sexta-feira, novembro 16, 2007

(Não) falando de amor


Estou estudando espanhol e meu professor é fã das novas tecnologias aplicadas ao ensino. Então temos um forum virtual onde exercitamos a habilidade de escrita e argumentação.
Nesta semana, o tema que ele escolheu foi "amor e paixão". Aí eu percebi o quanto me era complicado falar disso.
Deu branco!
Justamente para mim, cujo lema de vida um dia já foi "viver e não ter a vergonha de ser feliz, amar e amar e amar e não ter a vergonha de ser um eterno aprendiz" (adaptação da canção de Gonzaguinha).
Ele perguntava se existia o amor e a paixão e se já tínhamos experimentado isso. Claro que sim. Claro que já. Inúmeras vezes. De tantas formas diferentes, que já perdi a conta. Amor amigo, amor amante, amor colegial, amor adolescente, amor universitário, amor apaixonado, amor louco, amor pé-no-chão...
Ele não perguntou, mas claro, já sofri muito de amor. Já fui ao fundo do poço. Já quase morri de amor.
Ah, até já acreditei em morrer de amor!
Queria a todo custo encontrar o amor ideal. O amor vivo, apaixonado, a alma gêmea. Creio que encontrei.
E foi infinito enquanto durou, assim como o poema do meu encantado Vinícius.
Depois acho que me tornei mais prática. E desisti de sofrer por amor. E quis procurar um amor real. De carne e osso. Um amor que não me fizesse sofrer. Um amor cotidiano. Um amor que andasse junto de mim. Que tentasse, que procurasse, que quisesse, que sofresse, que chorasse, que temesse... Tudo junto.
Creio que encontrei.
Houve época em que eu preferia sofrer por amor do que não amar. Hoje não prefiro mais.
Creio que amadureci (ou envelheci?).

Como ainda não aprendi a falar de amor, deixo aqui as palavras do mestre.

SONETO DE FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vive-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

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