sábado, maio 23, 2009

Contra a PM Superior (???)

Quem passa diariamente pela Esplanada dos Ministérios aqui em Brasília acostuma-se a ver toda a sorte de manifestações e protestos. As passeatas, bandeiras e faixas, de tão usuais, quase confundem-se com a paisagem de Lúcio Costa e Niemeyer. Mas dia desses, eis que me surpreendo! Estacionado à frente da Praça dos Três Poderes, um ônibus. E nele, uma faixa em letras garrafais e vermelhas:

CONTRA A PM SUPERIOR

O que não faltam todos os dias nos noticiários são notícias bárbaras sobre o medíocre desempenho da PM nos diversos locais da federação, seus baixos salários e péssimas condições de trabalho e o envolvimento de policiais com corrupção e todo tipo de outros crimes.

Aqui em Brasília, a PM parece gozar de uma imagem um pouco melhor. De maneira geral, acho que temos uma sensação de confiança em nossas polícias. Pelo menos, achamos que eles vão nos proteger...

Querendo melhorar o padrão policial ainda mais, parece que a cúpula da PM decidiu exigir nível superior no concurso para a corporação. Achei uma idéia fantástica! A Polícia Civil aqui vem se desenvolvendo não é à toa. Há tempos vem investindo em profissionais bem capacitados e pagando salários razoáveis. Achei que seria inteligente a PM seguir o mesmo caminho.

Mas parece que nem todos estavam pensando assim. E fiquei extremamente curiosa em saber: quem seria A FAVOR DA PM INFERIOR??

Aliás, fiquei achando que poderiam ter substituído a faixa por essa. Seria mais autêntico e quem sabe não haveria uma chance de perceberem a insanidade que estavam falando??

Mais tarde, ouvi no rádio. O movimento pela PM inferior era de uma associação de estudantes secundaristas. Ou seja, estudantes de nível médio que supostamente desejassem participar do certame e estariam impedidos. Alegavam que a má situação das PMs não se devia à baixa formação, mas ao baixo nível dos cursos de formação que a PM oferecia e aos baixos salários.

Agora me diga: como a PM poderá oferecer cursos de alto nível a profissionais que apenas terminaram o ensino médio? Como poderá brigar por altos salários para profissionais que não possuem, ao menos, uma graduação? Como justificar isonomia com carreiras realmente de 'nível superior'???

Fiquei tão decepcionada de saber que o movimento vinha de ESTUDANTES??? Por que eles não estavam lutando pela melhoria das condições do ensino nas escolas públicas ou por mais vagas nas universidades públicas ou por melhores condições de financiamento nas instituições privadas??? Para que, assim, pudessem almejar (e isso não seria apenas um sonho, mas uma possibilidade factível) seguir uma carreira de estudos e ter chance de concorrerem em igual nível a qualquer cargo que desejarem e poderem ter uma carreira e um futuro realmente SUPERIOR???

É um exemplo de um imediatismo burro e de como nossos estudantes precisam de boa educação para que possam pensar de maneira crítica e inteligente.

segunda-feira, maio 18, 2009

Jeca ou Geca??

Nesses tempos de reforma ortográfica em que todas nossas certezas se abalam... Não, claro que não... Não houve nenhum modificação referente a uso de 'g' ou 'j'. Então, no caso em tela, 'jeca' continua sendo aquele matuto inocente e 'GECA' o apelido simpático para a nada amigável 'GastroEnteroColite Aguda'.

E não é que a tal de GECA me pegou para valer? Quem não suporta papo escatológico pare por aqui, pois é exatamente do que esse texto se trata. Pense em de repente você ter que visitar o banheiro mais de quinze vezes ao dia, às vezes duas ou três vezes em uma hora, incluindo as noturnas???

Perdi dois quilos em uma semana. E o pior: sem nenhum glamour! Não fui a nenhum SPA, não aderi a nenhuma dieta de celebridade ou de best seller, nem participei de maratona alguma.

Simplesmente parei de comer e beber tudo o que me dava prazer e de absorver todo o resto que podia ingerir. Simples assim! Mas por favor, não queiram seguir essa tática. Não é boa!, posso assegurar. Os efeitos colaterais são: impossibilidade de sair de casa, falta de vontade de fazer qualquer outra coisa diferente de estar deitada com um travesseiro quente na barriga e um cobertor dos pés ao pescoço e incapacidade de realizar qualquer esforço, como pensar em qualquer coisa por mais de cinco minutos.

Se agora estou aqui escrevendo é porque, após 5 dias de intensa atividade enteral, estou vivenciando uma trégua de algumas horas longe do toilet!! Tomara que seja para valer!!

Sonho com uma xícara de café com leite, um copo de milk shake, uma macarronada com almôndegas, e por que não confessar?... com uma porção de leite condensado com nescau...

Tarde de Domingo no Pontão

Adoro vida urbana. Adoro cidade grande. Particularmente, adoro morar em Brasília. Não fosse o excesso de veículos e a violência em ascensão certamente amaria tudo.

Mas uma cidade só vale a pena quando proporciona espaços e momentos para seus cidadãos livrarem-se de sua rotina. E contemplarem o belo, encontrarem paz, cultivarem o amor e a amizade, usufruírem de prazer, lazer e esportes.

Aqui, um dos melhores lugares para isso é o Pontão do Lago Sul. Tem verde, tranquilidade, bons restaurantes e um bela vista do Lago Paranoá. Curtir uma tarde de domingo por ali é um de nossos programas favoritos.

Soltar pipa, meditar, andar de bicicleta, tirar fotografias... Fizemos de tudo um pouco, num desses domingos de maio.







sexta-feira, maio 01, 2009

Endometriose e eu - capítulo final. Será?

Faz 10 dias que me submeti à videolaparoscopia, para retirar os focos encontrados de endometriose superficial (ovários, trompas e ligamentos) e profunda (ovário e intestino).

A cirurgia foi maravilhosa e bem sucedida. Os médicos ficaram satisfeito e surpresos por terem encontrado a situação melhor do que esperavam. Disseram que as três cirurgias anteriores foram muito bem feitas e a coisa não estava tão 'bagunçada' como eles costumam ver em casos semelhantes. Ufa, que alívio! Pelo menos uma coisa para me deixar feliz nessas histórias passadas.

A recuperação está sendo ótima, igual a de artista de TV. Se fosse cantora, muito em breve já me veriam fazendo show sobre um trio elétrico.

O mais difícil foi o jejum anterior e posterior. Ao todo foram dois dias e meio sem comer nada. Na véspera, o preparo intestinal. Me purifiquei até a alma.

Após, o descanso merecido para quem tinha sido tão mexido. Para distrair, ficava imaginando que eu estava na Etiópia e precisava me resignar. Ou que fazia uma greve de fome por alguma ideologia superior e que o mundo inteiro aguardava pela liberação de reféns sequestrados ou pelo fim da guerra no Iraque. Em outros momentos, só via televisão mesmo. Colocamos em dia, eu e maridão, todas as temporadas e filmes disponíveis na TV a cabo. Até que foi muito boa essa parte.

A vista do nosso quarto também era privilegiada. Permitía-nos essa visão da Catedral Ortodoxa de Paraíso:



Nesse início, enquanto estava imóvel, minha circulção em membros inferiores era estimulado por um aparelho cujo nome desconheço, mas que faz um trabalho equivalente ao manguito de um equipamento de aferição automática de pressão. Já ouviram a expressão: 'durma com um barulho desses'. Era exatamente isso que eu pensava. Pois parecia um barulho de viagem de ônibus, com aceleração e frenadas constantes e rítmicas. Com o tempo me acostumei e quase senti falta quando foi retirado.



No segundo dia, eles liberaram dieta líquida de água de coco, gatorade e chá. Passei o dia com meia xícara de chá e dois dedos de agua de coco. Não aguentava nem olhar para os recipientes. Sonhava com um prato de sopa como se fosse a última refeição de um condenado. Quando ele veio, senti-me no paraíso. Saboreei cada colher como se fosse manjar dos deuses.

No quarto dia, comi uma macorronada, já de alta e na casa de minha cunhada, que preparou carinhosamente cada detalhe para nos acolher nos dias posteriores à internação. Com uma semana, retirei os pontos, inclusive os que mantinham suspensos os meus ovários, e o botão. Sim, um botão. Igual ao que temos em nossas caixas de costura. Era rosa e mantinha preso e levemente suspenso o meu útero, para evitar a formação de aderências, comuns nessa fase. Após a retirada do botão, senti-me nova mulher. Já podia andar mais ereta e tudo já parecia como antes da cirurgia. Nesse mesmo dia, voamos de volta para casa e encontramos a filhotinha exilada da família. Que maravilha é o abraço de reencontro!

No dia seguinte, tomei a primeira xícara de café, acompanhada por um brownie comprado na véspera na Starbucks em São Paulo. Meu segundo manjar dos deuses.

Em 3 dias volto ao trabalho e só não quero dizer que estarei pronta para outra, pois espero que não haja. Mas se for por preparo físico, não haveria impedimento. O médico acredita que a doença não volte e que eu tenho 95% de chances de me livrar de todos os sintomas. Vamos ver...

Obrigada a todos que torceram por mim! Deu certo!