Se alguém me perguntar, faço coro com um bando de gente que faz questão de afirmar que segundo filho é tudo de bom. Há o prazer do encontro com aquelas carinhas tão pequenas e fofinhas, mas sem o stress que envolve todos os cuidados com o primeiro.
Bem, stress não é infortúnio que acomete todas e todos. Há mães e pais bem descolados. Mas eu, definitivamente, não fazia parte desse time. Tudo foi um drama com a minha primeira filha, sobretudo no primeiro mês. Lembro de quase não ter sentido alegria e que aquele período pareceu durar onze meses e meio. Cada dia era uma eternidade. Amamentar foi, inicialmente, uma tortura, com todas as dores e fissuras. Tudo muito diferente do que eu pensava que seria. Com um mês e meio estava desesperada para voltar ao trabalho. Tudo o que eu não queria era passar os dias inteiros dentro de casa com aquele bebê que tanto chorava e com quem eu não sabia lidar direito.
Depois, as coisas foram melhorando, mas não o suficiente para eu curtir numa boa. Naquele início eu disse que nunca mais teria outro filho. Quando ela passou dos dois anos, eu percebi que se os bebês nascessem com essa idade eu poderia ter vários, mas a certeza de que eu não queria mais engravidar só começou a ser abalada após uns quatro anos, quando comecei a pensar na ideia com alguma simpatia. Acabou que a coisa não rolou, perdi três bebês, tudo entremeado com períodos de muita dúvida: será que eu tô mesmo a fim de enfrentar todo aquele início de novo.. (santo ponto de interrogação, cadê você..).
Ano passado cheguei a uma resposta: sim, eu quero. Aí, foi necessária uma séria de preparativos, pois eu não podia mais engravidar naturalmente, teria que me submeter a uma fertilização in vitro e viver a ansiedade do possível insucesso do tratamento. Mas resolvi encarar. Falei para mim mesma e para o meu marido que faria apenas uma tentativa e me preparei para o pior. Se não desse certo não tentaria de novo, acataria como destino.
Bem, após aquele tratamento chatinho cheio de injeções e ecografias e uma espera que parecia infindável, o resultado incrivelmente foi positivo. Como foi maravilhoso aquela dia! Apenas não mais do que o do próprio nascimento, quando eu e meu marido não conseguíamos conter as lágrimas de tanta emoção. Engraçado que isso não tinha acontecido na primeira vez. Mas agora talvez por termos esperado tanto, passado por tantas dificuldades e por já sabermos como era maravilhosa a experiência de uma criança na família, a emoção parecia diferente.
E realmente foi. Éramos pais novamente, dez anos depois. Éramos outras pessoas. E ainda havia mais alguém que partilharia conosco daquele momento. Viver essa experiência de vida junto com a nossa filha de quase dez anos foi muito gostoso. Tudo ficou mais divertido e mais leve. E embora eu tenha tido meus momentos de melancolia puerperal, umas vontades de sumir, uns medos de ter tomado a decisão errada e sem ter como retroceder, no geral, foi muito gostoso e, sem dúvida, muito melhor.
Além de já saber o que esperar, o que temer, o que não temer e o que fazer na maioria das situações, a companhia dessa filha tão interessada em participar, tão envolvida e igualmente apaixonada e, sobretudo, tão prática foi fundamental para que a tranquilidade reinasse nessa casa (pelo menos a maior parte do tempo).
Lembro de dois momentos em que sua sabedoria simples tanto me ajudaram. Um foi quando eu estava tensa com todos e qualquer barulho que pudesse atrapalhar o sono da minha pequena princesa. A vontade era proibir as pessoas de falarem, os cachorros de latirem e a obra do prédio de continuar. Até que ela me deu o conselho fundamental: "Calma, mãe! Se ela acordar, você dá o peito e ela dorme de novo." E não é que era só isso mesmo!!
Outra vez foi quando chegou o dia da primeira vacina. Já estava ansiosa desde o nascimento, desde o teste do pezinho (que fiz questão de não presenciar e maridão é quem fez as vezes), desde a gravidez para dizer a verdade! No caminho do centro de saúde, lá ia eu lamentando a sorte da minha pequenininha, pobre coitadinha. Quando veio a palavra tranquilizadora: "Mãe, não fica assim, você só tem que pensar que é algo para o bem dela."
Ai, quem me dera ter essa praticidade, essa racionalidade! Estou longe de ser assim, mas estou me esforçando muito para aprender!
Portanto, se alguém está precisando de apenas um empurrãozinho para decidir se dá ou não o segundo passo, mando já um empurrão virtual (especialmente se já tiverem se passado 10 anos!!). :-D
Um comentário:
Ju,também estou nesse time.O segundo é tranquilidade pura!
E a novidade quem continua a trazer é o primeiro pois, com a chegada do irmão, chega também o ciúmes. Mãe-polvo que não dê conta do recado para ver o que a espera.
E será que essa praticidade a Júlia herdou da tia!?! Bj Anjura.
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