Nota preliminar: Declaro ao povo brasileiro que os acentos e o mouse retornaram ao trabalho, após uma interferência do marido tecnológico. Dedico este post a ele.
Ter um marido é algo muito bom, geralmente. (Não se iludam, só é 'sempre' bom quando a gente NÃO tem um! Também não me iludo, sei que eles acham a mesma coisa. Aliás, há coisas que são bem chatas. Mas destas, falo em outra ocasião.)
Hoje quero lembrar de algumas que são especialmente boas:
- dormir abraçadinho quando está frio;
- aquecer o pé gelado entre as pernas dele (mesmo quando feito à revelia);
- ganhar cartãozinho de aniversário e flores de casamento;
- ganhar massagem nos pés;
- ter um colo para chorar as pitangas;
- ser ouvida e compreendida (esse kit é acessório, não vem em todos os exemplares);
- ter uma companhia certa para sair os fins-de-semana;
- não ter que depilar as pernas e ainda assim ter a noite garantida.
Tá, tudo bem, é bem verdade, que essas coisas não são privativas de marido. Mas há umas que só marido faz e essas não têm preço:
- segurar sua cabeça e levantar seu astral enquanto você vomita por três meses durante a gravidez;
- segurar a sua mão, massagear suas costas, correr atrás do obstetra, do pediatra, da auxiliar de enfermagem que carrega o seu bebê, para não perdê-lo de vista e registrar, de um bom ângulo, o momento;
- garantir água gelada e em quantidade suficiente enquanto você está amamentando;
- trocar fralda, fazer mamadeira, dar carinho e colo, quando seus olhos não abrem e seu corpo não responde;
- cuidar da filha enquanto você viaja a trabalho, a descanso, para casamento de amiga ou durante seu curso de pós-graduação;
- te amparar e te carregar no colo quando você está a desfalecer, botando os bofes para fora;
- abrir tampa de geléia;
e tenho visto ultimamente:
- baixar fotos, organizar arquivos, rodar anti-virus, diagnosticar (e resolver) problemas de conexão e outros detalhes telemáticos;
- instalar chuveiro elétrico (quanto a este tópico teria fotos bem atuais para mostrar, mas antes de tivesse a oportunidade de fotografar o marido suando em bicas sob a luz do teto a 15 cm de distância, ele foi surpreendido por um inesperado choque elétrico que o deixou, no mínimo, desconcertado (a indicação do disjuntor estava errada e os fios não foram desligados. Assim, para evitar desgate na relação, achei mais prudente não propor o registro do momento)
- consertar os brinquedos estregados da filha e o porta-anéis da esposa:
Obs.: a técnica de fixação da estrutura (utilizando-se de avançado design e modelagem com elástico) demorou cerca de 1 hora para ser finalizada.
Deus abençôe aqueles que têm bom coração e que perseveram em seus ideais.
Aproveitando, Senhor, se eu estiver em crédito por aí, aproveito para pedir também que preserve os maridos perseverantes e cuidadosos sempre ao lado de suas esposas e que arranje maridos fiéis, sensíveis e românticos a todas aquelas que estejam desejando, porque a carestia tá braba!
Abraços a todos os meus amigos leitores e ao meu marido - tão querido e especial.
A idéia é refletir, meditar, discutir, desabafar... histórias, sentimentos, experiências, vivências... o cotidiano dessa vida urbana louca de uma mulher - mãe, profissional, esposa, dona-de-casa - em busca de viver e de ser feliz.
sábado, setembro 29, 2007
sexta-feira, setembro 21, 2007
Doce de leite Viçosa
Algumas informações preliminares:
1. Adoro doces! Dentre todas as delícias que já experimentei na vida, há duas que considero insuperáveis: brigadeiro e doce de leite. Posso me considerar uma expert no assunto. Sei o local onde vendem os melhores da cidade. Sou capaz de me despencar de carro 10km para conseguir um exemplar, num surto de desejo.
2. Casei-me com um Viçosense (nem sei se é assim que escreve). O fato é que meu amor é natural de Viçosa - MG. Cidade com vocação agricola, situada na zona da mata mineira, famosa por sua Universidade Federal e pelas farras que os universitarios promovem.
Agora sim, ao assunto.
Após alguns meses de relacionamento, tive a felicidade de ser apresentada ao .Doce de Leite Viçosa . Foi amor a primeira colherada. Disse ao futuro marido, na ocasião: "este é o melhor doce de leite cremoso que já experimentei". Isso era 1998. Nao me surpreendeu quando alguns anos depois, foi eleito o melhor do Brasil no Concurso Nacional de Produtos Lácteos. Deveria ter sido chamada para jurada!
Este ano foi tricampeão. Merecido! Portanto fiquei muito feliz, quando uma das minhas iguarias preferidas foi assunto da Revista Vida Simples deste mes. Finalmente, estah vivendo seus momentos de gloria.
Sobre ele, tenho até causo para contar (que já foi contado em livro por conhecido da família, antes. Embora com certa impropriedade. Mas vamos là.
Uma certa vez, abrindo (com fissura) a lata do doce, fiz um corte no dedo que me rendeu uma ida ao hospital e tres pontos no dedo. Duas horas depois, retorno aa casa e encontro minha filha:
- Olha filha, o que aconteceu com a mamãe!!, mostro o dedo com os pontos.
- Nossa, o que aconteceu?? - pergunta impressionada
- Cortei o dedo na lata de doce de leite.
- Foi?!
- Foi. - respondo, aguardando o comentario de solidariedade.
- Era doce de leite com coco ou sem coco?
- ???
Ninguem merece!
A proposito, ela tambem eh fã do doce de leite Viçosa. Mas apenas o SEM COCO! Assim como eu.
p.s.: O teclado continua em greve parcial de acentos. Relevem. Assim que eles tiverem suas reivindicaçoes atendidas, retornarão normalmente ao trabalho.
1. Adoro doces! Dentre todas as delícias que já experimentei na vida, há duas que considero insuperáveis: brigadeiro e doce de leite. Posso me considerar uma expert no assunto. Sei o local onde vendem os melhores da cidade. Sou capaz de me despencar de carro 10km para conseguir um exemplar, num surto de desejo.
2. Casei-me com um Viçosense (nem sei se é assim que escreve). O fato é que meu amor é natural de Viçosa - MG. Cidade com vocação agricola, situada na zona da mata mineira, famosa por sua Universidade Federal e pelas farras que os universitarios promovem.
Agora sim, ao assunto.
Após alguns meses de relacionamento, tive a felicidade de ser apresentada ao .Doce de Leite Viçosa . Foi amor a primeira colherada. Disse ao futuro marido, na ocasião: "este é o melhor doce de leite cremoso que já experimentei". Isso era 1998. Nao me surpreendeu quando alguns anos depois, foi eleito o melhor do Brasil no Concurso Nacional de Produtos Lácteos. Deveria ter sido chamada para jurada!
Este ano foi tricampeão. Merecido! Portanto fiquei muito feliz, quando uma das minhas iguarias preferidas foi assunto da Revista Vida Simples deste mes. Finalmente, estah vivendo seus momentos de gloria.
Sobre ele, tenho até causo para contar (que já foi contado em livro por conhecido da família, antes. Embora com certa impropriedade. Mas vamos là.
Uma certa vez, abrindo (com fissura) a lata do doce, fiz um corte no dedo que me rendeu uma ida ao hospital e tres pontos no dedo. Duas horas depois, retorno aa casa e encontro minha filha:
- Olha filha, o que aconteceu com a mamãe!!, mostro o dedo com os pontos.
- Nossa, o que aconteceu?? - pergunta impressionada
- Cortei o dedo na lata de doce de leite.
- Foi?!
- Foi. - respondo, aguardando o comentario de solidariedade.
- Era doce de leite com coco ou sem coco?
- ???
Ninguem merece!
A proposito, ela tambem eh fã do doce de leite Viçosa. Mas apenas o SEM COCO! Assim como eu.
p.s.: O teclado continua em greve parcial de acentos. Relevem. Assim que eles tiverem suas reivindicaçoes atendidas, retornarão normalmente ao trabalho.
quinta-feira, setembro 20, 2007
Coisas a que todo mundo deveria ter direito - Encontro com o Gênio da Lâmpada
Aviso preliminar: somente estão assinalados os acentos gráficos que o teclado permitiu.
Gosto muito da Constituiçao Brasileira no que se refere aas Garantias Fundamentais. Apreciaria muito mais se elas fossem realmente garantidas. O Brasil seria muito melhor e mais feliz! Gostaria mais ainda se fossem direitos estendidos a cada habitante do planeta.
Partindo desse pressuposto, se eu encontrasse um genio da lampada magica e ele fosse mais bonzinho do que aqueles já conhecidos (que so liberam tres desejos), eu pediria para ele o seguinte:
Seu Genio, meu desejo eh que cada ser humano tenha assegurados os seguintes direitos:
1 - de morar no maximo a 25km de seu trabalho;
2 - de caminhar no maximo 500m para pegar sua conduçao;
3 - de soh usar papel higienico de folha dupla ultra macio;
4 - de, no minimo, um banho de ducha (quente ou fria, de acordo com o clima e o gosto do fregues) diariamente (nada de chuveiro caça-filete ou panela furada);
5 - de que, pelo menos 3 vezes na semana, alguem lave seus cabelos e faça massagem capilar (de graça, claro!);
6 - de possuir uma maquina de passar roupa (que nunca deixe sua marca estampada nos tecidos);
7 - de passar, no minimo, duas semanas na praia, a cada ano;
8 - de conhecer a neve;
9 - de conhecer o amor;
10 - de uma xicara de leite quente antes de dormir;
11 - de passar os finais de semana com uma boa companhia;
12 - de ficar sozinho quando desejar;
13 - de ter, no mínimo, um amigo com quem pode contar todas as horas;
14 - de brincar no colo do avô e da avó quando criança;
15 - de ter a sua individualidade respeitada;
Solicito, ainda, Seu Gênio, que se determine a seguinte proibição:
Estah terminantemente proibido, sob qualquer hipotese, a qualquer criança, adoecer.
Era isso, Seu Genio, muito obrigada!
Gosto muito da Constituiçao Brasileira no que se refere aas Garantias Fundamentais. Apreciaria muito mais se elas fossem realmente garantidas. O Brasil seria muito melhor e mais feliz! Gostaria mais ainda se fossem direitos estendidos a cada habitante do planeta.
Partindo desse pressuposto, se eu encontrasse um genio da lampada magica e ele fosse mais bonzinho do que aqueles já conhecidos (que so liberam tres desejos), eu pediria para ele o seguinte:
Seu Genio, meu desejo eh que cada ser humano tenha assegurados os seguintes direitos:
1 - de morar no maximo a 25km de seu trabalho;
2 - de caminhar no maximo 500m para pegar sua conduçao;
3 - de soh usar papel higienico de folha dupla ultra macio;
4 - de, no minimo, um banho de ducha (quente ou fria, de acordo com o clima e o gosto do fregues) diariamente (nada de chuveiro caça-filete ou panela furada);
5 - de que, pelo menos 3 vezes na semana, alguem lave seus cabelos e faça massagem capilar (de graça, claro!);
6 - de possuir uma maquina de passar roupa (que nunca deixe sua marca estampada nos tecidos);
7 - de passar, no minimo, duas semanas na praia, a cada ano;
8 - de conhecer a neve;
9 - de conhecer o amor;
10 - de uma xicara de leite quente antes de dormir;
11 - de passar os finais de semana com uma boa companhia;
12 - de ficar sozinho quando desejar;
13 - de ter, no mínimo, um amigo com quem pode contar todas as horas;
14 - de brincar no colo do avô e da avó quando criança;
15 - de ter a sua individualidade respeitada;
Solicito, ainda, Seu Gênio, que se determine a seguinte proibição:
Estah terminantemente proibido, sob qualquer hipotese, a qualquer criança, adoecer.
Era isso, Seu Genio, muito obrigada!
sábado, setembro 15, 2007
Ética (também) se aprende na escola
Tivemos uma semana triste no cenário político Brasileiro. A maioria do Plenário do Senado Federal considerou que o Senhor Renan Calheiros era digno de continuar ocupando uma cadeira naquela Casa. E o pior, ele mesmo considerou-se merecedor, estatelou-se naquela presidência, e vai continuar dirigindo os trabalhos da Casa, comandando a pauta, nomeando pessoas, interferindo no Orçamento...
Talvez ainda não se tenha conseguido provas suficientes, mas havia alguma dúvida da veracidade das acusaçoes?? Isso sem contar nas tantas outras que ainda nao vieram à tona. Mesmo assim, não houve quebra de Decoro? A ética parlamentar não foi ferida?
Hoje de manhã comparecemos à escola de minha filha, pois haveria umas atividades com pais e filhos. Momento de integração - jogos, lanches, bastante diversao. Algumas coisas - muito significativas, a meu ver - me chamaram a atenção.
Estávamos no ginásio da escola e o professor coordenador orientava as atividades utilizando um microfone. Para poderem escutar e compreender era necessário que pais e filhos se mantivessem em silêncio e em seus lugares nas arquibancadas. Que coisa difícil! Algumas crianças, apesar dos apelos seguidos, falavam, conversavam, saíam das arquibancadas e corriam para a frente da quadra. Queriam chegar primeiro ao local da próxima atividade e assim garantir um bom lugar, às custas da quebra dos princípios mais simples de civilidade, justiça e educaçao(Lei de Gerson?).
As brincadeiras desenvolviam-se naquele momento na quadra de esportes e quem quisesse somente assistir ou comer podia sentar-se nos bancos. Mas algumas mães pareciam não perceber isso e levavam lanche para as crianças no meio da quadra. Resultado: sucos derramados, migalhas pelo chão, sujeira, risco de acidentes.
Uma das brincadeiras consistia em, dividido o grande em grupo em dois, cada um ocupando um lado da quadra, seria entregue uma bolinha para cada um. Após o sinal, os participantes tinham que jogar sua bolinha para a outra quadra e tentar devolver as que caissem em seu espaço. Ganharia o time que, findo o tempo, tivesse menos bolinhas em quadra. Soa o apito final. Todos tinham que parar de arremessar bolas. Isso aconteceu? Nao. Nos segundos que se seguiram algumas crianças E alguns PAIS continuavam atirando, chutando discreta ou descaradamente as bolas para a quadra do aniversário. Outros assistiam calados, impotentes, acostumados talvez. O coordenador pede, apela ao grupo, solicita que as professoras ajudantes levem os times para o fundo da quadra e cuidem para que mais bolas não sejam atiradas, ameaça desclassificar a equipe que continuar jogando. Mas não chegou a fazê-lo. Ganha um dos times. A meu ver o que pareceu ter mais participantes burlando as regras e certamente o que mais demorou para chegar ao fundo da quadra.
Moral da história: vence o mais esperto, o que desobedece as normas, dribla as leis, o ardiloso, o desonesto, o inescrupuloso e seus parceiros.
Alguma diferença do primeiro episódio?
Como teremos um país melhor, no futuro, se nao conseguirmos educar as nossas crianças hoje? Como cobrar do político que nos representa se praticamos os mesmos delitos, apenas em esferas ou espaços diferentes?
Se queremos um governo ético (e queremos!), precisamos também desenvolver relações sociais éticas. E isso começa dentro de casa. E na escola.
Talvez ainda não se tenha conseguido provas suficientes, mas havia alguma dúvida da veracidade das acusaçoes?? Isso sem contar nas tantas outras que ainda nao vieram à tona. Mesmo assim, não houve quebra de Decoro? A ética parlamentar não foi ferida?
Hoje de manhã comparecemos à escola de minha filha, pois haveria umas atividades com pais e filhos. Momento de integração - jogos, lanches, bastante diversao. Algumas coisas - muito significativas, a meu ver - me chamaram a atenção.
Estávamos no ginásio da escola e o professor coordenador orientava as atividades utilizando um microfone. Para poderem escutar e compreender era necessário que pais e filhos se mantivessem em silêncio e em seus lugares nas arquibancadas. Que coisa difícil! Algumas crianças, apesar dos apelos seguidos, falavam, conversavam, saíam das arquibancadas e corriam para a frente da quadra. Queriam chegar primeiro ao local da próxima atividade e assim garantir um bom lugar, às custas da quebra dos princípios mais simples de civilidade, justiça e educaçao(Lei de Gerson?).
As brincadeiras desenvolviam-se naquele momento na quadra de esportes e quem quisesse somente assistir ou comer podia sentar-se nos bancos. Mas algumas mães pareciam não perceber isso e levavam lanche para as crianças no meio da quadra. Resultado: sucos derramados, migalhas pelo chão, sujeira, risco de acidentes.
Uma das brincadeiras consistia em, dividido o grande em grupo em dois, cada um ocupando um lado da quadra, seria entregue uma bolinha para cada um. Após o sinal, os participantes tinham que jogar sua bolinha para a outra quadra e tentar devolver as que caissem em seu espaço. Ganharia o time que, findo o tempo, tivesse menos bolinhas em quadra. Soa o apito final. Todos tinham que parar de arremessar bolas. Isso aconteceu? Nao. Nos segundos que se seguiram algumas crianças E alguns PAIS continuavam atirando, chutando discreta ou descaradamente as bolas para a quadra do aniversário. Outros assistiam calados, impotentes, acostumados talvez. O coordenador pede, apela ao grupo, solicita que as professoras ajudantes levem os times para o fundo da quadra e cuidem para que mais bolas não sejam atiradas, ameaça desclassificar a equipe que continuar jogando. Mas não chegou a fazê-lo. Ganha um dos times. A meu ver o que pareceu ter mais participantes burlando as regras e certamente o que mais demorou para chegar ao fundo da quadra.
Moral da história: vence o mais esperto, o que desobedece as normas, dribla as leis, o ardiloso, o desonesto, o inescrupuloso e seus parceiros.
Alguma diferença do primeiro episódio?
Como teremos um país melhor, no futuro, se nao conseguirmos educar as nossas crianças hoje? Como cobrar do político que nos representa se praticamos os mesmos delitos, apenas em esferas ou espaços diferentes?
Se queremos um governo ético (e queremos!), precisamos também desenvolver relações sociais éticas. E isso começa dentro de casa. E na escola.
sexta-feira, setembro 14, 2007
Minha filha, eu e as frescurinhas da vida
Aviso aos navegantes: nesta mensagem soh haverah os acentos que o meu teclado quis que houvesse.
Eu confesso: adoro frescurinhas!
Poderia tornar a minha vida bem mais fácil, ágil e econômica se não fosse essa caracteristica, eu sei. Mas é assim que eu gosto! Gosto de acessórios - vários, coloridos, diversos - cintos, pulseiras, colares, brincos, prendedores de cabelo, relógios, óculos, bolsas, sapatos... Ah, os sapatos!...
Gosto de coisas da Hello Kitty e da Betty Boop. Se não fosse pelo mínimo senso de ridículo que me resta, teria mochilas, coleção de canetas, papéis de cartas!... Me contento com uma bolsinha, uma bonequinha sobre a cama e outra sobre o computador do trabalho (que roubei da minha filha). Gosto tambem de porta-guardanapos, lencinhos que cobrem garrafas d'água, marcadores de taças, legiões de cremes, enfim, gosto de (quase) todas as inutilidades que o mundo capitalista criou (as tecnológicas, por exemplo, nao me apetecem tanto). Minha mae, quando é época de presente (natal, aniversario...), diz que acha ser muito dificil me dar alguma coisa - "que não preciso de nada". Digo para ela, insistentemente - mae, me de alguma coisa de que eu nao precise, que eu vou adorar! Esta, alias, e a essência do presente - ser algo desnecessário. Senao seria satisfaçao de necessidade, não presente!
Pensei que quando tivesse uma filha, poderia proporcionar a ela a satisfaçao de todas as minhas frescurinhas que não tive a oportunidade de usufruir na infancia - por falta de grana ou por inexistencia do produto, mesmo. Ledo engano! Bem que falaram que a gente não tem que criar expectativas para os filhos e nem esperar usá-los para resolver nossas frustraçoes.
A coleçao de xuxinhas e faixas para cabelo compradas quando ela era ainda bebê, foram atiradas no chao, a partir e desde que ela passou a conseguir mover as maos e desenvolveu a prensao de objetos, ou seja, aos 4 meses de idade. Insisti alguns meses, claro, mas acabei desistindo.
Saias e vestidos sao acessorios desprezados nos grotoes mais longinquos das gavetas e armarios. Os parentes e amigos ja sabem e nao mais presenteiam esses itens comuns ao vestuario feminino. A frase padrao é "mae, eu gosto de short!" Hoje, ja me conformei e ate concordo com ela, salve o conforto! Eventualmente, em alguma ocasiao especial, tento negociar um vestidinho, para variar, e, dependendo do humor, posso ser bem sucedida, ou nao. Neste caso, vai rolar uma calça jeans mesmo ou, preferencialmente, uma calça leg de malha - campea de preferencia.
