Vim a São Paulo por três dias para participar de um seminário. Fiz questão de me hospedar em um hotel na Avenida Paulista.
Gosto dessa rua louca onde passa gente de toda cor e toda sorte. Olho fascinada para o alto me buscando no reflexo das vidraças brilhantes dos enormes edifícios. Mas só o que vejo são as imagens dessas incríveis criações humanas contrastando com o céu azul desse dia quente. Entre as linhas modernas, podemos contemplar construções de um outro tempo, símbolos de uma arquitetura diferente, rebuscada, imponente, que abriga alguns bancos importantes, ícones do século novo, num paradoxo curioso e certamente intencional.
Olho para o chão e penso em quem passa por debaixo de mim neste instante. Alguém atrasado, feliz, em lua-de-mel, que sofre por mal de amor ou de doença incurável? Penso nos tantos que já passaram, nas mãos que assentaram tanta massa, nos produtores de cimento e carvão, tanta história junta e emendada.
Uma pequena multidão colorida e diversa se junta num instante singular para, juntos, atravessar a rua. Vidas divergentes unidas por um minuto numa mesma cadência, para se dispersarem logo em seguida, para sempre, quem sabe...
No Conjunto Nacional, tomo um café e não resisto a comprar uns livros na explêndida e charmosíssima Livraria Cultura, que anuncia a abertura de uma seção dedicada só às artes. Assisto a uma exposição de fotografias de Praga e me permito sonhar e viajar para mais longe enquanto lamento a perda do Festival de Cinema que começará amanhã.
Neste lugar entendo o sentido, o charme e a delícia das grandes cidades. Mas sou completamente suspeita para falar isso...
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