quarta-feira, julho 25, 2007

Murphy e eu


Sou uma das muitas pessoas neste planeta cuja vida é regida pela Lei de Murphy.
Meu marido discorda de mim, não gosta quando falo isso. Acha que, acreditando na maior probabilidade do erro, acabo por provocá-lo. Ele não entende a ordem das coisas. Não foi assim que as coisas começaram. Ele não é um dos escolhidos, por isso não consegue compreender.
Tenho muitos exemplos. Vários já esqueci, outros ainda pretendo trazer aqui, o último quero compartilhar agora.
Preliminarmente, é importante registrar que, após uma vasta experiência de intempéries e sofrimentos (que quase sempre acabam bem no final, pelo menos), tenho me cercado de estratégias para evitar os problemas e, depois, não poder culpar a teoria de Murphy.
Há pouco mais de um mês, fomos convidados pelo meu cunhado, para sermos padrinhos de seu casamento. Imediatamente após aceitarmos, dirigi-me a Santa Internet e me assegurei da compra das passagens a valores bem interessantes, pude escolher bem os lugares (para que não viajássemos separados ou do lado do banheiro ou na porta da emergência...), parcelei de tal forma que não ficasse pesado e que não durasse a vida inteira, blá, blá, blá. Alguns dias depois, usando todo o meu conhecimento de planejamento e estratégia, iniciei a busca por um vestido. Encontrei-o numa loja bem legal, onde me serviram champagne e tudo mais. Usei como forma de pagamento a minha primeira folha de cheque "Estilo" do Banco do Brasil - nada mais adequado. Segundo a Fiat, "stilo" é algo que você tem ou não tem. Segundo o BB, o tal atributo não é para todos e eles têm feito muita propaganda alardeando as muitas vantagens de ser um "cliente estilo". Tinha saído do banco dois dias antes - quando levei cópias de todos os meus documentos para "atualizar cadastro" - levando meu talonário chique e me sentindo muito estilosa. Assim também me senti comprando vestido de festa e tomando champagne. Tudo combinando com o meu estilo!
Dois dias após a compra, volto de uma reunião no trabalho e vejo um recado sobre minha mesa dizendo que a gerente do BB tinha ligado às 10h38. Eram 11h10. Retornei a ligação, pensando no que deveria ser. Logo sou comunicada de que eles tinham devolvido um cheque meu (o tal do vestido!!) porque a assinatura estava "com-ple-ta-men-te diferente da do cartão de autógrafo".
Fiz 3 segundos de silêncio.
- Como assim?, devolvido!? Como assim a assinatura está diferente? Essa é a minha assinatura há meses, quiçá há anos!!! Além do mais, eu fui aí na agência há 3 dias atualizar meu cadastro e não me foi pedido para atualizar assinatura!!! Que palhaçada é essa de cliente estilo, então, se vocês não tem a mínima consideração de me contactar antes de devolver um cheque???
- Mas eu tentei contatar, liguei aí e avisei que precisava falar urgente! (mentira, segundo minha colega que anotou o recado)
- Bem, se era urgente, poderia ter ligado no meu celular, cujo número eu te confirmei há 3 dias!! Além do mais, se você tivesse mesmo falado que era urgente, a minha colega sem dúvida teria me avisado onde quer que eu estivesse. Mas e aí? E agora?
- 'Ah, agora não tem jeito, porque o malote saiu às 11h e já foi .....' Nem me lembro para onde, me parecia um lugar muito longínquo, inatingível. Esbravejo um pouco com a criatura, desligo o telefone, sinto o sangue todo no topo da cuca, a vontade de esganá-la aos poucos e penso no grande estilo da inauguração do meu cheque. (Segundo o meu marido, a diferença entre o cheque estilo e os outros é que dos primeiros eles conferem a assinatura! Que saudade do meu cheque ouro sem estilo!!)
Entro na Santa Internet, procuro o telefone da loja, não acho, procuro o telefone do shopping, ligo para descobrir o número da loja, tento falar com a gerente que não está, falo com a vendedora, aviso da situação e que ela pode reapresentar o cheque assim que ele chegar.
Ao meio-dia, saio do trabalho, vou à agência do Banco (feliz da vida!), pego senha, sento, espero, chego ao gerente de relacionamento - que felizmente não era a minha (que corria risco de ser esganada em público!), conto toda a ladainha, dou meus 3 autógrafos e o eficiente funcionário consegue, milagrosamente, após algumas teclas, parar, no sistema, o meu cheque, que volta para ser, justa e finalmente, compensado.
Cumprida essa etapa, levo o vestido, com três semanas de antecedência da viagem - registre-se! - para ser ajustado, pois estava meio largo. Iria buscá-lo no fim-de-semana seguinte, mas como tive que viajar, acabei indo somente duas semanas depois. Tudo bem, pois ainda faltava uma semana - tempo suficiente para lavar e secar. Volto lá nessa costureira que me atende há uns 8 anos, sempre de maneira muito eficiente e com muita qualidade. Desta vez, entretanto, das 5 peças que levei, 4 ficaram erradas (um índice de 80% de erro!!), inclusive e especialmente o vestido. Solicitei, então, que, pelo menos o vestido, fosse consertado com urgência, pois iria viajar, seria madrinha de um casamento, queria lavá-lo, tal, tal, tal.
Volto lá ontem - data marcada, 2 horas após o combinado. Você saiu com o vestido? Nem eu. Ainda estavam trabalhando no dito cujo - única urgência solicitada - e também nas outras 3 peças, cuja prioridade, havia bem salientado, não era necessária. Esperei 15 minutos, em meu horário de expediente, p. da vida, exercitando todo o meu auto-controle, para não ser deselegante. Até que desisti e avisei que voltaria no dia seguinte - hoje. Fui lá. Pegou o vestido? Nem eu. Ficou para amanhã: véspera da viagem!
Vamos ver se haverá vestido novo para o casamento, pois lavado já sabemos que não haverá! Aliás, vamos ver se haverá viagem, pois hoje, em determinado horário da manhã, 84% dos vôos que sairiam de Brasília registravam atraso de mais de uma hora. Vários foram cancelados.
Será que Murphy dará trégua e o meu vôo não será cancelado, nem sofrerá atraso, nem explodirá e as minhas malas chegarão todas e intactas?
Ou isso tudo já é pedir demais?

Observação: Quando estava quase no final desta postagem, apertei alguma tecla que fechou o blog e perdi parte do que não estava salvo. Tive que voltar e reescrever. Coisas de Murphy....

2 comentários:

Flávia disse...

Ju,

Os escolhidos não compreendem mesmo. E não adianta tentar mudar, que quem nasceu pra Flávia e Juliana pode até ter estilo, mas sorte... E, como diz um certo Chico conhecido nosso, lembre-se que o Banco é DO BRASIL.

Beijinho,
Flávia.

Anônimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado