quinta-feira, dezembro 30, 2010

Eu e a cidade

A rotina dos cuidados com a minha bebezinha tem diminuído o meu contato com o mundo exterior e isso inclui, claro, a cidade onde moro. Assim, as minhas histórias, as minhas vivências, os meus textos parecem destoar do nome desse blog.

Quando o escolhi - e ainda posso me lembrar como ele me veio tão fácil - foi porque queria falar de mim, do meu cotidiano e porque sabia que eu, a minha vida e minha visão de mundo eram profundamente afetados pelo fato de eu viver e de amar viver em uma cidade. E por essa cidade ser Brasília.



Percebi isso ainda na escola quando toda vez que precisava fazer uma redação biográfica começava com: Sou Juliana e nasci em Brasília. Depois adicionaria o fato de ser servidora pública. E não é a toa que incluímos a profissão em nosssa identidade ao usar o verbo ser.

Toda essa lenga-lenga inicial foi para tentar descobrir se esse cotidiano que vivo hoje, de mãe em tempo praticamente integral, também é afetado por esse fato, apesar de eu não vivenciar essa urbanidade como antes. Eu seria a mesma mãe se tivesse nascido em outro lugar? Minha experiência e a de minha filha seriam diferentes se não morássemos aqui?

Depois me veio a constatação de que eu nunca tinha vivido integralmente a cidade. Mas esse não era um lapso apenas meu. Quem o teria se existem tantas cidades dentro da mesma cidade e cada um de nós conhece apenas aquela ou aquelas poucas com as quais se identifica e, assim, deixa todo o resto por viver. Ou não viver.



E não posso deixar de admitir que no curso do meu pensamento, essa lembrança do quanto nossas visões são parciais e nossas vivências limitadas, como essa percepção do óbvio foi perturbadora.

Nenhum comentário: