sexta-feira, setembro 14, 2007

Minha filha, eu e as frescurinhas da vida

Aviso aos navegantes: nesta mensagem soh haverah os acentos que o meu teclado quis que houvesse.

Eu confesso: adoro frescurinhas!

Poderia tornar a minha vida bem mais fácil, ágil e econômica se não fosse essa caracteristica, eu sei. Mas é assim que eu gosto! Gosto de acessórios - vários, coloridos, diversos - cintos, pulseiras, colares, brincos, prendedores de cabelo, relógios, óculos, bolsas, sapatos... Ah, os sapatos!...

Gosto de coisas da Hello Kitty e da Betty Boop. Se não fosse pelo mínimo senso de ridículo que me resta, teria mochilas, coleção de canetas, papéis de cartas!... Me contento com uma bolsinha, uma bonequinha sobre a cama e outra sobre o computador do trabalho (que roubei da minha filha). Gosto tambem de porta-guardanapos, lencinhos que cobrem garrafas d'água, marcadores de taças, legiões de cremes, enfim, gosto de (quase) todas as inutilidades que o mundo capitalista criou (as tecnológicas, por exemplo, nao me apetecem tanto). Minha mae, quando é época de presente (natal, aniversario...), diz que acha ser muito dificil me dar alguma coisa - "que não preciso de nada". Digo para ela, insistentemente - mae, me de alguma coisa de que eu nao precise, que eu vou adorar! Esta, alias, e a essência do presente - ser algo desnecessário. Senao seria satisfaçao de necessidade, não presente!

Pensei que quando tivesse uma filha, poderia proporcionar a ela a satisfaçao de todas as minhas frescurinhas que não tive a oportunidade de usufruir na infancia - por falta de grana ou por inexistencia do produto, mesmo. Ledo engano! Bem que falaram que a gente não tem que criar expectativas para os filhos e nem esperar usá-los para resolver nossas frustraçoes.

A coleçao de xuxinhas e faixas para cabelo compradas quando ela era ainda bebê, foram atiradas no chao, a partir e desde que ela passou a conseguir mover as maos e desenvolveu a prensao de objetos, ou seja, aos 4 meses de idade. Insisti alguns meses, claro, mas acabei desistindo.

Saias e vestidos sao acessorios desprezados nos grotoes mais longinquos das gavetas e armarios. Os parentes e amigos ja sabem e nao mais presenteiam esses itens comuns ao vestuario feminino. A frase padrao é "mae, eu gosto de short!" Hoje, ja me conformei e ate concordo com ela, salve o conforto! Eventualmente, em alguma ocasiao especial, tento negociar um vestidinho, para variar, e, dependendo do humor, posso ser bem sucedida, ou nao. Neste caso, vai rolar uma calça jeans mesmo ou, preferencialmente, uma calça leg de malha - campea de preferencia.

Se o assunto é sair para comprar roupa ou sapato, nem pensar em levá-la junta - seria o mesmo que convida-la para a forca. Nao tem a mínima paciencia! "Filha, chegou o inverno, esta ficando frio, e precisamos comprar blusas de manga comprida para voce. Nao, mae, nao precisa. Ja tenho uma!" Acabo achando legal o fato de ela ter essa simplicidade que eh dela, entao jah nao insisto nisso. Ela tem o basico, e as coisas dela sao básicas como ela.

Quanto aos brinquedos, tem sua leva de Barbies e Pollies, mas tambem a gama de carrinhos, dinossauros, bichos estranhos (aranhas, lagartixas, pererecas, baratas...), espadas do Power Rangers, pistas de hot wheels...
Para quem, acha que estou exagerando, aqui esta a mostra do visual escolhido para o baile de carnaval e aniversario do ano passado:



Em relaçao a filmes e desenhos, eventualmente rola um filme da Barbie, da Cinderela, ou outra princesa, mas o que gosta mesmo é Power Rangers, Homem-Aranha, Parque dos Dinossauros, Quarteto Fantástico, Casa-Monstro, Piratas do Caribe... Hah um tempo, esta mae, preocupada com a influência de filmes assim na formação de uma criança de 4 anos, quis adverti-la: "filha, vamos ver outra coisa, esse filme (Power Rangers) é muito violento!" A resposta foi simples e objetiva: "mae, eu gosto de violencia!"

Diante de tanta veemência, fui convencida. Claro que ela não eh uma criança de comportamento violento, pelo contrario, eh doce, sensível, sabe dialogar, entao acabamos ficando tranquilos e acreditando que eh, realmente, um gosto pessoal, que nao traz qualquer prejuízo aa sua formaçao e, portanto, pode ser respeitado. Na verdade, nao posso negar que nunca quis que ela se tornasse uma "Barbie Girl" ou uma "princesinha". Sempre estimulei os brinquedos variados, para que tivesse experiencias diversas e desde cedo aprendesse a desenvolver respostas variadas para esse mundo que requer proatividade, flexibilidade e determinação.

Ontem aa noite, estavamos conversando na cama, antes de dormir, quando ela - olhando o poster do 'Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado' colado na porta de seu quarto - começou a lembrar de cenas do filme. Depois, se enveredou para os Piratas do Caribe, os tentaculos do Polvo gigante, patati, patatá. Eu, preocupada de ela ter algum pesadelo, falando disso antes de dormir, sugeri "Filha, vamos pensar em outra coisa, conversar sobre algo mais bonitinho.. Vamos falar do cavalinho da Polly?" E ela, sem titubear, super simpática, 'Vamos!! Ih, o polvo gigante comeu o cavalinho da Polly!' e caiu na gargalhada! Provavelmente rindo da minha tentativa despropositada e patetica!

Ainda nao aprendi que ela nao eh chegada a tantas frescurinhas!

A voce, filha mais que querida, que tantas vezes eh tao diferente de mim, mas que compartilha de valores que considero fundamentais - como o respeito, a preocupaçao e o cuidado com o outro - todo o meu amor e admiraçao.

2 comentários:

Flávia disse...

E viva a diferen�a ! Realmente, a J�lia n�o saiu � mulherada da fam�lia da m�e dela MESMO.

Beijinhos saudosos.

Anônimo disse...

Assim são essa duas mulheres que amo: a esposa e mãe, por conseguir amavelmente compreender a filha e permitir seu jeito e também por usar suas frescurinhas coloridas sem breguises, cafonisses ou peruísses. Aliás, muito pelo contrário: sempre chique e linda!; A filha, por conseguir, na simplicidade, ser amável e cativante, ter presença de espírito, ser bem humorada e ser companheira nas brincadeiras de ação e nos filmes de emoção e aventura. Amo vocês, minhas muiés!