Se o assunto é sair para comprar roupa ou sapato, nem pensar em levá-la junta - seria o mesmo que convida-la para a forca. Nao tem a mínima paciencia! "Filha, chegou o inverno, esta ficando frio, e precisamos comprar blusas de manga comprida para voce. Nao, mae, nao precisa. Ja tenho uma!" Acabo achando legal o fato de ela ter essa simplicidade que eh dela, entao jah nao insisto nisso. Ela tem o basico, e as coisas dela sao básicas como ela.
Quanto aos brinquedos, tem sua leva de Barbies e Pollies, mas tambem a gama de carrinhos, dinossauros, bichos estranhos (aranhas, lagartixas, pererecas, baratas...), espadas do Power Rangers, pistas de hot wheels...
Para quem, acha que estou exagerando, aqui esta a mostra do visual escolhido para o baile de carnaval e aniversario do ano passado:
Em relaçao a filmes e desenhos, eventualmente rola um filme da Barbie, da Cinderela, ou outra princesa, mas o que gosta mesmo é Power Rangers, Homem-Aranha, Parque dos Dinossauros, Quarteto Fantástico, Casa-Monstro, Piratas do Caribe... Hah um tempo, esta mae, preocupada com a influência de filmes assim na formação de uma criança de 4 anos, quis adverti-la: "filha, vamos ver outra coisa, esse filme (Power Rangers) é muito violento!" A resposta foi simples e objetiva: "mae, eu gosto de violencia!"
Diante de tanta veemência, fui convencida. Claro que ela não eh uma criança de comportamento violento, pelo contrario, eh doce, sensível, sabe dialogar, entao acabamos ficando tranquilos e acreditando que eh, realmente, um gosto pessoal, que nao traz qualquer prejuízo aa sua formaçao e, portanto, pode ser respeitado. Na verdade, nao posso negar que nunca quis que ela se tornasse uma "Barbie Girl" ou uma "princesinha". Sempre estimulei os brinquedos variados, para que tivesse experiencias diversas e desde cedo aprendesse a desenvolver respostas variadas para esse mundo que requer proatividade, flexibilidade e determinação.
Ontem aa noite, estavamos conversando na cama, antes de dormir, quando ela - olhando o poster do 'Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado' colado na porta de seu quarto - começou a lembrar de cenas do filme. Depois, se enveredou para os Piratas do Caribe, os tentaculos do Polvo gigante, patati, patatá. Eu, preocupada de ela ter algum pesadelo, falando disso antes de dormir, sugeri "Filha, vamos pensar em outra coisa, conversar sobre algo mais bonitinho.. Vamos falar do cavalinho da Polly?" E ela, sem titubear, super simpática, 'Vamos!! Ih, o polvo gigante comeu o cavalinho da Polly!' e caiu na gargalhada! Provavelmente rindo da minha tentativa despropositada e patetica!
Ainda nao aprendi que ela nao eh chegada a tantas frescurinhas!
A voce, filha mais que querida, que tantas vezes eh tao diferente de mim, mas que compartilha de valores que considero fundamentais - como o respeito, a preocupaçao e o cuidado com o outro - todo o meu amor e admiraçao.
Eu confesso: adoro frescurinhas!
Poderia tornar a minha vida bem mais fácil, ágil e econômica se não fosse essa caracteristica, eu sei. Mas é assim que eu gosto! Gosto de acessórios - vários, coloridos, diversos - cintos, pulseiras, colares, brincos, prendedores de cabelo, relógios, óculos, bolsas, sapatos... Ah, os sapatos!...
Gosto de coisas da Hello Kitty e da Betty Boop. Se não fosse pelo mínimo senso de ridículo que me resta, teria mochilas, coleção de canetas, papéis de cartas!... Me contento com uma bolsinha, uma bonequinha sobre a cama e outra sobre o computador do trabalho (que roubei da minha filha). Gosto tambem de porta-guardanapos, lencinhos que cobrem garrafas d'água, marcadores de taças, legiões de cremes, enfim, gosto de (quase) todas as inutilidades que o mundo capitalista criou (as tecnológicas, por exemplo, nao me apetecem tanto). Minha mae, quando é época de presente (natal, aniversario...), diz que acha ser muito dificil me dar alguma coisa - "que não preciso de nada". Digo para ela, insistentemente - mae, me de alguma coisa de que eu nao precise, que eu vou adorar! Esta, alias, e a essência do presente - ser algo desnecessário. Senao seria satisfaçao de necessidade, não presente!
Pensei que quando tivesse uma filha, poderia proporcionar a ela a satisfaçao de todas as minhas frescurinhas que não tive a oportunidade de usufruir na infancia - por falta de grana ou por inexistencia do produto, mesmo. Ledo engano! Bem que falaram que a gente não tem que criar expectativas para os filhos e nem esperar usá-los para resolver nossas frustraçoes.
A coleçao de xuxinhas e faixas para cabelo compradas quando ela era ainda bebê, foram atiradas no chao, a partir e desde que ela passou a conseguir mover as maos e desenvolveu a prensao de objetos, ou seja, aos 4 meses de idade. Insisti alguns meses, claro, mas acabei desistindo.
Saias e vestidos sao acessorios desprezados nos grotoes mais longinquos das gavetas e armarios. Os parentes e amigos ja sabem e nao mais presenteiam esses itens comuns ao vestuario feminino. A frase padrao é "mae, eu gosto de short!" Hoje, ja me conformei e ate concordo com ela, salve o conforto! Eventualmente, em alguma ocasiao especial, tento negociar um vestidinho, para variar, e, dependendo do humor, posso ser bem sucedida, ou nao. Neste caso, vai rolar uma calça jeans mesmo ou, preferencialmente, uma calça leg de malha - campea de preferencia.
Se o assunto é sair para comprar roupa ou sapato, nem pensar em levá-la junta - seria o mesmo que convida-la para a forca. Nao tem a mínima paciencia! "Filha, chegou o inverno, esta ficando frio, e precisamos comprar blusas de manga comprida para voce. Nao, mae, nao precisa. Ja tenho uma!" Acabo achando legal o fato de ela ter essa simplicidade que eh dela, entao jah nao insisto nisso. Ela tem o basico, e as coisas dela sao básicas como ela.
Quanto aos brinquedos, tem sua leva de Barbies e Pollies, mas tambem a gama de carrinhos, dinossauros, bichos estranhos (aranhas, lagartixas, pererecas, baratas...), espadas do Power Rangers, pistas de hot wheels...
Para quem, acha que estou exagerando, aqui esta a mostra do visual escolhido para o baile de carnaval e aniversario do ano passado:
Em relaçao a filmes e desenhos, eventualmente rola um filme da Barbie, da Cinderela, ou outra princesa, mas o que gosta mesmo é Power Rangers, Homem-Aranha, Parque dos Dinossauros, Quarteto Fantástico, Casa-Monstro, Piratas do Caribe... Hah um tempo, esta mae, preocupada com a influência de filmes assim na formação de uma criança de 4 anos, quis adverti-la: "filha, vamos ver outra coisa, esse filme (Power Rangers) é muito violento!" A resposta foi simples e objetiva: "mae, eu gosto de violencia!"
Diante de tanta veemência, fui convencida. Claro que ela não eh uma criança de comportamento violento, pelo contrario, eh doce, sensível, sabe dialogar, entao acabamos ficando tranquilos e acreditando que eh, realmente, um gosto pessoal, que nao traz qualquer prejuízo aa sua formaçao e, portanto, pode ser respeitado. Na verdade, nao posso negar que nunca quis que ela se tornasse uma "Barbie Girl" ou uma "princesinha". Sempre estimulei os brinquedos variados, para que tivesse experiencias diversas e desde cedo aprendesse a desenvolver respostas variadas para esse mundo que requer proatividade, flexibilidade e determinação.
Ontem aa noite, estavamos conversando na cama, antes de dormir, quando ela - olhando o poster do 'Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado' colado na porta de seu quarto - começou a lembrar de cenas do filme. Depois, se enveredou para os Piratas do Caribe, os tentaculos do Polvo gigante, patati, patatá. Eu, preocupada de ela ter algum pesadelo, falando disso antes de dormir, sugeri "Filha, vamos pensar em outra coisa, conversar sobre algo mais bonitinho.. Vamos falar do cavalinho da Polly?" E ela, sem titubear, super simpática, 'Vamos!! Ih, o polvo gigante comeu o cavalinho da Polly!' e caiu na gargalhada! Provavelmente rindo da minha tentativa despropositada e patetica!
Ainda nao aprendi que ela nao eh chegada a tantas frescurinhas!
A voce, filha mais que querida, que tantas vezes eh tao diferente de mim, mas que compartilha de valores que considero fundamentais - como o respeito, a preocupaçao e o cuidado com o outro - todo o meu amor e admiraçao.
terça-feira, setembro 11, 2007
Amigas...
Há uma idéia que eventualmente percebo habitar o imaginário coletivo ou o senso comum de que as mulheres são falsas umas com as outras, competitivas, invejosas e incapaz de amizades verdadeiras, especialmente no ambiente de trabalho.
Mentira total! Falo isso com o conhecimento de causa de quem pertence a uma família de mulheres e se dedicou a dois campos de atuação essencialmente femininos - a enfermagem e a educação.
Desde muito as mulheres constituem redes de relacionamento e de apoio mútuo - especialmente necessárias para ajudarem a cuidar da prole enquanto os homens estão fora ou quando elas mesmas precisam ausentar-se para o trabalho. E hoje ainda é assim - com as peculiaridades inerentes aos novos tempos.
O fato é que é simplesmente maravilhoso ter amigas! E que as amigas, ao contrário da maioria dos "amigos", geralmente se permitem conversar sobre tudo. Vão ao fundo das coisas. Pode até ser que haja uma amiga com quem se conversa mais sobre um assunto, e com outra sobre outro. Mesmo assim é comum conseguirem aprofundar-se nesse campo temático ou área da vida - amor, sexo, filhos, marido/namorado/amante, trabalho, arte, família, literatura, grilos, sonhos...
Por outro lado, também é relativamente comum, ser premiada com uma amiga com quem se pode falar sobre tudo, pois ela te escuta, te compreende, sofre contigo, torce por você, partilha de muitos dos seus medos e anseios e possui valores e princípios e um senso de humor semelhante. Quando se tem mais de uma, então, você deve se considerar uma pessoa feliz. Pois amigas são como chocolate - afagam, aquecem, saciam, tornam a vida e as festas especiais e são capazes de adoçar um dia (ou uma noite) de desespero. Com a diferença de que não engordam, não se findam quando se mais necessita, têm braços que abraçam e bocas que beijam, dizem verdades que precisam ser ditas e que se calam quando precisam calar.
Além disso, levam seu filho à escola e cuidam dele quando você não pode ou quando deseja dar uma escapadela com seu amado; acompanham você a consultas médicas, salas de cirurgia, audiências com juiz de direito e outras situações embaraçosas ou desagradáveis; atendem o telefone de madrugada quando você está de fossa ou TPM; amamentam seu filho quando você está impossibilitada; compartilham o visual de uma repaginada estética; riem e choram juntas e trocam receitas culinárias e figurinhas sobre coisas de mulher e, especialmente, fazem tudo com muito prazer e nunca jogam isso na sua cara.
Um abraço apertado, um beijo carinhoso, minha admiração infinita e todo o meu carinho a cada uma das minhas amigas - mulheres, mães, irmãs, colegas - maravilhosas, de todas as horas...
Mentira total! Falo isso com o conhecimento de causa de quem pertence a uma família de mulheres e se dedicou a dois campos de atuação essencialmente femininos - a enfermagem e a educação.
Desde muito as mulheres constituem redes de relacionamento e de apoio mútuo - especialmente necessárias para ajudarem a cuidar da prole enquanto os homens estão fora ou quando elas mesmas precisam ausentar-se para o trabalho. E hoje ainda é assim - com as peculiaridades inerentes aos novos tempos.
O fato é que é simplesmente maravilhoso ter amigas! E que as amigas, ao contrário da maioria dos "amigos", geralmente se permitem conversar sobre tudo. Vão ao fundo das coisas. Pode até ser que haja uma amiga com quem se conversa mais sobre um assunto, e com outra sobre outro. Mesmo assim é comum conseguirem aprofundar-se nesse campo temático ou área da vida - amor, sexo, filhos, marido/namorado/amante, trabalho, arte, família, literatura, grilos, sonhos...
Por outro lado, também é relativamente comum, ser premiada com uma amiga com quem se pode falar sobre tudo, pois ela te escuta, te compreende, sofre contigo, torce por você, partilha de muitos dos seus medos e anseios e possui valores e princípios e um senso de humor semelhante. Quando se tem mais de uma, então, você deve se considerar uma pessoa feliz. Pois amigas são como chocolate - afagam, aquecem, saciam, tornam a vida e as festas especiais e são capazes de adoçar um dia (ou uma noite) de desespero. Com a diferença de que não engordam, não se findam quando se mais necessita, têm braços que abraçam e bocas que beijam, dizem verdades que precisam ser ditas e que se calam quando precisam calar.
Além disso, levam seu filho à escola e cuidam dele quando você não pode ou quando deseja dar uma escapadela com seu amado; acompanham você a consultas médicas, salas de cirurgia, audiências com juiz de direito e outras situações embaraçosas ou desagradáveis; atendem o telefone de madrugada quando você está de fossa ou TPM; amamentam seu filho quando você está impossibilitada; compartilham o visual de uma repaginada estética; riem e choram juntas e trocam receitas culinárias e figurinhas sobre coisas de mulher e, especialmente, fazem tudo com muito prazer e nunca jogam isso na sua cara.
Um abraço apertado, um beijo carinhoso, minha admiração infinita e todo o meu carinho a cada uma das minhas amigas - mulheres, mães, irmãs, colegas - maravilhosas, de todas as horas...
terça-feira, setembro 04, 2007
Sem título
Do outro lado da cidade, do continente, do mundo
Mora algo do que sou.
É para lá que me mudo quando não estou em mim
ou quando não estou nem aí...
A vida passa, as horas passam, mas em mim tudo pára.
O real nem de longe é ideal
E eu ultrapasso o limite do patético.
Como somos ridículos com nossos dramas e preocupações...
Pagou a conta de luz, amor? Tem que passar na padaria. Queria tanto aquele sofá!... entrou em liquidação. Fez o depósito na caderneta de poupança da filhinha? Temos que assegurar seu futuro!
Futuro!?... queria assegurar meu presente.
Se tiver fôlego corro até amanhã. Se não, vou ficando por aqui mesmo.
Me estatelo no sofá, pulo o banho de hoje, assisto à novela e ao Corujão.
Qualquer coisa que me leve de mim, para longe daqui...
segunda-feira, setembro 03, 2007
Cenas do Brasil
Sou servidora pública. Por vocação, com muito orgulho e prazer. Estou na instituição que escolhi, sigo a carreira que gosto, trabalho muito, sinto-me realizada com que faço, acho que faço bem, sou reconhecida e feliz. Batalho por fazer jus a cada centavo que me é pago pela sociedade brasileira.
Sinto-me incomodada, portanto, quando se generalizam comentários ou se dissemina um estigma de servidor público acomodado e incompetente. Tenho muitos colegas extremamente bem preparados, que realizam trabalhos fantásticos e que, certamente, contribuem para fazer deste um país melhor.
Por outro lado, também me sinto incomodada por saber que, infelizmente, esse panorama não está nem próximo da totalidade do que temos por aí. E algumas vezes tenho a oportunidade de estar defronte ou de saber de histórias que mostram isso com muita clareza. É bem verdade também que quanto menor, ou mais afastada, ou mais distante dos olhos fiscalizadores (da mídia, do cidadão, dos órgãos de controle) é a cidade, mais complicada é a situação.
Meus pais moram numa pequena cidade (com cerca de 60 mil habitantes) do estado de Goiás. Apesar de relativamente miúda, talvez seja o maior pólo turístico do estado e, teoricamente, deveria dispor de uma infra-estrutura capaz de atender com qualidade e segurança as milhares de pessoas que visitam o local, bem como disponibilizar serviços que facilitassem a vida das pessoas. Mas a coisa não é bem assim.
Em época de alta temporada, o sistema de água e energia é ineficiente. Não são incomuns os apagões nem o desabastecimento de água. Ainda assim, não se vê um plano diretor ou uma política de desenvolvimento para o local. Erguem-se altos edifícios ao bel prazer dos donos da cidade (há dois grupos que mandam no local e alternam-se no poder como os velhos coronéis do Nordeste). Sustentabilidade é palavra que não se fala por aquelas bandas.
O trânsito, especialmente nessas ocasiões, torna-se caótico - além do excesso de veículos para a capacidade das vias, observa-se o total descaso às leis. Para se ter uma idéia do ideário local, uma vez meu pai foi reclamar com um guarda de trânsito que não tomou nenhuma medida com um motorista que fizera uma manobra perigosa, bem à sua frente, criando um retorno inexistente no meio de uma rua de grande circulação. A resposta que ele obteve foi, no mínimo, interessante. "Senhor, eu não posso fazer nada! Era um turista. Se a gente multar os turistas, eles não voltam!"
Imagino que a França, país que mais recebe turistas estrangeiros no mundo, deve adotar essa mesma política, para serem tão bem sucedidos.
Nos hotéis ou clubes, cheios de piscinas, tobogãs, idosos e crianças, não há salva-vidas, brigadas de incêndio, desfibriladores, nem pessoas preparadas para prestar primeiros socorros em caso de qualquer urgência.
Recentemente, os dois foram atores de uma estória inusitada. Estavam a fazer compras num dos poucos mercados da cidade (alegria de aposentado é conversar com gerente de banco e fazer pesquisa de preços em supermercado). Brincadeirinha politicamente incorreta, deixa prá lá! Minha mãe pousa os óculos de sol numa prateleira e passa o olhar pelos produtos próximos. Alguns segundos depois, volta para pegar o óculos. Eis que não está mais lá. Pergunta para o meu pai, dá uma olhada em volta, mas não vêem nada ou ninguém. Decidem procurar a gerência, informar o ocorrido e pedir para ver a filmagem das câmaras de segurança - de repente a pessoa ainda poderia estar na loja e eles recuperariam o objeto. Ledo engano. Foram informados que as câmeras só eram ligadas à noite. Como expressaram sua chateação, o atendente achou por bem chamar a “advogada” do supermercado – até então eu desconhecia essa profissão. A moça chegou, já pronta a defender os interesses do estabelecimento – como se fossem diferentes dos do cliente, explicando que o mercado não era obrigado a manter ligadas as câmeras de segurança. Meu pai concordou, mas achou que eles deveriam, então, procurar manter a segurança dentro do supermercado. Ela achou que ele estava falando alto e se sentiu desacatada – ‘o senhor está me desacatando! Você sabe quem eu sou? (há quanto tempo não ouvia isso, achei que já estivesse fora de moda!) – Não! – Eu sou a advogada do supermercado! – Hmmm, e a senhora? Sabe quem eu sou? – O senhor é advogado? – Não, sou um cidadão que quer ter seus direitos respeitados. E quer saber? Advogada ou gari, para mim é a mesma coisa. Trato os dois com o mesmo respeito. – O senhor está me comparando a um gari? Isso é desacato de autoridade, eu vou chamar a polícia! – Pode chamar, que eu não tenho nada a temer. (Volta a fita! Quem tinha que chamar a polícia primeiro? Roda a fita, quem é autoridade, afinal?)
Chega a polícia.
- Pois não, o que está acontecendo?
- Nós estávamos fazendo compras no mercado, o óculos de minha esposa foi furtado de cima de uma prateleira e a gente quer fazer queixa.
- (A advogada) Vocês vão querer fazer queixa por causa de um óculos que deve ter custado dez reais?
- (Minha mãe ofendida) Olha, minha senhora, primeiro, que não custou dez reais, não, era um óculos muito bom! E mesmo que tivesse custado 1,99 era meu e ninguém tinha direito de pegar. (Deveria ter acrescentado: e se dez reais não faz diferença para você, eu vou entrar aqui, pegar algumas mercadorias e sair sem pagar, já que isso não tem nada de mais)
Depois de mais um capítulo de bate-boca decidem ir à delegacia. Chegando lá, vão falar com o policial/ escrivão / delegado, sei lá quem os recebeu (que, registre-se, estava desocupado):
- Pois não...
- Nós queremos dar queixa do furto de um óculos.
- Vocês vão querer fazer registro do furto de um ÓCULOS??? Meu senhor, com tanto estupro acontecendo por aí, o senhor vai querer dar queixa de um óculos??
- Vou. Vou porque o óculos era meu e ninguém tinha o direito de pegá-lo e de mais a mais o estuprador de hoje foi o cara que roubava óculos ontem e que vocês não pegaram. Porque é assim: primeiro o cara rouba um óculos, uma banana; depois uma bicicleta, um aparelho de som; e como nada acontece com ele, logo ele está estuprando, seqüestrando, matando ... (Adorei essa teoria!)
A contragosto, para não discutir, o camarada que está ali para prestar um serviço de qualidade ao público da cidade, faz a tão pedida ocorrência – que, obviamente, não levará a nada, nem a ninguém, nem evitará próximos delitos.
A pergunta que não quer calar desde então é: a partir de quantos reais ou que tipo de coisas podem ser usurpadas de outrem para começar a se considerar crime? Há um artigo no código penal que defina isso?
Nesta hora, me dá uma inveja dos Estados Unidos, que condenaram recentemente a 8 meses de prisão e, depois, a retornarem a seu país (que tinha quer ser este aqui de onde vos falo!) os chefes de certa Igreja, por entrarem no país com 56 mil dólares não declarados. Aqui, ainda, o elemento anda com dólar escondido na cueca, transita com mala cheia de milhões e consegue escapar sem nem explicar. Mas tenho esperança de viver para ver isso mudar.
Sinto-me incomodada, portanto, quando se generalizam comentários ou se dissemina um estigma de servidor público acomodado e incompetente. Tenho muitos colegas extremamente bem preparados, que realizam trabalhos fantásticos e que, certamente, contribuem para fazer deste um país melhor.
Por outro lado, também me sinto incomodada por saber que, infelizmente, esse panorama não está nem próximo da totalidade do que temos por aí. E algumas vezes tenho a oportunidade de estar defronte ou de saber de histórias que mostram isso com muita clareza. É bem verdade também que quanto menor, ou mais afastada, ou mais distante dos olhos fiscalizadores (da mídia, do cidadão, dos órgãos de controle) é a cidade, mais complicada é a situação.
Meus pais moram numa pequena cidade (com cerca de 60 mil habitantes) do estado de Goiás. Apesar de relativamente miúda, talvez seja o maior pólo turístico do estado e, teoricamente, deveria dispor de uma infra-estrutura capaz de atender com qualidade e segurança as milhares de pessoas que visitam o local, bem como disponibilizar serviços que facilitassem a vida das pessoas. Mas a coisa não é bem assim.
Em época de alta temporada, o sistema de água e energia é ineficiente. Não são incomuns os apagões nem o desabastecimento de água. Ainda assim, não se vê um plano diretor ou uma política de desenvolvimento para o local. Erguem-se altos edifícios ao bel prazer dos donos da cidade (há dois grupos que mandam no local e alternam-se no poder como os velhos coronéis do Nordeste). Sustentabilidade é palavra que não se fala por aquelas bandas.
O trânsito, especialmente nessas ocasiões, torna-se caótico - além do excesso de veículos para a capacidade das vias, observa-se o total descaso às leis. Para se ter uma idéia do ideário local, uma vez meu pai foi reclamar com um guarda de trânsito que não tomou nenhuma medida com um motorista que fizera uma manobra perigosa, bem à sua frente, criando um retorno inexistente no meio de uma rua de grande circulação. A resposta que ele obteve foi, no mínimo, interessante. "Senhor, eu não posso fazer nada! Era um turista. Se a gente multar os turistas, eles não voltam!"
Imagino que a França, país que mais recebe turistas estrangeiros no mundo, deve adotar essa mesma política, para serem tão bem sucedidos.
Nos hotéis ou clubes, cheios de piscinas, tobogãs, idosos e crianças, não há salva-vidas, brigadas de incêndio, desfibriladores, nem pessoas preparadas para prestar primeiros socorros em caso de qualquer urgência.
Recentemente, os dois foram atores de uma estória inusitada. Estavam a fazer compras num dos poucos mercados da cidade (alegria de aposentado é conversar com gerente de banco e fazer pesquisa de preços em supermercado). Brincadeirinha politicamente incorreta, deixa prá lá! Minha mãe pousa os óculos de sol numa prateleira e passa o olhar pelos produtos próximos. Alguns segundos depois, volta para pegar o óculos. Eis que não está mais lá. Pergunta para o meu pai, dá uma olhada em volta, mas não vêem nada ou ninguém. Decidem procurar a gerência, informar o ocorrido e pedir para ver a filmagem das câmaras de segurança - de repente a pessoa ainda poderia estar na loja e eles recuperariam o objeto. Ledo engano. Foram informados que as câmeras só eram ligadas à noite. Como expressaram sua chateação, o atendente achou por bem chamar a “advogada” do supermercado – até então eu desconhecia essa profissão. A moça chegou, já pronta a defender os interesses do estabelecimento – como se fossem diferentes dos do cliente, explicando que o mercado não era obrigado a manter ligadas as câmeras de segurança. Meu pai concordou, mas achou que eles deveriam, então, procurar manter a segurança dentro do supermercado. Ela achou que ele estava falando alto e se sentiu desacatada – ‘o senhor está me desacatando! Você sabe quem eu sou? (há quanto tempo não ouvia isso, achei que já estivesse fora de moda!) – Não! – Eu sou a advogada do supermercado! – Hmmm, e a senhora? Sabe quem eu sou? – O senhor é advogado? – Não, sou um cidadão que quer ter seus direitos respeitados. E quer saber? Advogada ou gari, para mim é a mesma coisa. Trato os dois com o mesmo respeito. – O senhor está me comparando a um gari? Isso é desacato de autoridade, eu vou chamar a polícia! – Pode chamar, que eu não tenho nada a temer. (Volta a fita! Quem tinha que chamar a polícia primeiro? Roda a fita, quem é autoridade, afinal?)
Chega a polícia.
- Pois não, o que está acontecendo?
- Nós estávamos fazendo compras no mercado, o óculos de minha esposa foi furtado de cima de uma prateleira e a gente quer fazer queixa.
- (A advogada) Vocês vão querer fazer queixa por causa de um óculos que deve ter custado dez reais?
- (Minha mãe ofendida) Olha, minha senhora, primeiro, que não custou dez reais, não, era um óculos muito bom! E mesmo que tivesse custado 1,99 era meu e ninguém tinha direito de pegar. (Deveria ter acrescentado: e se dez reais não faz diferença para você, eu vou entrar aqui, pegar algumas mercadorias e sair sem pagar, já que isso não tem nada de mais)
Depois de mais um capítulo de bate-boca decidem ir à delegacia. Chegando lá, vão falar com o policial/ escrivão / delegado, sei lá quem os recebeu (que, registre-se, estava desocupado):
- Pois não...
- Nós queremos dar queixa do furto de um óculos.
- Vocês vão querer fazer registro do furto de um ÓCULOS??? Meu senhor, com tanto estupro acontecendo por aí, o senhor vai querer dar queixa de um óculos??
- Vou. Vou porque o óculos era meu e ninguém tinha o direito de pegá-lo e de mais a mais o estuprador de hoje foi o cara que roubava óculos ontem e que vocês não pegaram. Porque é assim: primeiro o cara rouba um óculos, uma banana; depois uma bicicleta, um aparelho de som; e como nada acontece com ele, logo ele está estuprando, seqüestrando, matando ... (Adorei essa teoria!)
A contragosto, para não discutir, o camarada que está ali para prestar um serviço de qualidade ao público da cidade, faz a tão pedida ocorrência – que, obviamente, não levará a nada, nem a ninguém, nem evitará próximos delitos.
A pergunta que não quer calar desde então é: a partir de quantos reais ou que tipo de coisas podem ser usurpadas de outrem para começar a se considerar crime? Há um artigo no código penal que defina isso?
Nesta hora, me dá uma inveja dos Estados Unidos, que condenaram recentemente a 8 meses de prisão e, depois, a retornarem a seu país (que tinha quer ser este aqui de onde vos falo!) os chefes de certa Igreja, por entrarem no país com 56 mil dólares não declarados. Aqui, ainda, o elemento anda com dólar escondido na cueca, transita com mala cheia de milhões e consegue escapar sem nem explicar. Mas tenho esperança de viver para ver isso mudar.
sábado, setembro 01, 2007
Notícias da seca em Brasília
A seca na capital do Brasil está em sua terceira e última fase. A metereologia calcula que haverá uma ampliação da estiagem e só deverá chover na segunda quinzena de setembro. Para quem não conhece a classificação é a seguinte*:
1º etapa - maio/junho - A grama ainda está verde, de vez em quando cai uma chuvinha aqui ou acolá. Começa a temporada de churrascos e festas ao ar livre e também de gripes, infecções de vias aéreas e alergias em geral. Umidade do ar - 50%.
2º etapa - junho/julho - a grama já está bege, há redemoinhos de areia, os narizes sangram, os dias são quentes (26-28ºC) e as noites, geladas (até 12ºC!!!). Temporada de festas juninas. Umidade do ar 40 - 30%.
3º etapa - agosto/setembro - não há mais folhas nas árvores do cerrado. As vendas de umidificadores e os incêndios florestais atingem o ápice. Uma calcinha seca em duas horas (pendurada no box do banheiro). As pessoas contabilizam a terceira ou quarta gripe da temporada. É comum flagrar os motoristas limpando o salão dentro dos seus carros. O clima é assunto corrente nos elevadores, repartições e programas de rádio e televisão. Os ventos estão loucos - às vezes não há nenhum (vide foto da bandeira), em outras há rajadas de derrubar placas e pessoas (aconteceu isso esta semana!). E, muito interessante, as pessoas começam a dar choques umas nas outras. No carro, chega a sair faísca. (É irritante!). Umidade do ar 25-15%.
* Esta classificação não se respalda em nenhuma referência da literatura científica, apenas na percepção da autora. Acredite se quiser.
1º etapa - maio/junho - A grama ainda está verde, de vez em quando cai uma chuvinha aqui ou acolá. Começa a temporada de churrascos e festas ao ar livre e também de gripes, infecções de vias aéreas e alergias em geral. Umidade do ar - 50%.
2º etapa - junho/julho - a grama já está bege, há redemoinhos de areia, os narizes sangram, os dias são quentes (26-28ºC) e as noites, geladas (até 12ºC!!!). Temporada de festas juninas. Umidade do ar 40 - 30%.
3º etapa - agosto/setembro - não há mais folhas nas árvores do cerrado. As vendas de umidificadores e os incêndios florestais atingem o ápice. Uma calcinha seca em duas horas (pendurada no box do banheiro). As pessoas contabilizam a terceira ou quarta gripe da temporada. É comum flagrar os motoristas limpando o salão dentro dos seus carros. O clima é assunto corrente nos elevadores, repartições e programas de rádio e televisão. Os ventos estão loucos - às vezes não há nenhum (vide foto da bandeira), em outras há rajadas de derrubar placas e pessoas (aconteceu isso esta semana!). E, muito interessante, as pessoas começam a dar choques umas nas outras. No carro, chega a sair faísca. (É irritante!). Umidade do ar 25-15%.
* Esta classificação não se respalda em nenhuma referência da literatura científica, apenas na percepção da autora. Acredite se quiser.
Em Brasília, cada vez mais seco...
A seca na capital do Brasil está em sua terceira e última fase. A metereologia calcula que haverá uma ampliação da estiagem e só deverá chover na segunda quinzena de setembro. Para quem não conhece a classificação é a seguinte*:
1º etapa - maio/junho - A grama ainda está verde, de vez em quando cai uma chuvinha aqui ou acolá. Começa a temporada de churrascos e festas ao ar livre e também de gripes, infecções de vias aéreas e alergias em geral. Umidade do ar - 50%.
2º etapa - junho/julho - a grama já está bege, há redemoinhos de areia, os narizes sangram, os dias são quentes (26-28ºC) e as noites, geladas (até 12ºC!!!). Temporada de festas juninas. Umidade do ar 40 - 30%.
3º etapa - agosto/setembro - não há mais folhas nas árvores do cerrado. As vendas de umidificadores e os incêndios florestais atingem o ápice. Uma calcinha seca em duas horas (pendurada no box do banheiro). As pessoas contabilizam a terceira ou quarta gripe da temporada. É comum flagrar os motoristas limpando o salão dentro dos seus carros. O clima é assunto corrente nos elevadores, repartições e programas de rádio e televisão. Os ventos estão loucos - às vezes não há nenhum (vide foto da bandeira), em outras há rajadas de derrubar placas e pessoas (aconteceu isso esta semana!). E, muito interessante, as pessoas começam a dar choques umas nas outras. No carro, chega a sair faísca. (É irritante!). Umidade do ar 25-15%.
* Esta classificação não se respalda em nenhuma referência da literatura científica, apenas na percepção da autora. Acredite se quiser.
1º etapa - maio/junho - A grama ainda está verde, de vez em quando cai uma chuvinha aqui ou acolá. Começa a temporada de churrascos e festas ao ar livre e também de gripes, infecções de vias aéreas e alergias em geral. Umidade do ar - 50%.
2º etapa - junho/julho - a grama já está bege, há redemoinhos de areia, os narizes sangram, os dias são quentes (26-28ºC) e as noites, geladas (até 12ºC!!!). Temporada de festas juninas. Umidade do ar 40 - 30%.
3º etapa - agosto/setembro - não há mais folhas nas árvores do cerrado. As vendas de umidificadores e os incêndios florestais atingem o ápice. Uma calcinha seca em duas horas (pendurada no box do banheiro). As pessoas contabilizam a terceira ou quarta gripe da temporada. É comum flagrar os motoristas limpando o salão dentro dos seus carros. O clima é assunto corrente nos elevadores, repartições e programas de rádio e televisão. Os ventos estão loucos - às vezes não há nenhum (vide foto da bandeira), em outras há rajadas de derrubar placas e pessoas (aconteceu isso esta semana!). E, muito interessante, as pessoas começam a dar choques umas nas outras. No carro, chega a sair faísca. (É irritante!). Umidade do ar 25-15%.
* Esta classificação não se respalda em nenhuma referência da literatura científica, apenas na percepção da autora. Acredite se quiser.
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