sábado, agosto 19, 2006

Tempo, tempo, tempo.. e outras conjecturas

Dia 16 foi aniversário de uma das pessoas que me são mais queridas nesse mundo. Alguém que é para mim amiga, irmã, mãe de coração. Telefonei, enviei flores (quase tão lindas quanto ela) e um cartão expressando todo o meu sentimento (na medida do possível).
Moramos na mesma cidade, a poucos quilômetros de distância. Trabalhamos na mesma instituição (mas em departamentos distintos e distantes). Mesmo assim não consegui encontrá-la no dia especial e dar o abraço que eu gostaria de dar. Senti-me frustrada!
Quando se estuda administração do tempo, fala-se muito da necessidade de se estabelecer prioridades, definir o que é urgente, o que é importante, o que pode ser delegado. Concordo com tudo isso. Mas e quando não somos totalmente donos do nosso tempo??!
Minha empresa é dona de pelo menos um terço do meu tempo, nos dias úteis. O trânsito de outra parte. À família também cabe uma fração. Se o tempo de que posso dispor não coincide com o tempo livre (literalmente) do outro, não conseguimos nos encontrar! E não é culpa de ninguém. Nem questão de priorização.
É importante tomar consciência disso para não nos sentirmos constantemente frustrados. (Digo isso para convencer a mim mesma!) Ou para repensar se realmente é esse o tipo de vida que queremos. Às vezes não nos damos conta de que corremos tanto em busca da realização de um sonho que, na verdade, não fomos nós que sonhamos. Ou para cumprir um ideal de vida que nos foi previamente desenhado e apresentado – às vezes subliminarmente, às vezes escancaradamente – pelos tantos meios de que dispõe a sociedade capitalista em que estamos imbricadamente inseridos.
Às vezes é difícil separar o que pertence a mim e o que é invenção alheia. Aliás, em muitas vezes, na maior parte das vezes. Mesmo porque na maior parte do tempo estou absorvendo informações externas – televisão, jornal, internet, conversa com colegas e amigos, trabalho.... Quando é que estou me olhando e pensando no que sou, no quero, no que sinto?... Quase nunca.

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Por isso hoje rezo por sabedoria e discernimento. O trecho da primeira oração “e que não nos deixe cair em tentação” assume significação particular. Desejo não cair na tentação de entrar (muito profundamente, pelo menos) na neurose do culto à magreza, alcançada a custo de privação e sofrimento; no sonho do corpo desprovido de celulites (ai, que vontade!), do peito siliconado, da cintura construída; nem na necessidade criada da troca de carro a cada dois anos, ou da aquisição do último modelo da bolsa LV. Ou tantos outros sonhos de consumo.
Até porque não posso mesmo! Não é nem questão de consciência política, social ou escambal, e falta de grana mesmo! De repente, se eu fosse filha de um magnata, isso nem fosse um pecado do qual precisasse me precaver. No meu caso, preciso, sim, estar muito atenta, lutar com todas as armas e apelar ao Céus, se for necessário, para manter a sensatez. E também para ser feliz, mesmo que não corresponda aos modelos de felicidade que se tem por aí.
Que pena!
O mundo capitalista até que é bom!
O único problema é que bem poucos podem usufruir de todos os seus encantos e maravilhas!

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