Marinho dos Anjos)
Vamos falar de laços e abraços?
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira,circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando...
Devargazinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo o que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode-se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, iguais meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!
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