(Registre-se aqui que escrevo ao som da melodia da Pipoca Abençoada)
Já disse aqui várias vezes como adoro viver nesses tempos modernos. Não há caos urbano, poluição ambiental ou George Bush que me faça ter vontade de ter vivido em outra era em que nao existisse espremedor de frutas, microondas, chuveiro com agua quente, carne congelada, direitos humanos, estado democrático, rede de esgoto, absorvente descartável, antibiótico, anestesia ou outras maravilhas contemporâneas (sem citar todas as tecnologias de comunicação fantásticas e cada vez mais imprescindiveis!!).
Uma dessas maravilhas contemporâneas é o direito e a possibilidade de as famílias e, sobretudo, as mulheres escolherem quantos filhos querem ter. Métodos anticoncepcionais, planejamento familiar, filho único eram expressões sem significado há algum tempo. As mulheres eram escravas de seu destino. Seu corpo não lhes pertencia. Quantas passavam parte da vida gestando e outra amamentando? Casos de mulheres que chegavam a ter 19, 20 filhos. Muitos morriam ainda cedo. Nem sei como vivenciavam seu luto ou se sua vida difícil as impediam de certo modo de desenvolver vínculos profundos e amar tal como hoje podemos amar nossos filhos.
Hoje podemos evitar gravidezes. Podemos ter parto normal ou cesáreo, domiciliar ou hospitalar, intervencionista ou humanizado, com plano previo, ou não, médico particular, conveniado ou público... Podemos ter aos 15, aos 30 ou até aos 40. São tantas as possibilidades de escolha que nos pegamos (ou pelo menos eu me pego) em duvidas fundamentais. Quero ter outro filho? Cabe outro filho nessa minha vida louca? A empregada vai dar conta de outra criança? Terei que contratar outra? Conseguirei conciliar trabalho e maternidade? É o momento ideal? Quero um filho ou irmão para minha filha? Quero um filho ou penso que quero porque é socialmente normal? Quero um filho ou penso que quero porque meu tempo está passando e depois posso me arrepender? Meu desejo é legitimo ou socialmente construído?
Onde ou como encontrar as respostas??
Às vezes não ter escolha é particularmente cômodo.
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