Sábado passado fomos assistir ao show de Paralamas e Titãs, comemorando seus 25 anos de estrada e recebendo no palco o não menos estrela, Frejat.
Foi muito legal ouvir, dançar, pular aquelas músicas que embalaram a nossa história, há tantos anos, quando éramos outras pessoas, pensávamos outras idéias, tínhamos outros planos, sonhos e paixões.
Fui eu e meu marido. Há 25 anos nem nos conhecíamos. Hoje temos uma filha de sete anos que havia ido dormir na casa da prima.
Revivi em memória aqueles dias de efervescência do rock brasileiro na década de 80, em que Brasília era palco de tantas festas e comemorava tanta gente boa fazendo sucesso em âmbito nacional. A cada semana íamos a um show - Blitz, Lulu, Ultraje, RPM (ah, o RPM!!), Zero, Engenheiros, Kid Abelha, Miquinhos, Barão, Leo Jaime, Lobão, Camisa de Vênus, Ira, Capital Inicial, Plebe Rude... e por aí ía... O show legendário do Legião, no estádio Mané Garrincha lotado, interrompido após Renato Russo surtar com uns panacas que jogavam latinhas no palco. A galera pirou, teve vaia, briga e a polícia montada que chegou a passar por cima de algumas pessoas da platéia insandecida que tentava sair assustada, empurrada e pisoteando uns aos outros. Foi uma loucura!
Agora era diferente. Todo mundo muito mais comportado. Tinha uma garotada, mas muita gente de cabelo grisalho na platéia. Assim como no palco. Foi emocionante ver o Paulo Miklos pulando, horrorizando e sacudindo suas mechas brancas. Assim como o Herbert, com sua cicatriz imensa, arrepiando naquela guitarra tocada sobre quatro rodas. O Tony Belotto, sem comentários! Continua o mesmo. Eles se divertiam lá em cima. Pareciam trabalhar brincando. E a gente se divertiu junto com eles. Queriam que fosse um show histórico. Para mim, foi.
Amei quando tocaram Lanterna dos Afogados!!
A idéia é refletir, meditar, discutir, desabafar... histórias, sentimentos, experiências, vivências... o cotidiano dessa vida urbana louca de uma mulher - mãe, profissional, esposa, dona-de-casa - em busca de viver e de ser feliz.
sexta-feira, julho 25, 2008
quarta-feira, julho 16, 2008
Voltando prá casa
Estamos prestes a voltar para casa!!!
Isso deve acontecer nos próximos dias...
Quinta ou sexta... who knows??
Obviamente que isso não significa que a obra acabou.
Alguém, por algum acaso, chegou a cogitar isso num lampejo de pensamento?
Ainda haverá uns buracos onde supostamente estariam as esquadrias dos banheiros, que ainda não chegaram; uma lacuna emblemática no revestimento da parede da sala, que apesar de tão bem calculado, cismou em acabar antes do fim e deixar um vazio (obviamente que acabou também do estoque da loja e agora estamos esperando chegar um carregamento da Paraíba, pois só há um revendedor em Brasília!). Também não teremos mesa nem estante no escritório e muito menos local para minhas calças e sapatos, já que a marcenaria ainda não está pronta.
Os últimos dias foram os mais incríveis. Uma extraordinária ilusão de sentidos acontecia - quanto mais se aproximava o fim, mais distante ele ficava. O mestre de obras a cada dia prometia que em dois dias tudo estaria finalizado. Depois fiquei pensando, será que ele não trabalharia com um outro conceito de dia? Ou do numeral dois? Será que ele queria dizer "a couple of days", sabe-se lá quantos?!
Nesses últimos dias, enquanto acontecia a união de todos os profissionais no mesmo pequeno espaço do nosso apertamento e um dependia do trabalho do outro, a gente podia ver claramente a importância da gestão de projetos, do trabalho em equipe e da comunicação organizacional. E as conseqüências práticas da ausência disso tudo!
A equipe do vidro foi instalar o blindex e arranhou o piso do banheiro, que teve que ser, após posto, reposto. O pessoal que estava laqueando as portas estragou a pintura da parede e o cara do ar condicionado instalou o equipamento antes de a pintura ser finalizada. Então teve que voltar no outro dia, retirar o equipamento e depois instalar tudo de novo. Ah, sem contar o outro aparelho que era para ser centralizado sobre uma porta, mas que foi instalado "torto" porque o buraco tinha sido feito deslocado e ele "pensou" que era para ficar assim.
Mas o mais incrível se deu no pequeno quartinho dos fundos. Num dia removeram o piso e os rodapés. No outro, instalaram o novo piso. Iniciou-se a colocação dos rodapés. E aí... cadê os rodapés?? Uma parte deles sumiu!! Como assim??!!
Supõe-se que tenha ido parar no lixo ou em qualquer outro lugar bem longe dali...
Ah, não podemos reclamar! Pelo menos vamos voltar para nossa casa, onde o céu tem mais estrelas e as várzeas tem mais flores! O marido que resolveu deixar a barba crescer pela dificuldade de conciliar o ritual com a arquitetura do minúsculo lavatório já anunciou que vai voltar ao cavanhaque; a filha de férias só quer saber de reencontrar os amigos; a leal escudeira está retumbante com a idéia de lavar e secar as roupas dentro de casa e a patroa aguarda ansiosamente para tomar um banho de vinte minutos com ducha quente de descolar a pele, sem nenhum peso na consciência quanto ao gasto de água - já que acumulou crédito por dois meses e meio!!
Imagem: "Caminho de Casa"
(Tela de José Gonçalves Pereira Neto)
domingo, julho 06, 2008
Filhotinha em momento poético
Não sei se já contei aqui, mas adoro ler e adoro poesia. Logo, era muito natural que tivesse muita vontade que minha filha também curtisse isso. Foi muito legal quando eu encontrei um CD com as poesias do livro "Ou Isto ou Aquilo" (Cecília Meireles), que tanto li na minha infância, recitados pelo saudoso Paulo Autran. Foi uma surpresa como ela gostou de escutar. Logo depois, encontrei uma nova edição do livro e também comprei para ela. O resultado está abaixo.
Impossível não corujar!
Leilão de Jardim
Impossível não corujar!
Leilão de Jardim
O que eu queria ser quando crescer
Hoje, aos 36 anos, descobri o que gostaria de ser quando crescer.
Se algum amigo de papai ou mamãe fizesse essa original pergunta para mim, eu responderia sem titubear: quero ser poeta!
Ai, que vontade de ser poeta!!!
Se eu fosse poeta, meu céu teria mais nuances, eu poderia enxergar de olhos fechados e sonhar de olhos abertos. Certamente seria capaz de cheirar mil aromas e ouvir o sonido de asas de borboletas. Faria poemas de engarrafamentos, crianças desnutridas e gente desrespeitada. Minha vida teria mais cor e eu seria mais feliz.
Mas não! Não ganhei esse dom. Sou prática. Olho a vida como ela é. Sem lirismo algum.
Hoje saí para dar uma caminhada. O céu estava azul e tinha algumas nuvens. Estava calor e tinha uma brisa agradável. Uma lagartixa cruzou meu caminho. Na segunda volta, duas lagartixas cruzaram meu caminho. Nossa! Se eu fosse poeta, isso me renderia versos incríveis!!
Mas não sou.
Acho que não há faculdade para ser poeta, embora existam grupos que incentivem a criação. Mas duvido um pouco da eficácia deles. Fico meio na dúvida se é possível tornar-se poeta. Tenho a impressão que se nasce ou se criam poetas, naquelas casas onde se respiram histórias e palavras são como quindins ou brigadeiros, saboreadas e devoradas a cada refeição.
Não se trata de técnica, métrica, ou rima, embora sejam elementos relevantes. Não se trata de ampliação vocabular e de estudos lingüísticos, embora sejam importantes. Trata de se ter coração, mente, olhos, mãos, bocas, narinas e ouvidos poéticos. Trata-se de enxergar, cheirar, ouvir... de maneira singular e colorida. Os olhos do poeta são capazes de ver trezentas vezes mais cores que os olhos dos outros humanos. Sua sensibilidade é mil vezes maior do que a média da humanidade.
Um poeta pode até sofrer com mais intensidade e profundeza, mas em compensação o resultado de suas dores é dança e música para os olhos, obras para a posteridade, consolo e alento para dores alheias. As dores dos poetas fazem mais sentido e são mais belas e produtivas.
Se minhas fossas gerassem algo de nobre, eu teria mais conforto e seria mais feliz.
Se pudesse, faria um curso para ser poeta.
Numa faculdade de poesia, algumas disciplinas seriam obrigatórias, como Contemplação da natureza; Amor, Paixão e Sexo I e II; Desilusões Amorosas; Auto-conhecimento; Rindo de si mesmo; Doença e solidão; Paz e guerra; Vida e morte; Desenvolvimento dos sentidos. Obviamente, que não bastariam aulas teóricas. A prática seria muito importante nessa formação. Estágio e trabalho de campo.
Para ser poeta, é preciso aprender a olhar para si e enxergar o que normalmente não se quer ver. É preciso aprender a pagar mico com naturalidade. É preciso compreender o patético humano e se resignar. É preciso amar e desamar, com paixão e com ardor, com intuição ,ao avesso e do avesso. É preciso enxergar as borboletas dos cemitérios e sentir o âmago da luz.
Para ser poeta, é preciso saber falar sobre tudo de outra forma. Por exemplo, poeticamente pode-se dizer que a saudade "é arrumar o quarto do filho que já morreu"* ou que a saliva "é a lágrima da alegria"**.
Para mim, saliva é cuspe e saudade é foda. Aprendi a dizer a vida da maneira simplória e fria como a vejo.
Se eu fosse poeta, veria a vida mais bonita, mais romântica, mais verdadeira. Saberia captar os tic-tacs dos relógios, sorveria cada detalhe do meu amado, perceberia cada gota de suor, cada pêlo eriçado, acordaria cantando todas as manhãs, faria rima do mau-humor, praguejaria com elegância.
Se eu fosse poeta, aproveitaria cada tristeza e cada alegria. Saberia ser triste e ser feliz.
Ah, que vontade de ser poeta!
* Chico Buarque (Pedaço de Mim)
** Fabrício Carpinejar (Ainda é, mesmo quando já foi. O Amor Esquece de Começar. Ed. Bertrand Brasil)
sábado, julho 05, 2008
Poesia no Jardim da Filosofia e Carpinejar
No último dia 2, fui ao CCBB, assistir ao 'Poesia no Jardim da Filosofia', apresentado pela filósofa, poeta, escritora e minha idola, Viviane Mosé. Ela recebeu o também poeta e escritor Fabrício Carpinejar, de quem imediatamente também tornei-me fã.
Foi paixão ao primeiro verso.
Anotei num talão de cheque as frases que conseguia, me emocionei com a força e a sensibilidade de suas palavras, quase chorei por ter que ir embora. Saí dali e fui direto à livraria comprar um livro dele. Escolhi um de crônicas - O Amor Esquece de Começar. Comecei a devorá-lo. Não em seqüência, porque não é livro que se lê assim. Ao acaso, aguardando a surpresa do que haveria para mim.
Amei o jeito que ele brinca com as palavras, que ele transmite amor e devoção a elas. Não se escreve assim sem amor e devoção.
Suas crônicas são poemas escorridos. Deve-se lê-las como se lê poesia. A sós, quase sem respirar, lentamente, aproveitando cada linha.
Fabrício é engraçado e fala do cotidiano. É maravilhoso e tornou-se meu novo ídolo.
Quem quiser conhecê-lo, não perca seu blog.
Foi paixão ao primeiro verso.
Anotei num talão de cheque as frases que conseguia, me emocionei com a força e a sensibilidade de suas palavras, quase chorei por ter que ir embora. Saí dali e fui direto à livraria comprar um livro dele. Escolhi um de crônicas - O Amor Esquece de Começar. Comecei a devorá-lo. Não em seqüência, porque não é livro que se lê assim. Ao acaso, aguardando a surpresa do que haveria para mim.
Amei o jeito que ele brinca com as palavras, que ele transmite amor e devoção a elas. Não se escreve assim sem amor e devoção.
Suas crônicas são poemas escorridos. Deve-se lê-las como se lê poesia. A sós, quase sem respirar, lentamente, aproveitando cada linha.
Fabrício é engraçado e fala do cotidiano. É maravilhoso e tornou-se meu novo ídolo.
Quem quiser conhecê-lo, não perca seu blog.
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