sexta-feira, outubro 24, 2008

Sombras



Me sinto num corpo sem pernas, sem alma.
Me envergonho dos meus atos num passado que não posso e talvez nem queira mudar.
Me sinto invadida e culpada como criança pega em travessura.
Vejo e compreendo suas razões.
Ainda assim tenho vontade sumir.
Não me sinto em casa em lugar algum
Seu corpo, que há pouco parecia a minha morada, o meu aconchego
Agora parece a casa da infância, distante e envelhecida.
Meu corpo não suporta minhas angústias.
Viajo no pensamento a outros céus e dimensões
Onde recosto a cabeça nas mãos enlaçadas e observo lentamente as estrelas.
Penso nas nuvens e no mar, no céu azul e no sol quente dourando um corpo estendido na areia
Penso na felicidade e no vazio como nada mais que utopia e presente
Vejo despedida no encontro e a morte como ápice da vida.
Respiro devagar tentando economizar ar e esforço
Ouço música de acalanto e sonho com um sono de bebê
Imagino um peixe no fundo do oceano escuro e tento nadar ao lado dele
Sinto o calor do meu corpo a se perder
Minhas sensações desaparecendo lentamente.
Frio, fome, medo, dor...

O resto é imensidão e silêncio.

2 comentários:

Unknown disse...

Profundo. Belo e triste.
Um texto que mexe com a gente, sem a gente saber porque ou como...

Beijocas, espero que esteja tudo bem.

Luiza Helena disse...

Lembre-se sempre: Você não está sozinha!
Estamos entrelaçados.
Suas palavras falaram ao meu coração coisas que queria dizer.
Pode ter certeza de uma coisa: "Tirando o motorista e o trocador, o resto tudo é passageiro!"
Desculpe a brincadeira, mas a verdade é que realmente, mais cedo ou mais tarde, todas as coisas passam.
Escreva sempre, desafoga a mente e o coração.
Beijos,