segunda-feira, abril 30, 2007

Sobre festas e lixo



Puxa, 10 dias sem escrever! Dias cheios e um monte de assunto acumulado. Em casa teve rotatividade de visitas – cunhado, irmão, cunhada, sobrinha, sogro, sogra, primas distantes, sem contar nas festas e encontros com amigos. No trabalho, muito trabalho. Tudo muito bom, mas acaba faltando tempo para outras coisas (pelo menos consegui ir à manicure depois de 20 dias!! Pelo menos tenho serviço de mágica* em casa e não posso reclamar de nada!)
Dentre as tantas coisas que aconteceram nesses dias, devo destacar o aniversário de 47 anos da linda e amada cidade onde moro desde que nasci. Como é de praxe, o governo distrital organiza uma grande festa, com muitas atrações durante todo o dia até a noite, por todos os cantos da cidade, sobretudo ao longo do grande gramado do Eixo Monumental, próximo à Esplanada dos Ministérios. Teve apresentação da orquestra sinfônica, de artistas diversos (de Artur Moreira Lima a Calypso, passando por Paralamas do Sucesso), vôo livre, pára-quedismo, campeonato de vôlei de praia (eu diria vôlei de areia, por se adequar melhor à nossa realidade), exposição de artesanato etc. (Adoro etc! Simplifica tanto a vida da gente!)
Teve também muitos ambulantes - dando um jeitinho brasileiro para conseguir driblar a crise e a escassez de empregos formais – para a felicidade da gente. Digo isso porque, afinal, nada melhor do que de passos em passos, você poder comprar pipoca, churros de doce de leite, bebidas de toda sorte, sem ter que esperar ou caminhar até o ponto dos quiosques de comidas e bebidas.
Teve também aquela fila de banheiros químicos (que eu espero nunca ter que usar na vida) e, claro, muita, muita gente.
Até aí, tá tudo muito bom, tudo muito bem.
Só uma coisa me entristeceu: meus conterrâneos não aprenderam, ainda, mesmo após todos esses anos, mesmo que tenhamos evoluído em diversos aspectos (como no respeito aos pedestres que atravessam as faixas de trânsito), que – mesmo quando estamos em grupo – as regras de civilidade não deixam (ou não deveriam deixar) de existir: o corpo a cada um pertence, “por favor”, “com licença” e “obrigada” são palavrinhas mágicas e – básico! - lixo se joga no lixo! Uau, quanta sabedoria! Minha filha aprendeu isso em casa, mas também na escola, no Maternal 1.
Infelizmente, a cada evento público, a cada manifestação que acontece nessa cidade – e elas são extremamente freqüentes, sobretudo na esplanada dos Ministérios e à frente do Congresso Nacional – vemos um espetáculo de descaso e de desrespeito. Por que não podemos cuidar do chão (e da grama) de nossa cidade, como cuidamos do chão de nossa casa? Parece-me algo tão simples. Será que estou delirando??
Só sei que não consigo imaginar um futuro bonito quando vejo a cidade (e, logo, as pessoas) vivendo, festejando... no meio do lixo. Faz-me pensar o quanto o lixo, em suas mil formas, inclusive simbólicas, está presente e se relaciona com a vida (privada e pública) de cada cidadão deste país, como se fosse algo muito ... “natural”.

* Faço referência à denominação criada por uma grande amiga para o serviço doméstico terceirizado. A alusão decorre à sensação que desfrutamos quando, "magicamente", as roupas sujas do cesto aparecem, dois dias depois, limpas e passadas em nossas gavetas, as compras surgem guardadinhas na geladeira e no armário, e um pacote de farinha de trigo transforma-se num maravilhoso bolo.

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