quinta-feira, abril 24, 2008

(Outras) Conjecturas sobre o caso Isabella Nardoni

Já estou cansada de ouvir e de falar desse caso. Não sou a única. As pessoas estão estafadas dessa história. Não se agüenta mais repetir a seqüencia horrenda de fatos e ouvir os depoimentos descarados da família Nardoni e de Ana Carolina Jatobá. O pior é que não se consegue não falar disso. Como se fosse algo mais forte do que nós. Criou-se um círculo vicioso entre comportamento da mídia e das pessoas. Um circo vicioso. Não sei quem começou, embora aposte minhas fichas na imprensa. Quanto a mim, espero não tocar mais nesse assunto.

Cada vez fica mais óbvia e ululante a culpa deles. Se tivessem um pingo de nobreza confessavam e nos poupavam dessa ladainha, mas além de assassinos são mentirosos deslavados. E não me venham falar de julgamento precipitado, pois com as provas técnicas que já foram divulgadas, qualquer criatura de bom senso já foi convencida (e olha que não era algo que se gostaria de crer). Só tem dúvidas quanto às evidências das provas os próprios, a família, os advogados de defesa, os sempre contrários à polícia e aqueles que têm interesse em polemizar. Ainda não identifiquei outros grupos.

O que me espanta não é a mentira deles, pois de quem fez o que fez (ressaltando não tratar-se de ação isolada - que fez o que era acostumado a fazer, só que em um grau mais avançado), não se espera comportamento muito diferente. Mas o que me assusta, o que me deixa ainda mais indignada é a cooperação mentirosa (e criminosa) da família. Me parece que sempre há a expectativa de que os pais tenham uma atitude de correção diante do comportamento inadequado dos filhos, que venham contribuir para sua educação e formação. Assim como foi com os pais de um dos culpados pela morte do menino João Hélio. Foram eles que denunciaram à polícia o paradeiro dos suspeitos - se meu filho errou, ele deve responder por seus atos. Imagino que não deva ter sido fácil para eles. Mas fizeram o que era correto. O que tinha que ser feito.

Não é o que a gente vê nessa família Nardoni. Em vez de esse pai, essa irmã dizerem: olha, a gente te ama, mas você tem que aprender a assumir as conseqüências dos seus atos e não seremos coniventes com essa farsa, com esse crime, com esse imbróglio. Não seremos mais condecendentes com os seus erros. NÃO!! Participam e pioram a situação!! E passam a mensagem completamente inadequada de que devemos fazer TUDO por nossa família. Até mentir. Até forjar. Até ser conivente.

Aí, na verdade, a gente começa a compreender os possíveis porquês de isso ter acontecido. O tipo de educação que esses jovens receberam em suas próprias casas. O tipo de relação que foram acostumados a estabelecer.

Não entendo porque esse sentimento de empatia não foi destinado à menina, que era a única vítima dessa história. Quer dizer, a única não, pois ainda há as outras duas crianças, que participaram de tudo, sabe-se lá como, e de, provavelmente, muitas outras situações de risco. Esse é outro ponto. Com quem ficarão essas crianças no futuro?? Com essa família???

Hoje ouvi uma coisa que me deixou boquiaberta no jornal 'Hoje em dia', da Record. Comentava-se a respeito da possibilidade de o irmãozinho ser ouvido no caso. (A essa altura do campeonato não entendo nem por quê nem para quê estão cogitando isso!) A jornalista me sai com a seguinte pérola, algo assim: "Fico imaginando se acaso esse menino venha a falar algo e depois no futuro descubra que foi o responsável pela prisão dos pais, como vai ficar em relação a isso?" Ao que foi logo apoiada pelo outro âncora, cujos nomes não recordo.

Aloô!! Como assim???!!!! Que inversão é essa??? Se os pais forem presos, os únicos responsáveis terão sido eles mesmos. Estarão simplesmente pagando (em moeda muito inferior) pelo que fizeram. A pergunta a ser feita é: como essa criança ficará tendo presenciado tudo o que presenciou??? Tendo passado por tudo o que passou?? Como essa criança tem vivido e viverá, tendo sido criada num ambiente familiar que tolera a mentira e a violência em todas as suas formas???

Gente, não entendo como um jornalista, alguém que pode contribuir para formação de opiniões pode, no ar, em pleno meio-dia e meia, falar uma bobagem dessa dimensão!! A impressão que às vezes me dá é que eles têm que falar qualquer coisa que possa render matéria e pontos no ibope. Então como o assunto está esgotando, vamos inventar outr desdobramento e nos enveredar por essa linha, mesmo que não seja a mais adequada. Isso não importa. O que importa é continuarmos com o programa, é ganharmos pontos, é criarmos bastante sensação.

Sei lá, tudo isso é muito esquisito!! Tudo isso me deixa muito cansada. Espero que acabe logo. Espero que se resolva logo. Que os responsáveis sejam devidamente penalizados. Que seja feita justiça. Que essa menina descanse em paz.

Um comentário:

Flavinha disse...

Ju, sinceramente, eu também não aguento mais este assunto em todos os noticiários, em toda a esquina!
Espero que um dia a imprensa consiga dar boas notícias com tanta ênfase quanto dão a estes casos tão tristes, que nos deprimem...
Beijos e boa semana.