domingo, junho 29, 2008

Pensamentos de uma noite insone



Às vezes olho para mim e não me reconheço.
Não sei quantas vezes já disse isso.
Tenho dúvidas sobre meus quereres e meus motivos de alegria.
Ou minhas causas de tristeza, ou tédio. Ia dizer desespero, mas seria uma palavra equivocada. Não me desespero.
A falta de desespero talvez seja a prova inconteste do marasmo.
Que talvez se confunda com a desesperança,
com a ausência, com o despropósito, o vazio, o nada.
Tenho medo do nada!
Houve um tempo em que já quis tudo. Já desejei tudo. Já pude tudo.
Mas esse tempo passou.
Estou além e virei a esquina.
Sinto um vento a balançar meus cabelos e um frio na espinha.
Uma neblina úmida e a vista turva.
A cabeça dói e o peito aperta.
Quero chorar mas não consigo.
Queria um remédio para dormir.
Uma pílula que aliviasse tudo que houvesse de ruim, que me levasse para longe e me pousasse nas nuvens.
Queria uma música para entoar a minha vida e acalmar o meu espírito.
Um som que fosse profundo e verdadeiro. (mesmo que descontínuo ou desritmado)
Hoje não quero ritmo.
Hoje quero paixão...



Imagens:
1) Espelho Falso, René Magritte, 1928
2) Le tombeau des lutteurs, René Magritte, 1960

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