quinta-feira, maio 17, 2007

Sobre a luta dos trabalhadores


Sou trabalhadora e cidadã brasileira. Como tal defendo o direito dos trabalhadores e o direito de os trabalhadores defenderem os seus direitos. Considero fundamento democrático, logo pressuposto da cidadania.
Beleza!
O que não quer dizer que não se deva seguir regras, princípios e que se possa fazer da luta pelos seus direitos um circo - com direito a palhaços e a palhaçadas.
Ontem, como uma trabalhadora comum, eu tentava ir para o trabalho dirigindo meu carro (o que é, neste país, um privilégio). Não estava sendo fácil, pois metade das pistas da principal avenida da cidade estava tomada por manifestantes (o que é, nesta cidade, fato corriqueiro).
Num primeiro momento, o fato me irrita. Num segundo momento tento me solidarizar com os companheiros, trabalhadores que lutam pelos seus direitos ao trabalho.
Tudo bem que são trabalhadores de bingos e eu não sou exatamente uma fã de jogos de azar, mesmo que seja um "simples" bingo.
Tudo bem que, por isso, eu questione a legitimidade desses empregos.
Mas o que verdadeiramente me incomoda é a postura dos manifestantes!
Me incomoda a tal ponto que eu sugiro a confecção urgente pelas Centrais Sindicais de um Manual de Comportamento em Passeatas, que deverá ser amplamente distribuído e totalmente decorado por todos os adeptos.
Poderia começar com algo tipo assim:
- É completamente vedado o consumo de bebidas alcoólicas antes, durante e até duas horas após os protestos;
- Todo o lixo produzido (garrafas, copos, folhetos, folderes, bandeiras....) deve ser acondicionado em sacos plásticos a serem fornecidos pela instituição organizadora e jamais jogado no chão da cidade, formando um rastro de imundície;
- Devem ser gritadas apenas as palavras de ordem dadas pelos líderes do movimento, as macaquices devem ser guardadas para o momento da viagem ou para os amigos e familiares, após o retorno para casa;
- Em nenhuma hipótese o carro de som tocará músicas de axé, samba ou pagode.

Considero um vexame promover um movimento imenso, com os participantes bem organizados, identificados com camisetas padronizadas, portando bandeiras e faixas, lideranças à frente gritando palavras poderosas, buscando conduzir o grande grupo e "lutar" pelo que consideram de direito. A "luta" deve ser séria. Não pode ser transformada em festa, em evento, em farra.
Não foi assim que os movimentos sindicais se iniciaram no país e é uma pena chegarem a esse ponto.

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