Após muita expectativa, contagem regressiva, chega o grande dia em que eu, meu marido e minhas irmãs, com as respectivas crias, viajaríamos para a casa de nossos pais em Caldas Novas para comemorarmos juntos o Natal, juntamente com o irmão, a cunhada e a filhotinha, que moram em Rio Verde-GO.
O combinado: sairmos às 9h de sábado. Almoçarmos em Caldas Novas. Aproveitarmos o resto do dia.
O ocorrido: é uma longa história. Pegue uma almofada, um copo d'água, uns biscoitos, se quiser continuar a leitura.
Obs.: Tem final feliz e muitas fotos, se servir de estímulo!
Se você ainda está aqui, então vamos lá.
7h. Acordei, desliguei o despertador sem abrir os olhos e continuei a dormir.
Acordei de novo às 8h23 com o chamado telefônico da primeira irmã, interessada em saber como eu estava, porque ela estava estava inerte em sua cama, enquanto a outra já estava histérica tentando arrancá-la quase à força de seu sono encantado. Avisei-a que já tinha alterado os planos. Ela gostou e disse que avisaria à nervosa que poderia seguir viagem sozinha com o filhote, se quisesse.
Levantei às 9. Estimei que estáríamos prontos para sair às 11h. Tudo bem, em vez de almoçar lá, o faríamos na estrada. Seria divertido também.
Às 10h liguei para elas, para avisar em que ponto estava. A ansiosa voltara a dormir e a outra estava levantando.
Às 11h me ligam novamente avisando que o pneu do carro estava furado. E o estepe? O que está furado é o estepe. O outro é o que estava antes e está careca e furado. Como que vocês deixam isso, por que não consertaram logo, blá, blá, blá...
E agora? Como resolver? Tirar o pneu e levá-lo ao borracheiro?... tem a moto, mas tem que ir de duas, o que fazer com as duas crianças?... você pode vir aqui? Até posso, mas ainda vai demorar e acabamos de lembrar do peixe. Teremos que levá-lo para a santa amiga que tomará conta dele por esses dias. Depois ainda temos que passar na farmácia. Vamos demorar a chegar. Tudo bem, vou ver o que faço.
Um santo vizinho aparece na hora. Ajuda a retirar o pneu, a levar no borracheiro, a arrumar e a colocar de volta.
A esta hora (13h), estamos chegando lá. Eu, marido, filha, uma cadela e um carro atolado de coisas, que seriam levadas para a casa da mãe (malas, zilhões de embalagens de encomedas de papai Noel, penteadeira infantil, geladeira de brinquedo, gaiola do periquito que fugiu e outros)ou utilizados na viagem (DVD portátil, livros infantis, travesseiros, 3 cadeirinhas infantis...).
Todos já estão com fome. A cadela tem que fazer xixi. Passeamos com a cachorra, mas ela não quer fazer nada.
Colocamos as crianças no carro (7, 4 e 2 anos), a cadelinha e vamos almoçar. Um lanche rápido, para não enrolar mais. São 13h30. O menino não come pizza, a menina não come sanduíche, eu queria empada, mas ninguém gosta. Vamos ao bom Mc Donalds. Para a filha, um Mc lanche feliz com surpresinha. Para o menino, um hamburger (sem carne, que ele não gosta), para a menina, as batatas do menino. Pegamos todo o lanche, inclusive o do pai e vamos para a loja de empadas, para a mãe satisfazer seu desejo. Pai, mãe, 3 crianças e cachorro. Amarramos a cachorra numa árvore próxima, ela não se conforma e chora o almoço inteiro. Enchemos a mesa de coisas do Mc Donalds, usamos o banheiro e pedimos uma empada, um refri e um suco. Depois resolvemos comprar outras coisas para levar para a viagem, para não ficar tão evidente a cara-de-pau.
Finalmente, às 14h30, partimos. Deus abençoe a nossa viagem. Encontramos mais à frente com as duas irmãs, em outro carro - uma saveiro, em que só cabem duas pessoas (e muuuuita bagagem!).
Quase às 17h, na cidade que marca a metade do caminho, após feita a primeira parada para as crianças irem ao banheiro, notamos a falta do carro das meninas. Paramos e aguardamos. Nada. O telefone toca. Elas ficaram paradas na reta final de Vianópolis. Perguntou se chovia? Que dúvida! O carro deu um estouro e morreu. No meio de uma grande poça d'água.
Após chegarmos ao local, desce a irmã do carro, com o seu guarda-chuva de sapo, para ver o que estava errado. Faz pose para foto, a pedidos.
O marido também vai lá para ajudar. Confabulam.
Descobrem que o distribuidor está encharcado. Tentam secá-lo. Nada.
O marido volta ao carro, para estacioná-lo melhor, após terem empurrado o outro para o acostamento.
Felizmente, porque Murphy dá uma trégua no período natalino, aparecem duas almas caridosas, num carro de serviço de manutenção mecânica. Sim, anjos da guarda existem!
Enquanto isso, as crianças resolvem libertar-se dos cintos de segurança e fazer um lanche.
E a cadelinha, também. Que ninguém é de ferro!
Na pausa para a reposição de energias, os anjos também resolveram dar uma parada e descansar. Aproveitando essa brecha, passa um espírito de porco (sim, eles existem em bandos) que, propositalmente, dá um banho de água suja nos dois (marido e irmãzinha) enquanto arrumam umas coisas no porta-malas do carro. Olhem o resultado, que maravilha! O marido fica muito feliz! A irmã também (embora não apareça)!
O restante da viagem tem que ser feito sem camisa, porque as malas estão no fundo, atrás de todas as encomendas natalinas em seus embrulhos de papel que molhariam na chuva. Ê, Murphy, cadê a nossa folga?!
Os prestativos e eficientes rapazes finalmente fazem o carro funcionar. Após mais duas paradas, chegamos ao nosso destino. Às 20h, para o jantar!
Está inaugurada a temporada de férias da família!!
P.S.: Nos próximos dias, estaremos viajando. Pode ser que o blog entre em recesso. Ou não. Como diria nosso querido Caetano.
A idéia é refletir, meditar, discutir, desabafar... histórias, sentimentos, experiências, vivências... o cotidiano dessa vida urbana louca de uma mulher - mãe, profissional, esposa, dona-de-casa - em busca de viver e de ser feliz.
sábado, dezembro 29, 2007
quinta-feira, dezembro 20, 2007
A primeira formatura a gente nunca esquece
Minha filha, que recém completou sete anos, conseguiu seu primeiro êxito acadêmico - graduou-se com louvor na educação infantil (antigo Prezinho, antigo 3º Jardim, atual 1º ano do ensino fundamental. Vá querer entender...)
COISA MAIS LINDA!!!
Senti-me a mãe da noiva, não, a mãe da filha prestes a receber o Nobel de Física, tamanha a emoção e expectativa.
Gente, que alegria, não tenho mais uma filha analfabeta!
Que alívio!
Agora ela pode pegar ônibus, saber se o banheiro está livre ou ocupado, se é feminino ou masculino (se não tiver figurinha), discernir entre um vidro de limpa-vidros e de amaciante para passar roupas, identificar se o líquido que pretende ingerir é um veneno ou um xarope...
Ai quantas maravilhas nos revela esse mundo das palavras... Que emoção ao ouvi-la ler e recitar os poemas infantis de Cecília Meirelles e contar-me as aventuras de Dom Quixote tiradas dos quadrinhos de Monteiro Lobato. Que emoção ao ouvi-la ler as placas de trânsito, os avisos no elevador, o rótulo de tabasco, a caixa de cereais....
Uma amiga comentava em seu blog a velocidade com que seu bebê chegara aos 18 meses e dizia que em nenhum momento teve pressa de que isso acontecesse, que o tempo se acelerasse. Comentei que eu era exatamente do grupo oposto, a de que torcia para que meu bebê tivesse logo uns quatro anos. É verdade que continuo tendo certo pânico de bebês (muito frágeis e dependentes para o meu gosto). Quando vejo fotos ou filmes de quando ela tinha meses, um ou dois aninhos, aquela bolinha de fofura, sinto saudades, mas vontade alguma de reviver. Entretanto, se pudesse escolher uma idade para congelar o tempo seria essa. Nesse momento em que ainda é roliça e apertável como um bebê, tem aquela vozinha de criança, acredita em papai Noel e coelhinho da Páscoa, vez ou outra ainda foge para a nossa cama, raciocina sob aquela deliciosa lógica infantil, mas já tem argumentos para defender seus desejos e pontos de vista, experiência de vida para compartilhar, sabe tomar banho, vestir-se e alimentar-se sozinha. Desses dias sinto nostalgia desde já.
COISA MAIS LINDA!!!
Senti-me a mãe da noiva, não, a mãe da filha prestes a receber o Nobel de Física, tamanha a emoção e expectativa.
Gente, que alegria, não tenho mais uma filha analfabeta!
Que alívio!
Agora ela pode pegar ônibus, saber se o banheiro está livre ou ocupado, se é feminino ou masculino (se não tiver figurinha), discernir entre um vidro de limpa-vidros e de amaciante para passar roupas, identificar se o líquido que pretende ingerir é um veneno ou um xarope...
Ai quantas maravilhas nos revela esse mundo das palavras... Que emoção ao ouvi-la ler e recitar os poemas infantis de Cecília Meirelles e contar-me as aventuras de Dom Quixote tiradas dos quadrinhos de Monteiro Lobato. Que emoção ao ouvi-la ler as placas de trânsito, os avisos no elevador, o rótulo de tabasco, a caixa de cereais....
Uma amiga comentava em seu blog a velocidade com que seu bebê chegara aos 18 meses e dizia que em nenhum momento teve pressa de que isso acontecesse, que o tempo se acelerasse. Comentei que eu era exatamente do grupo oposto, a de que torcia para que meu bebê tivesse logo uns quatro anos. É verdade que continuo tendo certo pânico de bebês (muito frágeis e dependentes para o meu gosto). Quando vejo fotos ou filmes de quando ela tinha meses, um ou dois aninhos, aquela bolinha de fofura, sinto saudades, mas vontade alguma de reviver. Entretanto, se pudesse escolher uma idade para congelar o tempo seria essa. Nesse momento em que ainda é roliça e apertável como um bebê, tem aquela vozinha de criança, acredita em papai Noel e coelhinho da Páscoa, vez ou outra ainda foge para a nossa cama, raciocina sob aquela deliciosa lógica infantil, mas já tem argumentos para defender seus desejos e pontos de vista, experiência de vida para compartilhar, sabe tomar banho, vestir-se e alimentar-se sozinha. Desses dias sinto nostalgia desde já.
Pedindo a nota
LEI No 8.846, DE 21 DE JANEIRO DE 1994.
Dispõe sobre a emissão de documentos fiscais e o arbitramento da receita mínima para efeitos tributários, e dá outras providências.
Art. 1º A emissão de nota fiscal, recibo ou documento equivalente, relativo à venda de mercadorias, prestação de serviços ou operações de alienação de bens móveis, deverá ser efetuada, para efeito da legislação do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, no momento da efetivação da operação.
(...)
Art. 2º Caracteriza omissão de receita ou de rendimentos, inclusive ganhos de capital para efeito do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza e das contribuições sociais, incidentes sobre o lucro e o faturamento, a falta de emissão da nota fiscal, recibo ou documento equivalente, no momento da efetivação das operações a que se refere o artigo anterior, bem como a sua emissão com valor inferior ao da operação.
Pense numa coisa que me irrita é loja, empreendimento comercial ou profissional autônomo que, descaradamente, não entrega o recibo ou cupom fiscal. Faz um tempinho que decidi ser chata e fazer a minha parte como consumidora e cidadã para que todos paguem os impostos a que são obrigados e, assim, contribuam para a melhoria dos serviços públicos em nossa cidade.
Então, toda vez que faço uma compra, vou a um restaurante, ao salão de beleza ou à padaria, peço a nota fiscal. Sou uma fisco-chata. A padaria a que costumo ir, que se chama Pão Dourado, faço questão de nominar, produz quitutes deliciosos, mas tem a cara-de-pau de ter várias maquinetas registradoras obrigatórias e deixá-las desligadas. Usam uma calculadora de mão e passam o valor para o cliente. Sem registro. Ontem comprei uns pães, no valor de R$ 7,64. Como sempre, a impressora fiscal estava desligada. O bloqueto de notas não estava a mão da funcionária. Ela teve que abandonar seu posto, ir ao outro caixa, buscar o bloco de notas. Não me comovi. Esperei tranquilamente. Felizmente não tinha fila, então eu não corria risco de ser alvejada por outros fregueses apressados não imbuídos do mesmo espírito que eu. Acho que esta loja é a terceira filial da rede. Eles parecem estar rachando de ganhar dinheiro, porque a qualquer hora que se vá lá há gente comprando. Em alguns horários, muita gente... Por que não deveriam contribuir com a parte que lhes é devida, com as receitas que vão subsidiar a saúde, a educação, a segurança pública?
Depois coloca-se a culpa de todas as mazelas sociais nos políticos corruptos. Eles certamente têm sua parcela de responsabilidade, mas não a totalidade. Essa culpa deve ser compartilhada e atribuída a outros de direito, como empresários sonegadores de impostos e a sociedade muitas vezes cúmplice ou alienada.
Dispõe sobre a emissão de documentos fiscais e o arbitramento da receita mínima para efeitos tributários, e dá outras providências.
Art. 1º A emissão de nota fiscal, recibo ou documento equivalente, relativo à venda de mercadorias, prestação de serviços ou operações de alienação de bens móveis, deverá ser efetuada, para efeito da legislação do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, no momento da efetivação da operação.
(...)
Art. 2º Caracteriza omissão de receita ou de rendimentos, inclusive ganhos de capital para efeito do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza e das contribuições sociais, incidentes sobre o lucro e o faturamento, a falta de emissão da nota fiscal, recibo ou documento equivalente, no momento da efetivação das operações a que se refere o artigo anterior, bem como a sua emissão com valor inferior ao da operação.
Pense numa coisa que me irrita é loja, empreendimento comercial ou profissional autônomo que, descaradamente, não entrega o recibo ou cupom fiscal. Faz um tempinho que decidi ser chata e fazer a minha parte como consumidora e cidadã para que todos paguem os impostos a que são obrigados e, assim, contribuam para a melhoria dos serviços públicos em nossa cidade.
Então, toda vez que faço uma compra, vou a um restaurante, ao salão de beleza ou à padaria, peço a nota fiscal. Sou uma fisco-chata. A padaria a que costumo ir, que se chama Pão Dourado, faço questão de nominar, produz quitutes deliciosos, mas tem a cara-de-pau de ter várias maquinetas registradoras obrigatórias e deixá-las desligadas. Usam uma calculadora de mão e passam o valor para o cliente. Sem registro. Ontem comprei uns pães, no valor de R$ 7,64. Como sempre, a impressora fiscal estava desligada. O bloqueto de notas não estava a mão da funcionária. Ela teve que abandonar seu posto, ir ao outro caixa, buscar o bloco de notas. Não me comovi. Esperei tranquilamente. Felizmente não tinha fila, então eu não corria risco de ser alvejada por outros fregueses apressados não imbuídos do mesmo espírito que eu. Acho que esta loja é a terceira filial da rede. Eles parecem estar rachando de ganhar dinheiro, porque a qualquer hora que se vá lá há gente comprando. Em alguns horários, muita gente... Por que não deveriam contribuir com a parte que lhes é devida, com as receitas que vão subsidiar a saúde, a educação, a segurança pública?
Depois coloca-se a culpa de todas as mazelas sociais nos políticos corruptos. Eles certamente têm sua parcela de responsabilidade, mas não a totalidade. Essa culpa deve ser compartilhada e atribuída a outros de direito, como empresários sonegadores de impostos e a sociedade muitas vezes cúmplice ou alienada.
Pensamentos do dia
Nota preliminar: Se o título remeteu à idéia de que haveria em seguida algum pensamento interessante, que o(a) levaria à reflexão ou a algum crescimento espiritual. Esqueça. Procure outra página.
Ontem estava em uma confeitaria aqui de Brasília degustando uma deliciosa e generosa fatia de torta de chocolate com damasco (um de meus prazeres prediletos). De repente, me peguei pensando com pena nas mulheres esqueléticas que continuam fazendo regimes malucos e privando-se de maravilhas da vida.
Em seguida, me veio à cabeça a lembrança dos obesos que se atiram sobre a comida com a ânsia de um faminto no deserto e além de deformarem seus corpos, culpam-se e entristecem-se por isso. Senti pena deles também.
A partir daí, contrariando as minhas vontades, me encheram o pensamento uma sequência de 'penas' variadas:
- Das crianças vítimas da miséria de seus pais e de um país injusto e incompetente, que não consegue dar-lhes uma infância digna e decente;
- De outro lado, das pobres crianças ricas, cujos pais desejosos de suprir-lhes a ausência de amor, atenção e afeto, enchem-nas de presentes e mercadorias para comprar-lhes a redenção e o sossego;
- e como poderia não lembrar dos trabalhadores sofridos, da multidão de escravizados, das mulheres espancadas, dos filhos abortados, das adolescentes prostituídas, dos jovens drogados, das crianças doentes, dos idosos abandonados...
Chega! Não quero pensar nisso! É dezembro, é natal! Quero luzes piscando, pilhas de presentes, papéis coloridos, cartões musicais, amor, carinho, saúde e paz.
Quero um próspero ano novo, com muito sucesso e realizações... Muitas alegras e felicidades!... E dinheiro no bolso também!
Pronto, já esqueci toda a miséria. Ou quase. Penso que somos todos, de uma forma ou de outra, miseráveis. Carentes... Pequenos... Frágeis...
Mesmo assim, ... Papai Noel, quero pedir que neste Natal e nos próximos também ninguém seja merecedor da pena alheia.
Obrigada!
Ontem estava em uma confeitaria aqui de Brasília degustando uma deliciosa e generosa fatia de torta de chocolate com damasco (um de meus prazeres prediletos). De repente, me peguei pensando com pena nas mulheres esqueléticas que continuam fazendo regimes malucos e privando-se de maravilhas da vida.
Em seguida, me veio à cabeça a lembrança dos obesos que se atiram sobre a comida com a ânsia de um faminto no deserto e além de deformarem seus corpos, culpam-se e entristecem-se por isso. Senti pena deles também.
A partir daí, contrariando as minhas vontades, me encheram o pensamento uma sequência de 'penas' variadas:
- Das crianças vítimas da miséria de seus pais e de um país injusto e incompetente, que não consegue dar-lhes uma infância digna e decente;
- De outro lado, das pobres crianças ricas, cujos pais desejosos de suprir-lhes a ausência de amor, atenção e afeto, enchem-nas de presentes e mercadorias para comprar-lhes a redenção e o sossego;
- e como poderia não lembrar dos trabalhadores sofridos, da multidão de escravizados, das mulheres espancadas, dos filhos abortados, das adolescentes prostituídas, dos jovens drogados, das crianças doentes, dos idosos abandonados...
Chega! Não quero pensar nisso! É dezembro, é natal! Quero luzes piscando, pilhas de presentes, papéis coloridos, cartões musicais, amor, carinho, saúde e paz.
Quero um próspero ano novo, com muito sucesso e realizações... Muitas alegras e felicidades!... E dinheiro no bolso também!
Pronto, já esqueci toda a miséria. Ou quase. Penso que somos todos, de uma forma ou de outra, miseráveis. Carentes... Pequenos... Frágeis...
Mesmo assim, ... Papai Noel, quero pedir que neste Natal e nos próximos também ninguém seja merecedor da pena alheia.
Obrigada!
domingo, dezembro 09, 2007
Meu avô
Hoje faz 3 anos que meu avô morreu.
Há quem morra e passe dessa para melhor, há quem desencarne, há quem vá sentar-se ao lado do Senhor, há quem vire purpurina. Acho que meu avô cansou-se. E morreu.
Meu avô era especial. Ele era único.
Às vezes ainda sonho com ele. Ou acordo pensando nele. Noutras me pego quase levantando para visitá-lo em sua casa. A verdade é que ele parece estar por aqui.
Ainda ouço sua voz, rio de suas brincadeiras, choro com saudade.
Quando éramos pequenos ele brincava de cavalinho em seu colo. Pedia para repetirmos, paca, tatu, cotia não. Demorei anos para entender a brincadeira. Ele nunca explicou. Ainda me lembro o dia do insight.
Ele me contava histórias do "seu tempo". De quando era criança e aprontava horrores com seus irmãos. Levava surras homéricas por isso. Seu pai chegava em casa, quando eles estavam dormindo, ouvia o histórico diário da mãe, acordava-os e avisava que, no dia seguinte, quando acordassem, levariam uma surra.
Tenho minhas dúvidas se, mesmo naquela época esse pai acreditava que estava educando. Hoje, vejo como sadismo.
As surras não serviram senão para humilhar, deixar traumas e servir de exemplo de que pai não podia bater em filho. Não bateu nos seus. Uma de minhas tias tem uma lembrança de que levou uma palmada uma vez na sola dos pés de tanto que teimava em andar descalça. Como era coisa rara, ficou na lembrança.
Mas não era doce de candura. Dizem que foi um namorado insuportável e parece que um marido lastimável. Ainda assim, viveu com minha avó até que a morte os separou. Parece que a coisa era meio entre tapas e beijos. A história nos chega truncada. Não sei ao certo como era.
Estudou até o ginásio, na época em que o latim fazia parte do currículo escolar. Foi servidor público mediano. Ministério da Fazenda. Motivo de orgulho. Desde que me entendo por gente já era aposentado. Teve tuberculose e enfisema pulmonar, motivo de sua sina. Bebeu e fumou quanto pôde, até se descobrir doente. Morou no Posto 6 de Copacabana nos áureos tempos do Rio de Janeiro. Conheceu os cassinos e os cabarés. Pagou caro por seus vícios.
Entoava em tom de brincadeira "tornei-me um ébrio na bebida busco esquecer aquela ingrata que eu amava e que me abandonou..." Morríamos de achar graça.
Me cantava La Marseillaise e dizia que era o hino mais bonito do mundo. Gostava de Alvarenga e Ranchinho e assisitia ao "Som Brasil" todo domingo de manhã. Embora não curtisse moda viola, gostava de ficar ao seu lado. Depois ele passava para o Domingo no Parque e ríamos juntos das bobeiras do Sílvio Santos.
Até alguns anos antes de a doença apertar ia visitar a todos da família caminhando. Chegava a andar quase dez quilômetros. Era sarado. Quando nos espantávamos com seu preparo físico, lembrava-nos de seu passado de estivador no cais do porto.
Como era aposentado, não sabia dirigir e minha avó trabalhava fora e quase não parava em casa, ele costumava fazer alguns serviços domésticos. Lavava sua roupa na máquina, passava suas camisas e lavava louça. Depois secava tudo sem deixar uma gota e ninguém podia usar a pia para não molhá-la. Jogava o lixo fora, trocava o saco e não queria que ninguém o sujasse. Tínhamos que ir lá fora do apartamento para jogar o lixo fora. Era homem de manias.
Tinha um mau-humor antológico, para não dizer patológico. Eu era a neta mais velha e usufruía de certa predileção, o que me fazia ser poupada de algumas de suas pérolas de indelicadeza. Não era incomum a gente ligar para lá e ao atender, antes de qualquer palavra, ele simplesmente dizer que minha avó não estava e bater o telefone na cara de quem quer que fosse. Quando estava de bom humor, perguntava: "adivinha quem está em casa?" E a gente já sabia a resposta, mas sempre dava corda - quem? E ele enumerava - eu, seu avô, o pai da sua mãe, o marido da Dulcinéa.... Quando alguém ia visitá-lo e ele não estava a fim de visitas ou não abria a porta ou abria, olhava e fechava na cara da pessoa. Sem cerimônias. Quando estava de bom humor, abria a porta com um sorriso "oh, a que devo essa nobre visita?". No meio da conversa perguntava - você quer que eu te mande à ou para a? E ao se despedir, sempre repetia "não tive prazer nenhum em vê-lo" e a gente respondia: a recíproca é verdadeira.
Adorava crianças e as crianças o adoravam. Tinha um carisma especial, misturado com sua antipatia. E uma coleção de bugingangas do Vasco da Gama, uma mãozinha de madeira de coçar as costas e alguns rádios de pilha para ouvir os jogos e a Super Rádio FM, que só tocava música "de velho", assim eu achava. Alguns desses foram com ele para debaixo da terra.
Quase não acreditei quando o vi estático naquele caixão. Queria que se levantasse e me contasse mais histórias de seu tempo de menino. Ou de seu tempo de adulto. Quando passaram um aperto, não tinham nada para comer e ele recebeu de herança uma coleção de sapatos que foi trocada por vidros de leite para as crianças.
Tomava café com dois dedos de açúcar. Adorava cocada. Era mineiro de Carangola e carioca de coração. Chamava minha avó de seborréia e diarréia e a gente se divertia com essa palhaçada nada politicamente correta. Ele definitivamente não era politicamente correto.
Sobre política e arquitetura, foi quem conseguiu me ensinar qual prédio era o da Câmara e o do Senado, o da abóboda para cima ou para baixo: "o prato que tá virado para cima é o dos deputados, que roubam o dinheiro do povo e o para baixo é o dos senadores, que escondem tudo lá embaixo". Nunca mais esqueci.
Não era religioso. Talvez fosse ateu. Não gostava de padres, nem de igreja. Mas ía às festividades religiosas. Foi ao batizado da minha filha, apesar do tubo de oxigênio ligado a uma sonda que não podia mais sair de sua narina. Dizia que era o homem-pipa, com aqueles tubos saindo dele como uma rabiola sinuosa.
Morreu aos 80 anos. Deixou uma esposa, seis filhos, dezoito netos, quatro bisnetos (que já viraram 8) e uma saudade que não se conta.
Um beijo, meu avô do coração.
(1924-2004)
Há quem morra e passe dessa para melhor, há quem desencarne, há quem vá sentar-se ao lado do Senhor, há quem vire purpurina. Acho que meu avô cansou-se. E morreu.
Meu avô era especial. Ele era único.
Às vezes ainda sonho com ele. Ou acordo pensando nele. Noutras me pego quase levantando para visitá-lo em sua casa. A verdade é que ele parece estar por aqui.
Ainda ouço sua voz, rio de suas brincadeiras, choro com saudade.
Quando éramos pequenos ele brincava de cavalinho em seu colo. Pedia para repetirmos, paca, tatu, cotia não. Demorei anos para entender a brincadeira. Ele nunca explicou. Ainda me lembro o dia do insight.
Ele me contava histórias do "seu tempo". De quando era criança e aprontava horrores com seus irmãos. Levava surras homéricas por isso. Seu pai chegava em casa, quando eles estavam dormindo, ouvia o histórico diário da mãe, acordava-os e avisava que, no dia seguinte, quando acordassem, levariam uma surra.
Tenho minhas dúvidas se, mesmo naquela época esse pai acreditava que estava educando. Hoje, vejo como sadismo.
As surras não serviram senão para humilhar, deixar traumas e servir de exemplo de que pai não podia bater em filho. Não bateu nos seus. Uma de minhas tias tem uma lembrança de que levou uma palmada uma vez na sola dos pés de tanto que teimava em andar descalça. Como era coisa rara, ficou na lembrança.
Mas não era doce de candura. Dizem que foi um namorado insuportável e parece que um marido lastimável. Ainda assim, viveu com minha avó até que a morte os separou. Parece que a coisa era meio entre tapas e beijos. A história nos chega truncada. Não sei ao certo como era.
Estudou até o ginásio, na época em que o latim fazia parte do currículo escolar. Foi servidor público mediano. Ministério da Fazenda. Motivo de orgulho. Desde que me entendo por gente já era aposentado. Teve tuberculose e enfisema pulmonar, motivo de sua sina. Bebeu e fumou quanto pôde, até se descobrir doente. Morou no Posto 6 de Copacabana nos áureos tempos do Rio de Janeiro. Conheceu os cassinos e os cabarés. Pagou caro por seus vícios.
Entoava em tom de brincadeira "tornei-me um ébrio na bebida busco esquecer aquela ingrata que eu amava e que me abandonou..." Morríamos de achar graça.
Me cantava La Marseillaise e dizia que era o hino mais bonito do mundo. Gostava de Alvarenga e Ranchinho e assisitia ao "Som Brasil" todo domingo de manhã. Embora não curtisse moda viola, gostava de ficar ao seu lado. Depois ele passava para o Domingo no Parque e ríamos juntos das bobeiras do Sílvio Santos.
Até alguns anos antes de a doença apertar ia visitar a todos da família caminhando. Chegava a andar quase dez quilômetros. Era sarado. Quando nos espantávamos com seu preparo físico, lembrava-nos de seu passado de estivador no cais do porto.
Como era aposentado, não sabia dirigir e minha avó trabalhava fora e quase não parava em casa, ele costumava fazer alguns serviços domésticos. Lavava sua roupa na máquina, passava suas camisas e lavava louça. Depois secava tudo sem deixar uma gota e ninguém podia usar a pia para não molhá-la. Jogava o lixo fora, trocava o saco e não queria que ninguém o sujasse. Tínhamos que ir lá fora do apartamento para jogar o lixo fora. Era homem de manias.
Tinha um mau-humor antológico, para não dizer patológico. Eu era a neta mais velha e usufruía de certa predileção, o que me fazia ser poupada de algumas de suas pérolas de indelicadeza. Não era incomum a gente ligar para lá e ao atender, antes de qualquer palavra, ele simplesmente dizer que minha avó não estava e bater o telefone na cara de quem quer que fosse. Quando estava de bom humor, perguntava: "adivinha quem está em casa?" E a gente já sabia a resposta, mas sempre dava corda - quem? E ele enumerava - eu, seu avô, o pai da sua mãe, o marido da Dulcinéa.... Quando alguém ia visitá-lo e ele não estava a fim de visitas ou não abria a porta ou abria, olhava e fechava na cara da pessoa. Sem cerimônias. Quando estava de bom humor, abria a porta com um sorriso "oh, a que devo essa nobre visita?". No meio da conversa perguntava - você quer que eu te mande à ou para a? E ao se despedir, sempre repetia "não tive prazer nenhum em vê-lo" e a gente respondia: a recíproca é verdadeira.
Adorava crianças e as crianças o adoravam. Tinha um carisma especial, misturado com sua antipatia. E uma coleção de bugingangas do Vasco da Gama, uma mãozinha de madeira de coçar as costas e alguns rádios de pilha para ouvir os jogos e a Super Rádio FM, que só tocava música "de velho", assim eu achava. Alguns desses foram com ele para debaixo da terra.
Quase não acreditei quando o vi estático naquele caixão. Queria que se levantasse e me contasse mais histórias de seu tempo de menino. Ou de seu tempo de adulto. Quando passaram um aperto, não tinham nada para comer e ele recebeu de herança uma coleção de sapatos que foi trocada por vidros de leite para as crianças.
Tomava café com dois dedos de açúcar. Adorava cocada. Era mineiro de Carangola e carioca de coração. Chamava minha avó de seborréia e diarréia e a gente se divertia com essa palhaçada nada politicamente correta. Ele definitivamente não era politicamente correto.
Sobre política e arquitetura, foi quem conseguiu me ensinar qual prédio era o da Câmara e o do Senado, o da abóboda para cima ou para baixo: "o prato que tá virado para cima é o dos deputados, que roubam o dinheiro do povo e o para baixo é o dos senadores, que escondem tudo lá embaixo". Nunca mais esqueci.
Não era religioso. Talvez fosse ateu. Não gostava de padres, nem de igreja. Mas ía às festividades religiosas. Foi ao batizado da minha filha, apesar do tubo de oxigênio ligado a uma sonda que não podia mais sair de sua narina. Dizia que era o homem-pipa, com aqueles tubos saindo dele como uma rabiola sinuosa.
Morreu aos 80 anos. Deixou uma esposa, seis filhos, dezoito netos, quatro bisnetos (que já viraram 8) e uma saudade que não se conta.
Um beijo, meu avô do coração.
(1924-2004)
sábado, dezembro 01, 2007
Escritores da Liberdade
Meu Deus, fui indicada para um prêmio virtual. Um prêmio de Blog. Coisa chique!
Nunca tinha ganhado prêmio nenhum. Nem de Bingo. Nem no Azarão. No Azarão, eu sempre dou azar e tenho a pedra sorteada! Murphy, claro.
Pois é, um prêmio. Não posso mentir e tenho que confessar que nem não entendia como era esse troço. Então tive que ir voltando desde o blog da pessoa que me indicou*, passando pela que a tinha indicado, até compreender (mais ou menos) como a coisa funcionava.
Imagina, euzinha, que ainda estou aqui chegando na blogosfera, lutando para conseguir escrever uma bobagem vez ou outra, indicada para prêmio. O nome era mais chique ainda: "Prêmio Escritores da Liberdade" e foi criado pela autora do Batom Cor-de-rosa,um blog muuito legal que vale a pena visitar e ler (conheci hoje, mas já estou recomendando).
A idéia, pelo que entendi (espero não ter viajado na maionese) é valorizar aqueles que se expressam livremente** e a regra é que cada 'contemplado' indique outros três.
Então aqui vai a minha lista tríplice. Todos são de pessoas muito queridas e especiais. Uma eu conheço de verdade. É colega de trabalho (em órgão distante, mas quando nos encontramos estamos próximas), ótima cronista. Está se desenvolvendo nisso. As outras duas, não conheço. Quer dizer, não na maneira tradicional de se conhecer. São mulheres de quem me tornei fã virtual. São tão livres e verdadeiras ao se expressarem que me fizeram admirá-las de longe.
Luci Afonso: Luci Afonso - ela tem um jeito franco, bem humorado, perspicaz para transformar em histórias muito gostosas os fatos cotidianos e triviais da vida.
Carina Paccola: Idéias & Letras. Ela é jornalista, mulher, sensível, inteligente, sincera, crítica, defensora ferrenha de suas idéias (não necessariamente nesta ordem).
Keiko: Tirando o Sapato. Brasileira doutoranda morando no Canada e atualmente também mãe de um princhuquinho, ela é engraçada, carismática, divertida, simples, inteligente, franca, amiga, carinhosa. E assim também são seus textos.
* a pessoa que me indicou não é a pessoa, é A PESSOA. Amigona muito amada, temos um continente a nos separar, mas os corações muito próximos. Irmãs que a vida fez. É pessoa de inteligência, humor e coração singulares. Tem na verdade, não um caminho a lhe guiar, mas um trilho ao qual se conecta. Suas palavras me fazem rir, me ensinam, me emocionam, me espantam. Podem ser quentes ou gélidas, o meio-termo não lhe é peculiar. Sou e sempre serei sua fã incondicional.
** A liberdade é um dos conceitos mais complexos que creio exitir. Perseguimo-la (credo, que esdrúxulo!) incansavalmente, mas não sei se um dia a conheceremos em sua plenitude. Acho que somos, por nossa natureza de humanos, seres a priori não-livres. São tantas as nossas prisões interiores, emocionais, familiares, sociais! (já falei disso aqui) Que já não sei até que ponto me expresso com total liberdade. Não sei até que ponto mereço a honraria que minha amiga me fez. Se não estou segura para concordar, só me cabe agradecer.
Nunca tinha ganhado prêmio nenhum. Nem de Bingo. Nem no Azarão. No Azarão, eu sempre dou azar e tenho a pedra sorteada! Murphy, claro.
Pois é, um prêmio. Não posso mentir e tenho que confessar que nem não entendia como era esse troço. Então tive que ir voltando desde o blog da pessoa que me indicou*, passando pela que a tinha indicado, até compreender (mais ou menos) como a coisa funcionava.
Imagina, euzinha, que ainda estou aqui chegando na blogosfera, lutando para conseguir escrever uma bobagem vez ou outra, indicada para prêmio. O nome era mais chique ainda: "Prêmio Escritores da Liberdade" e foi criado pela autora do Batom Cor-de-rosa,um blog muuito legal que vale a pena visitar e ler (conheci hoje, mas já estou recomendando).
A idéia, pelo que entendi (espero não ter viajado na maionese) é valorizar aqueles que se expressam livremente** e a regra é que cada 'contemplado' indique outros três.
Então aqui vai a minha lista tríplice. Todos são de pessoas muito queridas e especiais. Uma eu conheço de verdade. É colega de trabalho (em órgão distante, mas quando nos encontramos estamos próximas), ótima cronista. Está se desenvolvendo nisso. As outras duas, não conheço. Quer dizer, não na maneira tradicional de se conhecer. São mulheres de quem me tornei fã virtual. São tão livres e verdadeiras ao se expressarem que me fizeram admirá-las de longe.
Luci Afonso: Luci Afonso - ela tem um jeito franco, bem humorado, perspicaz para transformar em histórias muito gostosas os fatos cotidianos e triviais da vida.
Carina Paccola: Idéias & Letras. Ela é jornalista, mulher, sensível, inteligente, sincera, crítica, defensora ferrenha de suas idéias (não necessariamente nesta ordem).
Keiko: Tirando o Sapato. Brasileira doutoranda morando no Canada e atualmente também mãe de um princhuquinho, ela é engraçada, carismática, divertida, simples, inteligente, franca, amiga, carinhosa. E assim também são seus textos.
* a pessoa que me indicou não é a pessoa, é A PESSOA. Amigona muito amada, temos um continente a nos separar, mas os corações muito próximos. Irmãs que a vida fez. É pessoa de inteligência, humor e coração singulares. Tem na verdade, não um caminho a lhe guiar, mas um trilho ao qual se conecta. Suas palavras me fazem rir, me ensinam, me emocionam, me espantam. Podem ser quentes ou gélidas, o meio-termo não lhe é peculiar. Sou e sempre serei sua fã incondicional.
** A liberdade é um dos conceitos mais complexos que creio exitir. Perseguimo-la (credo, que esdrúxulo!) incansavalmente, mas não sei se um dia a conheceremos em sua plenitude. Acho que somos, por nossa natureza de humanos, seres a priori não-livres. São tantas as nossas prisões interiores, emocionais, familiares, sociais! (já falei disso aqui) Que já não sei até que ponto me expresso com total liberdade. Não sei até que ponto mereço a honraria que minha amiga me fez. Se não estou segura para concordar, só me cabe agradecer.
