sexta-feira, maio 01, 2009

Endometriose e eu - capítulo final. Será?

Faz 10 dias que me submeti à videolaparoscopia, para retirar os focos encontrados de endometriose superficial (ovários, trompas e ligamentos) e profunda (ovário e intestino).

A cirurgia foi maravilhosa e bem sucedida. Os médicos ficaram satisfeito e surpresos por terem encontrado a situação melhor do que esperavam. Disseram que as três cirurgias anteriores foram muito bem feitas e a coisa não estava tão 'bagunçada' como eles costumam ver em casos semelhantes. Ufa, que alívio! Pelo menos uma coisa para me deixar feliz nessas histórias passadas.

A recuperação está sendo ótima, igual a de artista de TV. Se fosse cantora, muito em breve já me veriam fazendo show sobre um trio elétrico.

O mais difícil foi o jejum anterior e posterior. Ao todo foram dois dias e meio sem comer nada. Na véspera, o preparo intestinal. Me purifiquei até a alma.

Após, o descanso merecido para quem tinha sido tão mexido. Para distrair, ficava imaginando que eu estava na Etiópia e precisava me resignar. Ou que fazia uma greve de fome por alguma ideologia superior e que o mundo inteiro aguardava pela liberação de reféns sequestrados ou pelo fim da guerra no Iraque. Em outros momentos, só via televisão mesmo. Colocamos em dia, eu e maridão, todas as temporadas e filmes disponíveis na TV a cabo. Até que foi muito boa essa parte.

A vista do nosso quarto também era privilegiada. Permitía-nos essa visão da Catedral Ortodoxa de Paraíso:



Nesse início, enquanto estava imóvel, minha circulção em membros inferiores era estimulado por um aparelho cujo nome desconheço, mas que faz um trabalho equivalente ao manguito de um equipamento de aferição automática de pressão. Já ouviram a expressão: 'durma com um barulho desses'. Era exatamente isso que eu pensava. Pois parecia um barulho de viagem de ônibus, com aceleração e frenadas constantes e rítmicas. Com o tempo me acostumei e quase senti falta quando foi retirado.



No segundo dia, eles liberaram dieta líquida de água de coco, gatorade e chá. Passei o dia com meia xícara de chá e dois dedos de agua de coco. Não aguentava nem olhar para os recipientes. Sonhava com um prato de sopa como se fosse a última refeição de um condenado. Quando ele veio, senti-me no paraíso. Saboreei cada colher como se fosse manjar dos deuses.

No quarto dia, comi uma macorronada, já de alta e na casa de minha cunhada, que preparou carinhosamente cada detalhe para nos acolher nos dias posteriores à internação. Com uma semana, retirei os pontos, inclusive os que mantinham suspensos os meus ovários, e o botão. Sim, um botão. Igual ao que temos em nossas caixas de costura. Era rosa e mantinha preso e levemente suspenso o meu útero, para evitar a formação de aderências, comuns nessa fase. Após a retirada do botão, senti-me nova mulher. Já podia andar mais ereta e tudo já parecia como antes da cirurgia. Nesse mesmo dia, voamos de volta para casa e encontramos a filhotinha exilada da família. Que maravilha é o abraço de reencontro!

No dia seguinte, tomei a primeira xícara de café, acompanhada por um brownie comprado na véspera na Starbucks em São Paulo. Meu segundo manjar dos deuses.

Em 3 dias volto ao trabalho e só não quero dizer que estarei pronta para outra, pois espero que não haja. Mas se for por preparo físico, não haveria impedimento. O médico acredita que a doença não volte e que eu tenho 95% de chances de me livrar de todos os sintomas. Vamos ver...

Obrigada a todos que torceram por mim! Deu certo!

4 comentários:

Flavinha disse...

Ufa! Que bom que deu tudo certo!
Fico feliz!
Beijocas

Unknown disse...

O meu botão era branco!!! KKKK! No final, a gente até ri da história.
Beijos

Vica disse...

Espero que corra tudo bem e te recuperes logo. Bjs

Luciana disse...

Olá, Juliana.

Pesquisando sobre endometriose, encontrei o seu blog. Tenho um cisto compatível endometrioma e farei a laparoscopia em breve. Apesar de estar sendo acompanhada por um ótimo médico e ter minhas dúvidas esclarecidas, sempre existe a curiosidade em saber mais e mais... Ler o seu relato me encorajou bastante, principalmente quando ao terminar, me dei conta de que se trata da história da irmã de um amigo querido. Incrível coincidência!!
Moro em SP e vi que seu médico é daqui. Caso haja necessidade futuramente, pedirei o contato dele, ok?
Foi um prazer te conhecer um pouquinho! Grande beijo com carinho, Luciana.