Quando o escolhi - e ainda posso me lembrar como ele me veio tão fácil - foi porque queria falar de mim, do meu cotidiano e porque sabia que eu, a minha vida e minha visão de mundo eram profundamente afetados pelo fato de eu viver e de amar viver em uma cidade. E por essa cidade ser Brasília.

Percebi isso ainda na escola quando toda vez que precisava fazer uma redação biográfica começava com: Sou Juliana e nasci em Brasília. Depois adicionaria o fato de ser servidora pública. E não é a toa que incluímos a profissão em nosssa identidade ao usar o verbo ser.
Toda essa lenga-lenga inicial foi para tentar descobrir se esse cotidiano que vivo hoje, de mãe em tempo praticamente integral, também é afetado por esse fato, apesar de eu não vivenciar essa urbanidade como antes. Eu seria a mesma mãe se tivesse nascido em outro lugar? Minha experiência e a de minha filha seriam diferentes se não morássemos aqui?
Depois me veio a constatação de que eu nunca tinha vivido integralmente a cidade. Mas esse não era um lapso apenas meu. Quem o teria se existem tantas cidades dentro da mesma cidade e cada um de nós conhece apenas aquela ou aquelas poucas com as quais se identifica e, assim, deixa todo o resto por viver. Ou não viver.

E não posso deixar de admitir que no curso do meu pensamento, essa lembrança do quanto nossas visões são parciais e nossas vivências limitadas, como essa percepção do óbvio foi perturbadora.
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