Política e políticos brasileiros
Adorei hoje a fala de Arnaldo Jabor na CBN. Para quem quiser curtir:
http://cbn.globoradio.globo.com/cbn/wma/wma_e.asp?audio=2007%2Fcolunas%2Fjabor%5F071130%2Ewma&OAS%5Fsitepage=sgr%2Fsgr%2Fradioclick%2Fradiosam%2Fcbn%2Farnaldojabor1
Dizia ele que a incompetência, o descaso, a picaretagem política e a demagogia, no Brasil, sempre faturam duas vezes. Uma vez quando o político chega ao cargo e não faz nada, só fica usufruindo das benesses. E outra, quando acontece algum vexame, por causa de sua incompetência, e ele também acaba faturando em cima disso. E comenta os ganhos da governadora Ana Júlia - a 'bailarina de Catimbó', como ele a chama - que, para aparecer de bonitona e eficaz, decidiu, após o vergonhoso caso da menina de 15 anos que ficou 27 dias trancafiada com 20 homens, sendo sucessivamente estrupada em troca de comida, baixar um decreto proibindo a prisão conjunta de mulheres com homens (????), ou seja, proibindo o que já era proibido (e que ela e toda a burocracia paraense deveria estar trabalhando para garantir). Aliás, fiquei curiosa para saber se ao final do normativo existe o famoso "revogam-se todas as disposições em contrário"!
Não bastasse essa rigorosa medida, tomou outra (que mar de competência!): mandou d-e-m-o-l-i-r a prisão.
Perceberam a sutileza? Viram a lógica do processo? Se todas as normas são descumpridas pelas autoridades teoricamente competentes e sucessivos crimes ocorrem em determinado prédio, que explodam o edifício! Certamente, ele foi o culpado. Devia estar 'possuído' e merece ser aniquilado.
Só pode ser a lógica ensinada e praticada no Instituto de Altos Estudos petista (se é que ele existe).
No local da carceragem, será construído um centro de triagem com espaços exclusivos para mulheres. Que romântico! Que maravilha!! Até me fez lembrar o Marco Zero, em NY. Provavelmente, o centro terá uma placa de homenagem à menina. O governo federal, tão bonzinho e eficiente, depois de toda a repercussão - nacional e internacional - do caso, anunciou, prontamente, a liberação de R$ 89,9 milhões para o estado investir no setor. Agora, né?! Pena que o Pará não pode usar o dinheiro, porque tem dívidas com a União! Outro golpe demagógico! Não podemos acusá-los de falta de esperteza!
Como diria o Renato Russo, que país é este?!
Infelizmente, desde a sua morte as coisas não mudaram muito por aqui.
Fonte: JBONLINE - 30/11/2007 - Fernando Exman (http://jbonline.terra.com.br/editorias/pais/papel/2007/11/30/pais20071130006.html)
http://cbn.globoradio.globo.com/cbn/wma/wma_e.asp?audio=2007%2Fcolunas%2Fjabor%5F071130%2Ewma&OAS%5Fsitepage=sgr%2Fsgr%2Fradioclick%2Fradiosam%2Fcbn%2Farnaldojabor1
Dizia ele que a incompetência, o descaso, a picaretagem política e a demagogia, no Brasil, sempre faturam duas vezes. Uma vez quando o político chega ao cargo e não faz nada, só fica usufruindo das benesses. E outra, quando acontece algum vexame, por causa de sua incompetência, e ele também acaba faturando em cima disso. E comenta os ganhos da governadora Ana Júlia - a 'bailarina de Catimbó', como ele a chama - que, para aparecer de bonitona e eficaz, decidiu, após o vergonhoso caso da menina de 15 anos que ficou 27 dias trancafiada com 20 homens, sendo sucessivamente estrupada em troca de comida, baixar um decreto proibindo a prisão conjunta de mulheres com homens (????), ou seja, proibindo o que já era proibido (e que ela e toda a burocracia paraense deveria estar trabalhando para garantir). Aliás, fiquei curiosa para saber se ao final do normativo existe o famoso "revogam-se todas as disposições em contrário"!
Não bastasse essa rigorosa medida, tomou outra (que mar de competência!): mandou d-e-m-o-l-i-r a prisão.
Perceberam a sutileza? Viram a lógica do processo? Se todas as normas são descumpridas pelas autoridades teoricamente competentes e sucessivos crimes ocorrem em determinado prédio, que explodam o edifício! Certamente, ele foi o culpado. Devia estar 'possuído' e merece ser aniquilado.
Só pode ser a lógica ensinada e praticada no Instituto de Altos Estudos petista (se é que ele existe).
No local da carceragem, será construído um centro de triagem com espaços exclusivos para mulheres. Que romântico! Que maravilha!! Até me fez lembrar o Marco Zero, em NY. Provavelmente, o centro terá uma placa de homenagem à menina. O governo federal, tão bonzinho e eficiente, depois de toda a repercussão - nacional e internacional - do caso, anunciou, prontamente, a liberação de R$ 89,9 milhões para o estado investir no setor. Agora, né?! Pena que o Pará não pode usar o dinheiro, porque tem dívidas com a União! Outro golpe demagógico! Não podemos acusá-los de falta de esperteza!
Como diria o Renato Russo, que país é este?!
Infelizmente, desde a sua morte as coisas não mudaram muito por aqui.
Fonte: JBONLINE - 30/11/2007 - Fernando Exman (http://jbonline.terra.com.br/editorias/pais/papel/2007/11/30/pais20071130006.html)
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