Estávamos em uma reunião no trablho, discutindo os termos e recursos de uma campanha de endomarketing. Não demorou muito surgiu a proposta dos 'pins'. Para quem não sabe, pin é um broche metido a besta. Usado por homens e mulheres, geralmente executivos, para demonstrar a que organização pertencem, onde trabalham ou para que time torcem. Em vez de adorno seve de identificador. Talvez seja então melhor definido como um crachá metido a besta.
Já traziam várias amostras, numas caixas lindíssimas. Nossa, gostei das caixas! Não se anime, não terá caixa. Tive uma necessidade incontrolável de expressar minha posição radicalmente contrária. Mas por que? Não uso pins. Como assim? Não gosto.
Simplesmente não gosto. Já me basta o crachá que tenho que pendurar. Partilho da opinião de um colega que dizia 'não sou carro para precisar de placa'. Chega de placas. E de símbolos, de rótulos e de bandeiras. O pin é uma bandeira que cabe na lapela. E não gosto de levantar bandeiras, nem de carregá-las por aí. Curto um pouco de privacidade. Já somos tão óbvios, tão explícitos. Já é tão fácil nos observar, nos classificar, nos medir, nos julgar, nos encontrar... Para que mais?
Esses dias conversava sobre lutas marciais com dois colegas do trabalho (estávamos na escada, a caminho de nossas seções. Não pensem que interrompemos nossa labuta com assuntos tão impertinentes!) Mas o que ia dizendo? Ah, a discussão sobre as lutas marciais. O colega, no meio de sua argumentação, vira para o outro e diz, 'por exemplo, acha que uma mulher assim como ela, com seus 55kg, consegue evitar, com técnica de krav maga, um golpe de um cara de 90kg?...' Neste ponto já não escutava mais nada, só pensava em como ele poderia saber exatamente o meu peso. Um peso que, aliás, nem tem me agradado muito. E por que estava declarando isso em público?? Qual a necessidade? Quantas pessoas teriam ouvido? Que maldade!
Mas e se não for somente as que passaram por ali. Se pior, será que ando por aí o tempo inteiro com essa cara de 55kg? Putz!! Provavelmente, sim. Todo mundo já sacou os 55kg! São tão óbvios como o meu crachá. De repente estava eu, ali, entre dois colegas de trabalho, me sentindo desnudada e pousada sobre uma balança com letreiros gigantes, de neon. Me pareceu mais assustador do que aquele pesadelo em que de repente estava nua do meio de todos e corria para me esconder atrás de um pedra.
Ali não havia pedra nenhuma. Não tinha saída. Só o crachá. Ou melhor, o pin. Tudo é tão evidente! Raios de pin.
Um comentário:
Arrumei um tempinho hoje para passar por aqui e por coincidência exatamente hoje meu crachá ficou pronto! Rsrsrs... Achei graça!
Devo confessar que eu estava doida para tê-lo, especialmente para fazer vistorias externas, em obras, onde chego e, até hoje, não tinha nada que me apresenta-se facilmente, para provar que eu realmente trabalho onde digo!
Também senti falta dele nas primeiras semanas aqui na nova empresa, muito grande, muita gente! As pessoas não conheciam meu rosto, menos ainda sabiam meu nome... Mas agora, para o dia-a-dia dentro da empresa ele não faz nenhum sentido! E apesar de assinarmos um termo nos comprometendo a usar o crachá diariamente, ninguém, nem os chefes, nem os colegas o usam dentro do prédio!
Mas o melhor é a sua "necessidade incontrolável de expressar minha posição radicalmente contrária"... Essa é a Ju! Rsrsrs...
Beijocas
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