quarta-feira, agosto 16, 2006

O Jogo do Contrário

Pompeu de Toledo escreveu, na última edição da revista Veja, um ensaio muito interessante, que conseguiu elevar meu moral de brasileira – ultimamente em franco declínio.
Ele sugeria a leitura inversa dos números dos noticiários e justificava que esse exercício era muito bom para se acreditar que nem tudo estaria perdido. O jogo era assim: se considerarmos que há 300 picaretas no Congresso Nacional, isso quer dizer que há, olhando do outro lado, 294 parlamentares tentando realizar o trabalho para o qual foram eleitos, de maneira honesta. Se 23 dos 24 deputados estaduais de Rondônia são acusados de corrupção (“caso extremo de contaminação de uma casa legislativa”, como ele bem definiu), que atentemos para o único que conseguiu manter-se incólume no tufão de falcatruas - como uma "ilha num mar de lama", um “solitário baluarte da honestidade”.
Concordo com ele. Isso realmente me fez acreditar que ainda há esperança. Não devemos fazer generalizações, para não cair na tentação de um ceticismo geral – totalmente improdutivo, nem entrar numa onde de pessimismo e descrença, que também não leva a nada. Que estejamos cientes (e conscientes) de que há o trigo e há o joio e que nos cabe a árdua e sublime tarefa da melhor escolha.
Desde criança, brinco do “Jogo do Contente”, aprendido nos livros da Pollyana (aquele em que toda vez que algo ruim acontece, devemos imaginar que poderia ser pior, e assim ficar alegres). Agora vou brincar também desse “Jogo do Contrário”.
Não quero me tornar uma velha desesperançosa e rabugenta!
O máximo que poderá acontecer é me transformar numa Pollyana de óculos cor-de-rosa!

Nenhum comentário: