quinta-feira, dezembro 30, 2010

Eu e a cidade

A rotina dos cuidados com a minha bebezinha tem diminuído o meu contato com o mundo exterior e isso inclui, claro, a cidade onde moro. Assim, as minhas histórias, as minhas vivências, os meus textos parecem destoar do nome desse blog.

Quando o escolhi - e ainda posso me lembrar como ele me veio tão fácil - foi porque queria falar de mim, do meu cotidiano e porque sabia que eu, a minha vida e minha visão de mundo eram profundamente afetados pelo fato de eu viver e de amar viver em uma cidade. E por essa cidade ser Brasília.



Percebi isso ainda na escola quando toda vez que precisava fazer uma redação biográfica começava com: Sou Juliana e nasci em Brasília. Depois adicionaria o fato de ser servidora pública. E não é a toa que incluímos a profissão em nosssa identidade ao usar o verbo ser.

Toda essa lenga-lenga inicial foi para tentar descobrir se esse cotidiano que vivo hoje, de mãe em tempo praticamente integral, também é afetado por esse fato, apesar de eu não vivenciar essa urbanidade como antes. Eu seria a mesma mãe se tivesse nascido em outro lugar? Minha experiência e a de minha filha seriam diferentes se não morássemos aqui?

Depois me veio a constatação de que eu nunca tinha vivido integralmente a cidade. Mas esse não era um lapso apenas meu. Quem o teria se existem tantas cidades dentro da mesma cidade e cada um de nós conhece apenas aquela ou aquelas poucas com as quais se identifica e, assim, deixa todo o resto por viver. Ou não viver.



E não posso deixar de admitir que no curso do meu pensamento, essa lembrança do quanto nossas visões são parciais e nossas vivências limitadas, como essa percepção do óbvio foi perturbadora.

Sentimentos de mãe

Hoje fui surpreendida quando meu marido, de férias, aproximou-se de mim, deu-me um beijo e disse que estava saindo. Saindo? É, resolver umas coisas. Tinha que ver umas coisas para a obra que estamos fazendo na casa. Pegou a bolsa e saiu.

Fiquei pensando quando havia sido a última vez que, simplesmente, peguei a bolsa, dei um beijo e ... saí. Talvez esse tenha sido o grande choque que a maternidade me fez experimentar. De repente, eu não podia mais, só e simplesmente, ... sair. Embora teoricamente já soubesse da abdicação que me esperava, na prática ela me seria muito mais dramática e cara. Após o nascimento da minha primeira filha, senti-me alheia à minha identidade, desapropriada de meus quereres, desprovida do direito de escolher. Sim, não podia mais tomar as decisões mais simples do meu dia-a-dia. Quando dormir, quando acordar, quando ir ao banheiro, quando comer. Passei um bom tempo meio atônita, meio autômata. Fazia o que tinha que fazer. O que achava que era certo fazer. Nos primeiros sete dias já tinha perdido 13 dos 14kg ganhos durante a gravidez (aquele um me acompanharia para todo o sempre depois). Perdido peso, mas nunca mais reencontrado a forma original, que eu também prezava de uma maneira inocente, como fazem os jovens que acreditam que assim o serão por toda a vida.

Toda essa sensação de perda de liberdade, de perda de individualidade, de desapropriação do próprio corpo e da própria vida, somava-se à ansiedade de talvez não conseguir ser a mãe que a minha filha merecia. Era o tal sentimento de inadequação que mais uma vez me atormentava e me fazia desejar não estar ali, sumir no mundo, sumir do mundo.

Dessa vez tem sido diferente e até tenho buscado ficar grudada com a minha filhinha, numa simbiose gostosa, sentindo aquele minúsculo corpinho delicado e quente que parece se moldar ao meu colo e ao meu abraço. A ansiedade e a angústia finalmente cederam lugar à tranquilidade e ao aconchego. Pude sentir o prazer de maternar.

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Escrita



Acredito no poder curador da escrita. Gostaria de escrever todos os meus pensamentos. Quem sabe assim pensaria melhor na próxima vez.

domingo, dezembro 19, 2010

Pega na mentira

Conversa matinal entre mãe e filha:

- Filha, você escovou os dentes? (encontrei o ponto de interrogação!!)

Resposta com um segundo de reticência:
- Sim..

Mãe séria olha a filha nos olhos:

- Filha, você não prometeu para a mamãe que não ia mais mentir?!

- Sim, mãe. E eu já tô parando. Aos poucos... Primeiro eu paro com as mentiras grandes até chegar às mentiras pequenas. Não dá para ser tudo de uma vez!

??

Só pude achar graça, aceitar os termos e aguardar com paciência...

sábado, dezembro 18, 2010

Segundo filho é tudo de bom

Se alguém me perguntar, faço coro com um bando de gente que faz questão de afirmar que segundo filho é tudo de bom. Há o prazer do encontro com aquelas carinhas tão pequenas e fofinhas, mas sem o stress que envolve todos os cuidados com o primeiro.

Bem, stress não é infortúnio que acomete todas e todos. Há mães e pais bem descolados. Mas eu, definitivamente, não fazia parte desse time. Tudo foi um drama com a minha primeira filha, sobretudo no primeiro mês. Lembro de quase não ter sentido alegria e que aquele período pareceu durar onze meses e meio. Cada dia era uma eternidade. Amamentar foi, inicialmente, uma tortura, com todas as dores e fissuras. Tudo muito diferente do que eu pensava que seria. Com um mês e meio estava desesperada para voltar ao trabalho. Tudo o que eu não queria era passar os dias inteiros dentro de casa com aquele bebê que tanto chorava e com quem eu não sabia lidar direito.

Depois, as coisas foram melhorando, mas não o suficiente para eu curtir numa boa. Naquele início eu disse que nunca mais teria outro filho. Quando ela passou dos dois anos, eu percebi que se os bebês nascessem com essa idade eu poderia ter vários, mas a certeza de que eu não queria mais engravidar só começou a ser abalada após uns quatro anos, quando comecei a pensar na ideia com alguma simpatia. Acabou que a coisa não rolou, perdi três bebês, tudo entremeado com períodos de muita dúvida: será que eu tô mesmo a fim de enfrentar todo aquele início de novo.. (santo ponto de interrogação, cadê você..).

Ano passado cheguei a uma resposta: sim, eu quero. Aí, foi necessária uma séria de preparativos, pois eu não podia mais engravidar naturalmente, teria que me submeter a uma fertilização in vitro e viver a ansiedade do possível insucesso do tratamento. Mas resolvi encarar. Falei para mim mesma e para o meu marido que faria apenas uma tentativa e me preparei para o pior. Se não desse certo não tentaria de novo, acataria como destino.

Bem, após aquele tratamento chatinho cheio de injeções e ecografias e uma espera que parecia infindável, o resultado incrivelmente foi positivo. Como foi maravilhoso aquela dia! Apenas não mais do que o do próprio nascimento, quando eu e meu marido não conseguíamos conter as lágrimas de tanta emoção. Engraçado que isso não tinha acontecido na primeira vez. Mas agora talvez por termos esperado tanto, passado por tantas dificuldades e por já sabermos como era maravilhosa a experiência de uma criança na família, a emoção parecia diferente.

E realmente foi. Éramos pais novamente, dez anos depois. Éramos outras pessoas. E ainda havia mais alguém que partilharia conosco daquele momento. Viver essa experiência de vida junto com a nossa filha de quase dez anos foi muito gostoso. Tudo ficou mais divertido e mais leve. E embora eu tenha tido meus momentos de melancolia puerperal, umas vontades de sumir, uns medos de ter tomado a decisão errada e sem ter como retroceder, no geral, foi muito gostoso e, sem dúvida, muito melhor.

Além de já saber o que esperar, o que temer, o que não temer e o que fazer na maioria das situações, a companhia dessa filha tão interessada em participar, tão envolvida e igualmente apaixonada e, sobretudo, tão prática foi fundamental para que a tranquilidade reinasse nessa casa (pelo menos a maior parte do tempo).

Lembro de dois momentos em que sua sabedoria simples tanto me ajudaram. Um foi quando eu estava tensa com todos e qualquer barulho que pudesse atrapalhar o sono da minha pequena princesa. A vontade era proibir as pessoas de falarem, os cachorros de latirem e a obra do prédio de continuar. Até que ela me deu o conselho fundamental: "Calma, mãe! Se ela acordar, você dá o peito e ela dorme de novo." E não é que era só isso mesmo!!

Outra vez foi quando chegou o dia da primeira vacina. Já estava ansiosa desde o nascimento, desde o teste do pezinho (que fiz questão de não presenciar e maridão é quem fez as vezes), desde a gravidez para dizer a verdade! No caminho do centro de saúde, lá ia eu lamentando a sorte da minha pequenininha, pobre coitadinha. Quando veio a palavra tranquilizadora: "Mãe, não fica assim, você só tem que pensar que é algo para o bem dela."

Ai, quem me dera ter essa praticidade, essa racionalidade! Estou longe de ser assim, mas estou me esforçando muito para aprender!

Portanto, se alguém está precisando de apenas um empurrãozinho para decidir se dá ou não o segundo passo, mando já um empurrão virtual (especialmente se já tiverem se passado 10 anos!!). :-D

Porque a vida precisa de pausas

Uns domingos atrás consegui dar uma pausa na maternidade e em todas as suas obrigações e curtir duas horas de folga com a cunhada, enquanto maridão se ocupou das filhotinhas e meu irmão cuidava da prole dele (enquanto tentava assistir ao jogo de futebol na TV. Imagino a atenção que aquelas crianças de 2 e 4 anos receberam!). Tudo isso para que pudéssemos ter um encontro com o Capitão Nascimento e sua Tropa de Elite 2. Amei o primeiro, estava ansiosa por uma oportunidade de ver o segundo. Seria legal assistirmos todos juntos, mas diante das circunstâncias, essa combinação foi a melhor que pudemos arranjar.

O segundo também é um excelente filme, em todos os aspectos. Exceto um. Senti falta do Capitão Nascimento de farda. :-)


O visual executivo também é bem interessante, mas não tão emocionante como o policial.

Já a história faz a gente lembrar daquela música de Chico Buarque: Acorda amor, em que se pede para chamar o ladrão, diante do pesadelo dos homens da viatura.

O final de semana foi o mesmo em que estava havendo a invasão policial à Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Fiquei pensando se aquilo tudo era prá valer ou iniciativa para ficar bonito na TV. E como estavam se comportando os corruptos que provavelmente estavam lá juntos subindo o morro.

Toda essa paisagem, esses sons, essas imagens são muito diferentes do dia a dia dentro de casa com um bebezinho de dois meses. É um choque! Voce sai de um ambiente de amor, tranquilidade e inocência (e trabalho duro!) para cair numa realidade de maldade e violência. Por que a coisa do amor e da paz não pode transpor as paredes dos lares e tornar-se o padrão habitual em nossa sociedade. (o computador é novo e não encontrei o ponto de interrogação!!) Merecemos cidades melhores. Merecemos um país e um mundo melhor. Talvez para isso precisemos contar com lares melhores. Enquanto houver violência dentro das casas, haverá violência fora de casa.

sexta-feira, novembro 26, 2010

Viroses e neuroses

Filha mais velha chega em casa com uma tosse de cachorro, vias nasais congestionadas e queixando-se de dor na garganta e no ouvido. Marco uma consulta com o médico e vou providenciando os primeiros cuidados, após uma análise inicial e a verificação que não há nada grave que exija uma visita à emergência. No entanto, logo acende-se a luz amarela: e a filhotinha?? Imediatamente surge uma imagem mental: o quarto inteiro invadido por um exército de vírus, plainando em uma nuvem visível apenas aos atentos e perspicazes olhos maternos, vai se enveredando por cada recanto do berço, criado mudo, enfeites, poltrona...

Que filhote de gente poderia escapar são de tais condições??

Resolvo que é melhor privá-la de dormir no quarto junto com a irmã foco de contágio. No início da noite, acomodo-a na minha cama. Lá está a bonitinha repousando no meio daquela imensidão. Que fofura!

Mas logo é hora de irmos deitar. Penso em sugerir ao maridão de 1,93m que durma no sofá de dois lugares da sala, para não desalojar a criaturinha de menos de 60cm e tirá-la do meu lado e do alcance do meu olhar. Na verdade, confesso que cheguei a dar essa ideia, mas infelizmente ela não foi levada a sério pela outra parte, então resolvi que meu rebento deveria dormir no carrinho o restante da noite. Chateou-me o fato de o carrinho não entrar no meu quarto e ter que ficar estacionado no pequeno corredor entre um quarto e outro. Como deixaremos nossa filha no meio do corredor?? Lembrei-me da imagem de pacientes moribundos ao longo dos corredores daqueles hospitais superlotados. Maridão prático argumentou de que tudo são convenções e o corredor também é um cômodo habitável da casa, como qualquer outro. Na falta de outra alternativa, resolvi deixar-me convencer.

Ao deitá-la no moisesinho, que eu cobriria com uma fraldinha para livrá-la de qualquer possível mosquito assassino, outra imagem: um bebezinho claustrofóbico em profundo sofrimento, que ao tentar manifestar-se com um choro quase inaudível asfixia-se com a fronha e o lençol, sem que haja a menor chance de ser socorrido. Após isso, a mãe, devastada por uma tristeza profunda, culpa-se irremediavelmente pelo ocorrido e jamais volta a ter uma vida normal.

Quando já estava sentindo na pele as dores desse drama, um clique me traz de volta à real e decido que, definitivamente, o carrinho é muuiito perigoso e decido colocá-la no berço mesmo, no mesmo quarto da irmã.

Ao olhar as duas dormindo como anjos, a outra apenas com o nariz um pouco congestionado, resolvo relaxar e também ir dormir o meu sono reparador pensando no ditado - o que não mata, fortalece... Ou algo assim...

P.S: Hoje acordei e ambas continuam bem vivas. A mais velha segue entupida, mas leva uma vida normal entre um xarope e outro. A pequena não parece ter sido afetada pela patologia alheia.

quarta-feira, novembro 24, 2010

52 dias

Minha filhinha já completou mais de 50 dias e parece que foi ontem que ela se esticava dentro de mim, em busca de algum ângulo mais confortável.

Temos vivido uma espécie de simbiose. Meus dias praticamente são para ela. E estão sendo ótimos. Não tenho tido nem tempo nem interesse em qualquer outra coisa. Havia separado alguns livros e filmes, para desfrutar na licença-maternidade quando tivesse alguma folguinha. Até parece! Além do tempo exíguo, entre uma mamada, um colo, uma troca de fraldas e outra, só tenho paciência para os meus seriados policiais e programas da Discovery Home and Healthy, bons para ver durante a amamentação. Não quero nada que me faça pensar. Meus pensamentos já têm destino.

Passada a fase inicial de transtornos e dificuldades com a amamentação (que quase conseguem acabar com a alegria materna), agora tudo é festa. E muito, muito amor e contemplação. Não me canso de olhar para ela e paquerar essa criaturinha tão pequena, mas que já preencheu a nossa casa, a nossa vida e nossos corações.

O que dizer mais? Só tenho a agradecer o meu pequeno milagre e tentar aproveitar muito cada dia, pois eles passam mais rápido do que eu gostaria. Aos poucos ela vai se tornando uma pessoinha, com suas particularidades, gostos e desejos, ocupando seu lugar no mundo, de uma forma única e maravilhosa.

quinta-feira, setembro 30, 2010

Finzinho da seca

Esse ano a seca castigou Brasília de uma maneira especial. Foram mais de 120 dias sem nenhuma gota de chuva. Ultimamente o calor estava literalmente infernal, particularmente insuportável para uma pobre gestante no nono mês.

Semana passada voltava para casa, na hora do almoço e esse foi o céu que avistei.





Mas não foi apenas o Parque Nacional que queimou, causando um grande estrago e uma imensa tristeza em nossos corações, houve queimadas por todos os lados, perto das vias, perto das residências, no centro da cidade. O gramado do Eixo Monumental pegou fogo! No final de semana estávamos num restaurante, quando tiveram que chamar os clientes, porque o fogo que pegava no cerrado ameaçava chegar aos carros no estacionamento.

Hoje caíram os primeiros pingos. Evaporaram antes de conseguir molhar as vias. Talvez amanhã cheguem com mais disposição...

Esperando...

Faz tempo que não passo por aqui. Não tem acontecido muita coisa. Ando apenas esperando...

Esperando a chuva...
Esperando as eleições...
Esperando minha filhotinha...
Esperando a reforma da minha casa terminar...
Esperando inspiração...
E, sobretudo, um lampejo de disposição para conseguir ligar o computador à noite, após um dia inteiro de ralação com uma barriga que já está enorme...

sexta-feira, agosto 13, 2010

Plenitude

De repente, estou grávida e plena de mim.

E isso é bom...

quinta-feira, julho 29, 2010

Saudade de mãe



Hoje estava numa loja e sobre o balcão havia uma revista mostrando a imagem de Cissa Guimarães na capa e anunciando uma reportagem com ela, em que dizia 'meu filho está mais vivo do que nunca, eu é que morri'.

Consigo imaginar exatamente o que é essa sensação, essa morte interior, esse vazio na alma, esse abismo no coração, esse oco em todas as entranhas. De repente, a paisagem perde a cor, você perde o rumo, o sentido e a razão. A vida vira fardo, acordar dói, respirar parece desnecessário. Só a vontade de não ser, não estar, não fazer. Desaparecer do mundo e de dentro de si. Só que até isso parece exigir esforço demasiado e impossível.

Mas morrer em vida exige renascer em algum momento, caso contrário enlouquece-se.

Aprender a viver demanda aprender a morrer e a nascer de novo. Ainda que doa, ainda que se parta cada célula do corpo. Só se supera a dor quando se consegue experienciar cada segundo dela, quando se choram todos os prantos e todas as lágrimas, quando se calam todas as palavras, quando se grita todo o desespero. Renascer exige humildade, resignação e paciência. Pois há de se esperar o tempo de cada coisa. O tempo necessário. Totalmente diferente do tempo desejado.

Já morri e renasci por razão diversa. Já morri de amor. Amor que não era de filho, mas que também era maior que eu. Perdi-me de mim e tive que me reencontrar. Como não era possível, precisei me reinventar. Leva tempo... mas é possível, porque o ser humano tem uma incrível capacidade de superação. Acho que porque carrega em si uma fagulha do fogo divino da criação.

Grávida, sinto em cada instante o milagre da vida e do amor que cresce dentro de mim. Anseio pelo dia em que verei seu rostinho, aconchegarei seu corpinho em meu colo, assistirei a seu crescimento e essa ideia abstrata de amor se materializará na forma de cuidado e convivência.

Por experiência prévia sei que sentirei esse amor visceral e inexplicável crescer a cada dia, mesmo quando parecer não ser mais possível, mesmo quando parecer já ter enchido o coração.

Filho faz crescer o coração da gente. E é capaz de levá-lo junto de si quando parte sem pedir licença.

terça-feira, julho 27, 2010

Vida de consumidor



O mundo urbano não seria mesmo como o conhecemos hoje se não existissem os telefones celulares. Eles estão tão incorporados ao nosso cotidiano, que mal posso lembrar da vida anterior sem eles. A.C. para mim pode naturalmente também significar ‘antes do celular’, assim como “A.I.” é antes da Internet.

Se, por acaso, descubro que saí de casa sem o meu, sinto-me desnuda e já tensa imaginando que invariavelmente um pneu vai furar, a gasolina vai acabar ou passarei mal em algum lugar a ermo e não terei como me comunicar com ninguém. Talvez tenha que andar quilômetros no escuro, correndo o risco de ser assaltada ou violentada. Santa paranóia!

Recentemente, migramos para outra operadora. Aproveitamos um pacote promocional interessante e usufruímos do nosso direito à portabilidade. Muito legal isso! Mas como dizem, alegria de pobre dura pouco. 15 dias depois somos surpreendidos com nossos telefones bloqueados. O marido 100% conectado mal pode acreditar quando a atendente diz que isso foi feito porque havia pendência em nossa documentação.

Pergunta óbvia: por que não nos avisaram antes de cortar o telefone? Não há resposta óbvia. Indignação: como pode haver pendência, se entregamos tudo o que foi pedido no ato de efetivação da operação? Próxima questão: o que é que está pendente?
- Senhor, o senhor pode confirmar alguns dados, para que possamos estar conferindo?
- Sim, claro.
- Nome, CPF, endereço, idade.....
- Senhor, há divergência nos seus dados.
- Em quais dados?
- Não podemos informar, senhor.
????!!!
- Então, o que podemos fazer para resolver isso?
- O senhor pode estar comparecendo em uma de nossas lojas, entregando a cópia da documentação (que já foi entregue, repita-se!!), conforme está previsto na cláusula 9 do contrato (que não recebemos!!) e a TIM terá até 5 dias úteis para retomar o serviço.

É isso e ponto. Não adianta reclamar. Não adianta argumentar que é um absurdo. Não adianta apelar para o problema que é ficar sem celular quando se está no meio de um monte de contatos com clientes e fornecedores. Isso não é problema deles.

Você até pode abrir chamado na Anatel, solicitar o cancelamento da linha, mas nada fará seu telefone funcionar no prazo que você necessita, apesar de ter cumprido todas as exigências contratuais e a falha provavelmente ser devida a algum erro interno na operadora.

E viva a qualidade nos processos de trabalho e a excelência no atendimento ao cliente!!

Montando enxoval

Já me cobraram a ausência do blog. Realmente, andei bem mais afastada do que gostaria. Mas a vida de grávida tem me deixado mais cansada que o normal e nos meus horários habituais de escrita agora usualmente me encontro estatelada no sofá, assistindo a algum programa que não me exija esforço mental, ou já no oitavo sono mesmo.

Nos últimos dias, andei de folga do trabalho e aproveitei para montar o enxoval da nova filhotinha. A luz amarela piscou quando lemos o informe virtual da Revista Crescer de acontecimentos semanais da gravidez e ela sugeria na 27ª semana que já estivesse pronta a bolsa da maternidade. Bem, eu estava quase na 28ª e não tinha bolsa e muito menos o que guardar. No dia seguinte, estou na academia (voltei!!) e conversando com uma moça, ela me conta que sua filhinha nasceu prematura, na 32ª semana, e a sorte é que ela já estava com tudo pronto. Bem aventurados os prevenidos!!

No dia seguinte, fui às compras!! Não que isso exigisse algum esforço descomunal, mas acho que eu queria fazer bem devagar, para aproveitar cada instante e me deleitar com cada roupinha. Mas diante das circunstâncias e para não desperdiçar o afastamento do trabalho, fiz um delicioso esforço concentrado.

Agora já está quase tudo providenciado. Móveis do quarto encomendados, carrinho de bebê disponível – onde ele dormirá nos seus primeiros dias. E quanto às roupinhas, só falta lavar. Lembrei-me do meu sobrinho que antecipou em duas semanas o nascimento e não havia uma roupinha lavada para vestir o bichinho. Então, enquanto minha irmã cuidava do rebento envolto em panos hospitalares, minha mãe tratava de providenciar às pressas as primeiras mudas pro peladão. Espero não repetir a história!

Além de paquerar, escolher e comprar as minúsculas peças de vestuário, é divertido chegar em casa e olhar tudo de novo, separar os tamanhos, imaginar como ficarão no serzinho desconhecido e, eventualmente, compartilhar com os outros. O maridão curte, mas definitivamente numa escala infinitamente menor de entusiasmo. A irmã mais velha, idem, o que é uma pena, para uma mãe doida para dividir esse contentamento.

Na última aquisição, cheguei em casa com umas meiinhas. Como podem ser tão minúsculas! Encantada com aquela pequeneza, decidi comparar com um espécime paterno. Abaixo as amostras:



Querendo compartilhar o divertimento, pego um pé de cada um e vou mostrar para o pai, que acha legal e dá um sorriso, e com a irmã super antenada, que estava em outro quarto entretida com algum jogo eletrônico:

- Olha, filha! Exclamo, segurando um pé com cada mão e exibindo fascinada, enquanto espero um comentário de espanto e riso. Mas o que veio foi só espanto:

- Nossa!! O que aconteceu?? Foi na máquina??

Santa imaginação! Felizmente minha lavadora não é desse modelo!

Agora, enquanto tento curar-me de uma bronquite que me deixou abatida, bem no meio das férias, vou tentando voltar à lida consumidora e, seguindo o check-list e o inventário particular, fazer as últimas e necessárias aquisições, tais como balde, banheira e lençóis.

quinta-feira, junho 10, 2010

Sobre placas, pichadores e reclamações

Conversa no carro, na volta para casa, ao passar por uma placa de trânsito inteiramente pichada:

Filhotinha: - Odeio pichadores!
Eu: - É, especialmente quando estragam placas e prejudicam as pessoas!
Filhotinha: - Os pichadores podem ser presos?
Eu: - Podem. Se a polícia pegá-los bem na hora...
Filhotinha: - Ah bom, senão eu ia reclamar com a República.

:-)

Resolvo insistir: - E o que é a República?
Ela não se dá por rogada: - A República eu não sei, mas sei quem é o presidente dela. Eu ia reclamar com o Lula!

Bem, quem sabe se ela der sorte de encontrá-lo por aqui entre uma de suas viagens ao Oriente Médio e a inauguração de alguma obra inacabada...

segunda-feira, maio 17, 2010

Tarde de janeiro

Na cidade de asfalto e grama e gente que anda rápido é uma tarde qualquer de um janeiro cinza e chuvoso. Saio do consultório médico, onde esperei meia hora para conseguir um papel e uma assinatura, deixando para trás uma atendente falastrona, com seus modos inapropriados e sua incompetência indiscreta. Uma mulher saía com face pálida, dois frascos com material para análise e um marido abatido.

Paro numa lanchonete. Um rapaz e uma moça pedem duas cervejas e uma dose de cachaça. São 4 da tarde. Antes de recriminá-los em silêncio, aproveito para repor minha dose diária de cafeína - 'Um café e uma coca, por favor."

O trânsito segue seu ritmo. Dirijo distraída mascando um chiclete de hortelã e remoendo minhas angústias e incertezas. Uma mulher atravessa a rua com um jovem aleijado em seu passo esquisito. À frente, um rapaz segue com uma coroa de flores em direção ao cemitério. Tenho uma sensação egoísta de felicidade por não serem para mim. Lembro que em casa há um cesto de roupas para serem passadas. Esqueço do resto.

Brasília, 22/01/08.

segunda-feira, maio 10, 2010

Escolhendo o nome

Passada a fase inicial da gravidez, os receios de um aborto espontâneo, os enjoos, a confirmação de um bebê com todos os órgãos saudáveis, começamos a dedicar o pensamento a coisas mais amenas e divertidas, como a escolha do nome.

Embora todas tenhamos em nossa infância a certeza de quantos filhos teremos, os respectivos gêneros, a diferença de idade entre cada um e como se chamarão, após crescermos, iniciarmos nossa vida profissional e encontrarmos um pai para nossos filhos, a coisa muda um pouco de figura e precisamos negociar várias coisas, inclusive a graça do rebento. Quando não se trata do primeiro, então, os parceiros de negociação aumentam e o processo é bem mais lento e complexo do que parecia até então.

Além de tentar encontrar um nome que atenda a todos os requisitos e gostos de todos os envolvidos na história, que tenha um significado aprazível, que soe bem com os sobrenomes, que combine com o(s) nome(s) do(s) irmão(s), que seja diferente pelo menos dos primos mais próximos, podemos considerar ainda outras variáveis para impactar em nossa escolha, como o recém descoberto 'status social e financeiro' do nome.

Dia desses uma colega de trabalho contava o diálogo que teve com sua empregada:

Empregada: Engraçado, né, a senhora é rica e colocou nome de pobre nos seus filhos (Pedro e Miguel) e eu, que sou pobre, tenho dois filhos com nome de rico.

Patroa (encantada com a sutileza e a lógica da moça): É mesmo?! E quais os nomes deles?

Empregada (serena e convicta de sua análise sociológica da matéria, após um breve suspiro e uma pausa dramática): Denis Douglas e Jeferson Walace. (Ou seria Dennis Douglas e Jefferson Wallace?)

(...)

Isso me fez repensar minhas possibilidades. Nada de Clara, Anita ou Paula. Resolvi acrescentar à minha lista nomes mais 'chiques'. Talvez Stefanie Louise, Suelen Katie ou Marylin Katheleen.

Ou seria melhor Marylin Louise, Suelen Kathellen ou Stefanie Katie? Ou ainda Stefanie Suelen, Katie Marylin ou Louise Katheleen?

Oh dúvida, oh céus!!

sábado, abril 17, 2010

Viajando com crianças - Natal e Manaus

Continuo expressando minha paixão pelas cidades, pela vida urbana. Acredito, contudo, que para mantê-la saudável é necessário vez em quando escapar de sua rotina. Esse é um princípio que tentamos sempre exercitar. Nas férias do fim do ano passado escolhemos dois destinos diferentes e deliciosos para ir com duas crianças, de 6 e 9 anos – Natal e Manaus.

Queríamos praia e queríamos contato com natureza. As crianças queriam brincar e encontrar bichos. Conseguimos isso nos dois lugares e pudemos, além de espairecer e nos divertir, curtir seus sorrisos e olhos brilhantes. As brigas eram cotidianas e fizeram parte da paisagem. Algumas viraram conversas, outras risos, algumas aprendizagem ou remédio contra a monotonia. Não é de perfeição que somos feitos ou de que vivemos, tolice pensar que nas férias é diferente.

Em Natal, nos hospedamos na praia da Ponta Negra e fizemos alguns dos passeios básicos para quem vai à cidade, que, aliás, está bem diferente do que havíamos visto há quase dez anos. Altos edifícios contrastam com o relevo plano e cortam a passagem livre dos ventos. Vêm atender à necessidade do ‘progresso’ da capital potiguar e acomodar a classe média emergente que quer morar com vista pro mar (não posso julgar, eu também quereria! Mas que se deveria ter melhor senso e proteger a natureza, a costa e o acesso livre e democrático ao mar e à sua vista e, claro, se preservar o adequado e necessário trânsito dos ventos, isso deveria).



1. Visita ao forte dos Reis Magos, sob um calor escaldante, às 8 da manhã. Bom para aproveitar a vista da nova ponte, que uniu os municípios antes separados pelo rio Potangi

Ponte Newton Navarro

Interior do Forte 3 Reis Magos:


2. Visita ao maior cajueiro do mundo, que hoje ocupa uma área de 20000 m² e continua impavidamente a crescer, gerando um impasse – deixá-lo, ou não, seguir sua natureza gigantesca.



3. Praia de Pirangi – meio sem graça, mas para quem está a mil e poucos quilômetros de qualquer mar é uma maravilha. Ademais, a calmaria e as águas mornas de seu mar são ótimas para crianças.



4. Banho de rio em Punaú, passeio de quadriciclo pelas areias de praias maravilhosas até Maracajaú, e mergulho para quem é de mergulho. Eu, que já fiz o primeiro, único e último da vida, em Noronha, com direito a encontro com barracuda e inesquecível dor nos ouvidos, aguardei tranquilamente na plataforma, aonde chegamos após divertido trecho de 7 km em uma lancha rápida.

Vista Ponta Punaú:

Vista da Praia de Punaú:




Parrachos de Maracajaú - maravilhosos!!


Filhotinha mergulhadora


Maridão mergulhador:


5. Roteiro esquibunda-aerobunda-emoções-de-buggy em Genipabu. Imperdível!! As paisagens são realmente belas, valia mesmo a pena ver e fazer tudo de novo! Filhotinha em sua primeira derrapada no skibunda:

E seu primeiro mergulho:

Sobrinho também quis se aventurar pelas montanhas de areia:

Filhotinha corajosa em aerobunda de Pirangui:


Vista da lagoa


6. Fotos divertidas nas dunas e lagos de Genipabu. Não podemos negar que a malandragem e o jeitinho brasileiro parecem não ter fim e têm lá a sua graça. Não é qualquer um que inventa tanta forma inusitada de garantir seu sustento. Fotógrafo de duna!? :-) Lá vão eles com seus apetrechos, convencendo os turistas a deixarem-se fotografar, em troca de uns alguns recheados trocados.


7. Filhotinha e seus animais. Tudo ela achava lindo e fofo, tinha que contemplar e se possível pegar e adular. E a gente dava o maior apoio, registrando tudo e aguardando o tempo para chamegos, que ela nunca considerava suficiente. Depois, já no Amazonas, viemos a descobrir que não é uma conduta correta apoiar as pessoas que usam os animais para demonstração. Tarde demais, já tínhamos dado nossa contribuição ao turismo anti-ecológico.


8. Almoço no Camarões Potiguar e no Mangai. Porque camarão nunca é demais, especialmente quando se está em Natal. No Camarões há pratos especiais para crianças (com preço de adulto) e no Mangai, há de tudo para comer e parquinho para brincar, embora tenhamos que admitir em todos os aspectos o de Brasília é muito melhor.



9. Banho de mar em Ponta Negra. A praia não é das mais calmas, há ondas e vento para a prática de surf e kite surf. Não para nós, claro, que preferimos uns poucos e despretensiosos mergulhos e muito descanso ao sol, em busca de alterar a cor branco- escritório habitual, cultivada com ardor ao longo do ano. Maridão e filhotinha também não dispensavam uma oportunidade de espetinho de queijo coalho. Também houve tempo para desenhos na areia e contemplação de animais.



10. Caminhada na Ponta Negra. É uma diversão à parte. Encontra-se de tudo, em termos de gente e de artigos para compra – cangas, óculos, CDs piratas (foram minhas carrocinhas prediletas, confirmem o vídeo. Os ritmos eram os mais variados – sertanejo, funk, MPB, pop rock, reggae...).





Na parte de comidas, croquete, tapioca, salgados, crepes, queijo coalho, cachorro quente, sanduíches, espetinhos diversos (heart, meat, fish, shrink...) E o slogan do 'Camarão do Chef' - “é fresquinho porque vende mais, ou vende mais porque é fresquinho?” Remete a algo ou algum produto?



Manaus

Após findo o roteiro, passado o natal, com direito a Papai Noel vindo dos céus de parapente, uma parada em Brasília, para lavar a roupa suja (literalmente) e refazer as malas. Optamos, primeiramente, por um hotel básico e recém-inaugurado, no Centro da cidade, próximo ao teatro Amazonas. Assim, pagávamos menos e guardaríamos para os passeios que desejássemos. Acomodamos os filhotes numa cama só, porque só havia quarto triplo e lá fomos nós. Felizmente, a cama Box era bem espaçosa e eles dormiram tranqüilos e sem reclamar, achando até divertido brincar de bicho de monte.

1. Teatro Amazonas. É realmente lindo e a visita, imperdível. Com a iluminação de natal, fica ainda mais belo quando visto à noite. Lá dentro, nos sentimos importantes, sentados nas imponentes cadeiras dos camarotes. As crianças adoraram passear de pantufas pelo salão de festas. A filhotinha perguntou ao guia se os convidados também usavam pantufas para proteger o piso, na época que lá havia festas. Coisa fofa! Nos impressionou a pintura da mulher que nos segue com o olhar e o corpo.



Próximo dele, a Igreja de São Sebastião e o monumento em homenagem à abertura dos portos.



A praça é deliciosa, cheia de barzinhos e restaurantes aconchegantes e charmosos.



Árvore de natal


2. Encontro das águas. Este foi o único dia que pegamos chuva. Literalmente. Chegamos encharcados ao barco e, com o vento, passamos frio. Passar frio em Manaus, por essa não esperávamos! É lindo ver as lindas águas escuras do rio Negro lado-a-lado com as águas barrentas do Solimões. Lá vão elas quilômetros a fio fazendo charme uma com a outra, num namoro sensual até, enfim, deixarem seus brios e orgulhos bobos e unirem-se totalmente e formando o poderoso, imponente Amazonas.





Durante o passeio, pudemos admirar a construção da ponte sobre o rio Negro. Como tudo lá tem proporções gigantescas, não seria diferente com a nova construção. Vejam como os humanos ficam ínfimos em relação a parte de seus pilares, elevados de modo a suportar as alterações absurdas do nível do rio.





Palafitas à beira do Rio Negro


Com um trânsito tão intenso de veículos aquáticos, não poderiam faltar opções para abastecimento



Pausa para curtir o artesanato




3. Gente do rio. Andando de canoa pelos igarapés, vemos aquela gente simples que mora e vive do rio e nos mostra como precisamos de pouco para viver e nos faz pensar até que ponto a nossa sofisticação nos torna melhores ou mais felizes.








4. Samaúma. O encontro com a maior espécie de árvore da Amazônia nos faz lembrar a nossa insignificância neste mundo. Dá vontade de prestar reverência a tamanha majestade. Dá vontade de chegar perto dela, abraçá-la e respirar sua sabedoria. É difícil compreender como alguém pode destruir um ser vivo estupendo e maravilhoso como aquele.



5. O rio. É fantástico também notar a marca da água nos troncos das árvores. Como um rio daquelas dimensões pode subir e baixar tanto? Parece que lá tudo é vivo. O ar, o chão, o rio. No meio de toda aquela exuberância verde é possível darmos conta da força da natureza e nos sentirmos mais integrados a essa coisa toda - e se fôssemos um pouco mais aventureiros, vivenciarmos mais plenamente esse nosso lado bicho, em contatos mais íntimos com a selva. Mas isso fica para a próxima.

6. Os peixes. Camarão está para Natal, assim como peixe está para Manaus. Nos fartamos de tambaqui, tucunaré e pirarucu. Que delícia! Confesso que tenho pena dos bichinhos, até gostaria de ser vegetariana, por questões ideológicas. Mas confesso também que amo carne e esses peixes são divinos. O pirarucu, que é um ser vivo extraordinário e lindo, tem, para seu martírio, um sabor estupendo. Foi o peixe mais gostoso que já experimentei na vida. Pudemos saboreá-lo em diversas ocasiões - em restaurante flutuante de igarapé, em restaurante simples do centro da cidade, junto com refrigerante em copo de boteco e em restaurante fino de hotel – e em todas, a experiência gastronômica foi maravilhosa. Aliás, os cozinheiros de Manaus estão de parabéns.

7. O Hotel Tropical. Depois de nossa estada econômica no centro da cidade, cedemos aos impulsos e à beleza e às possibilidades de lazer do Hotel Tropical. Há dois. O Business, com maravilhosas suítes para curtir a dois a vista para o rio Negro. Não era a melhor opção para um casal com duas crianças, já que só há quartos duplos e sem comunicação. Seu maior charme é a piscina com borda infinita que parece nos colocar dentro do rio.



O Hotel Tropical. tradicional é imenso e ideal para curtir com as crianças. A piscina é ampla e possui um minizoológico incrível, onde há até onça. Tudo bem que a piscina de ondas estava quebrada, não vimos um monitor da prometida recreação e clubinho ambiental, a ponte suspensa que dava para um passeio na mata estava interditada, bem como vários outros espaços de lazer do hotel, o que foi lamentável, sobretudo quando se pensa nas tarifas astronômicas do período de réveillon.

Vista da área externa posterior

Passeando no hotel

No parquinho


Filhotinha com a macaquinha Nina, do filme Tainá


8. Natureza. Passeamos pelo Bosque do IMPA, pelo zoológico de não sei quem, pelo zoo do hotel, pelo Museu de Ciências Naturais e vimos muitos bichos e espécimes vegetais muito legais. Alguns vivos, outros não, alguns livres, outros não. Pudemos captar alguns olhares muito impressionantes também.

Passeio no bosque


Filhotinha e as tartarugas



Hora do rango
Arara vermelha comendo laranja

Cotia

Macaquinhos

Filhote de peixe boi


Hora do passeio
Cotia

Poraquê

Cágado

Ariranha equilibrista

Macaco

Tartaruguinhas

Arara azul


Hora do descanso
Sucuri

Espécie de passarinho

Borboleta

Pantera negra


Olhares de bicho
Jacaré


Ariranha

Macaco aranha

Gavião real

Jaguatirica (essa foi minha foto preferida)


Bichos estranhos








Grandes vegetais
Tamanho da folha (maridão tem 1,93m)

Diâmetro do tronco de assacu: 2,07m


Os dias foram poucos e curtos para conhecer Manaus e um pouco da floresta. Esperamos voltar em outra ocasião e poder fazer outros passeios mais radicais à selva, ver a focagem noturna de jacaré e pairar sobre a mata voando num hidroavião. Amazônia, espere por nós!!